ao cair do pano, fotografia de Jaime
Latino Ferreira
I
DA SIMETRIA DAS
SIMETRIAS
o aparente silêncio, estática ou repouso do som que se
projeta, simétrico, da imagem refletida no espelho está para a aparente
imobilidade ou repouso, estática da imagem da escrita, ela também reflexo e,
logo, simetria, assim como o movimento de uma, aquele da imagem refletida no
espelho, está para o movimento do som, aquele dos conteúdos da escrita que, em
si mesma, encerra, abre e dela, sobremaneira, se projetam
II
POSSÍVEL DEFINIÇÃO DE
ESCRITA
som imagético ou imagem sonora, neles fazendo-se coincidir
as velocidades do som com a da luz e porque sendo mais do que aquilo que se vê
ou ouve, lê, donde, pelas simetrias acrescidas resultantes da sintaxe e da
semântica que nela se desencadeiam já que, por sua via, a luz é ultrapassada
pelo som e sublinhando o pormenor acrescido e nada despiciendo de nela não
existir uma superfície espelhada estanque e intransponível a separá-la da
realidade, ela é, tout court, realidade como a não simetria fonética do registo
o confere, a escrita constitui um processo ímpar de comunicação desde logo
porque, simultânea e mais precisamente, é já um ensaio por via do qual entre
ambas as velocidades, a da luz como a do som e reflexivamente, invertendo-as,
ao seu ponto relativo de torção/inflexão se racionaliza ou dele se fornecem
pistas, ei-las, quiçá e que uma vez cientificamente determinado, à nossa escala
e dimensão, ao espaço/tempo o venha a permitir desblindar ou descodificar e
abrir
III
DA MÚSICA
linguagem universal ou som luminescente, exercício
aplicado da relatividade e função trigonométrica do Diálogo, o outro, tu e eu
ou dos três lados do triângulo de que se compõe, é na música que a globalização
encontra a sua primordial, central e incontornável matriz comum
tanto pela música como pelo texto, é pela velocidade do som, já e logo aqui
ao nosso alcance, que se ultrapassa aquela da luz
Jaime Latino Ferreira
Estoril, 26 de Junho de 2014