quarta-feira, 29 de abril de 2015

HAVIA DE SER BONITO

por meu punho







Havia de ser bonito que fosse bom
aquilo que eu escrevi porque gostaste
ou porque apenas fosse de bom tom
na recíproca gostares se detestaste

Havia de ser bonito que tu sem ler
gostasses do que não lendo carimbaste
afirmativamente só por saber
que em troca te iria ler logo a correr

Havia de ser bonito que muitos gostos
apostos neste meu escrito feitos pós-escrito
quisessem mesmo dizer quão bem eu escrevo

Havia de ser bonito que se votasse
a qualidade intrínseca que desprezaste
porque ela não se sujeita a um tal contraste





estrategicamente e para que conste, de como se atalham os fundamentalismos quer na Igreja Católica quer na Teoria Económica, isto é, de um extremo ao outro das dimensões de abordagem, sem o que o combate contra os mesmos não será proficiente









Jaime Latino Ferreira
Estoril, 29 de Abril de 2015



5 comentários:

Jaime Latino Ferreira disse...

PARADOXO


constituindo ferramentas indispensáveis na afirmação da cidadania, estas plataformas, contudo e num primeiro tempo, fazem prevalecer a cultura do imediato, do instantâneo, do que passa e não fica, isto é e por paradoxal definição, a ausência de Cultura


p.s. - porque não há outro nome que lhes possa assentar chamar-lhes-ei assim, o que se passa com os diletantes do terror que destroem museus e vestígios de cidades milenares corresponde, precisamente, a essa ausência de cultura de quem nasceu sob o signo do imediato que estas plataformas induzem e essa constitui uma das suas maiores fraquezas porque quem não cultiva o passado também não tem futuro


JLF

manuela baptista disse...

havia e é, de ser bonito, o soneto irónico e a verdade, pelo menos aqui no blogue

é que apenas comentamos, os que de nós, gostamos

ki.ti disse...

como sabes, eu não sei ler

sou um não-leitor, escrevo apenas


e quando gosto, dou uma turra

Anónimo disse...

Eu acho que consegui finalmente comentar! Milagre de maio!
Havia de ser bonito se eu não gostasse...mas gosto da ironia que se depreende neste soneto.
Bem, e agora que conseguir comentar parece que nunca mais me calo! Mas acabo com um beijo à liberdade de poder dizer o que penso.
Filomena

Anónimo disse...

Consegui!