fotografia de Manuela Baptista, Rosa
CHISTE
Quem ora soubesse
onde o amor nasce,
que o semeasse!
D’Amor e seus danos
me fiz lavrador:
semeava amor
e colhia enganos.
Não vi, em meus anos,
homem que apanhasse
o que semeasse.
Vi terra florida
de lindos abrolhos:
lindos para os olhos,
duros para a vida;
mas a rês perdida
que tal erva pasce
em forte hora nasce.
Com quanto perdi
trabalhava em vão:
se semeei grão,
grande dor colhi.
( Luís de Camões, Vilancete “ Chiste “, Líricas, Livraria Sá da Costa, Lisboa, 1979 )
RÉPLICA
Aquilo que sei
do amor nasce
e aqui semeei
Do Amor e seus ganhos
sou agricultor
semeio o amor
semeio o amor
por estes atalhos
e ao longo dos anos
o que apanhei
foi o que encontrei
Terra florida
espinhosa a teus olhos
são rosas meus folhos
colheita dorida
sem perder da vida
naquele que a apanha
a força da sanha
Mas se algo perdi
não trabalho em vão
semeado o grão
mais forte cresci
em memória de um tempo cujas distâncias espaço/temporais se desmoronam a olhos vistos
tema musical de fundo dos Terra a Terra, do seu quarto e último álbum Lá vai Jeremias de 1985, composto, instrumentado, harmonizado e dirigido por mim com base num Vilancete de Camões, Chiste - Quem ora Soubesse, e que contou com a colaboração instrumental de Pedro Caldeira Cabral
Jaime Latino Ferreira
Estoril, 26 de Abril de 2011
35 comentários:
ups!
um mês sem pio
e estava a ver, que nunca mais conseguia aqui entrar...erros de principiante
pois sejas bem vindo Jaime em tão boa companhia, Camões e a raiz dos terra a terra
semeado o grão mais forte cresci!
e este impulso
ficas a devê-lo a dois meninos de ouro, homónimos e tão diferentes!
um beijo
manuela
Olha, deixaram a porta aberta...
Está animado aqui, mas eu gosto muito mais da música do meu amigo paulo!
ki.ti
Mas que linda página!
Já bati à porta duas vezes e só agora consegui entrar, mas valeu a pena a insistência.
Que deslumbrante impulso!
Depois do silêncio, a alma dele...!
Vou voltar, vale a pena repetir e repetir...
Parabéns!
Bem vindo Jaime, em todo o seu explendor.
Beijinho grande e amigo.
Branca
MANUELA BAPTISTA
Raiz dos terra a Terra não o sei, mas seu remate, seguramente!
Quanto aos meninos de oiro, homónimos ...
Devo, tens razão, dois agradecimentos:
Um ao meu sobrinho Paulo que lá conseguiu descarregar o tema no Youtube e outro ao meu amigo Paulo Intemporal que me antecedeu nos Terraços de um Anjo a pôr, em fundo, este mesmo tema musical.
Aos dois o meu muito obrigado e a ti, pela paciência e todo o suporte, também!
Jaime Latino Ferreira
Estoril, 27 de Abril de 2011
KI.TI
Vai-te gatar!!!
Pronto, pronto, gatinha querida ...
Jaime Latino Ferreira
Estoril, 27 de Abril de 2011
BRANCAMAR
Querida Amiga,
Desculpe-nos pela porta fechada mas esquecemo-nos de a reabrir ao público ...!
Quanto ao mais, acredite que foi um parto difícil mas não posso deixar de Lhe agradecer também o Seu impulso!
Um grande beijinho
Jaime Latino Ferreira
Estoril, 27 de Abril de 2011
Toc!Toc!Toc!
Que bom que voltou,amigo Jaime!
E já voltou em grande estilo, parabéns!
Beijinhos aos dois,
Linda Simões
LINDA SIMÕES
Minha Querida,
Eu sei o que quer dizer mas a verdade é que estive sempre presente ...!
Quanto ao estilo, sobre esse não estou em condições de ajuizar ...
Pelo Seu impulso Lhe agradeço também, um grande beijinho
Jaime Latino Ferreira
Estoril, 27 de Abril de 2011
Depois de pedir permissão para entrar, até me ficava mal, não entrar! :)É que fquei deslumbrada com a música e no fundo com esta partilha, tão sua. Parabéns, a música é muito bonita. Obrigada por partilhá-la e em assim fazer, partilhar-se... A Réplica não envergonharia Camões :)Agora que já tenho chave, voltarei sempre que encontrar a porta destrancada :) beijinho meu
"Mas se algo perdi
não trabalho em vão
semeado o grão
mais forte cresci"
Que maravilha Jaime...
Gosto da Rosa
Gosta das Palavras
Gosto muitíssimo da música...a raiz dos terra a terra.
Grande impulso este, o Seu Querido Amigo...De Vida!!
E as saudades já eram muitas.
Vou partilhar, se me permite.
Um abraço muito Amigo e um beijinho à Manuela.
dulce ac
EVA GONÇALVES
Querida Amiga,
Muito obrigado ...!
Só Lhe peço que se sinta sempre àvontade para reclamar sempre que encontre, involuntariamente, a porta trancada ...
Beijinhos grandes
Jaime Latino Ferreira
Estoril, 27 de Abril de 2011
DULCE AC
Minha querida Amiga,
Que Lhe hei-de acrescentar ...!?
Partilhe pois o que entender!
Um grande beijinho
Jaime Latino Ferreira
Estoril, 27 de Abril de 2011
PAULO
Querido Amigo,
Ai que não há mousse que transbordando de afectos me não deixe, assim, todo babado ...!
Obrigado e um grande abraço
Jaime Latino Ferreira
Estoril, 27 de Abril de 2011
RÉPLICAS I
31 590 = + 140 visitantes!
Jaime Latino Ferreira
Estoril, 27 de Abril de 2011
AOS MEUS LEITORES
Com rigor, o título desta página deveria ser Réplicas ( ... ) e não Réplica.
Porquê?
Porque o tema musical composto com base no Vilancete de Camões, não bastara ser o Vilancete musicado, contradição nos termos é, ele mesmo e já, uma réplica ao Vilancete original.
Senão veja-se:
A partir de certa altura e à medida que decorre a composição musical, no final da exposição do Vilancete, dá-se nela uma certa desconstrução auto-biográfica e interrogativa na própria letra do Vilancete e assim, no desenvolvimento posterior à quarta estrofe sobressai a interrogação que, pelo menos em mim, ficou a pairar:
Quem viu em seus anos amor que muito durasse e que não magoasse, interroga-se essa variação?
Amor nunca vi
que muito durasse
amor nunca vi
que não magoasse
Pergunta esta, aliás, que não faz parte do poema original e que, quanto muito, é por ele sugerida!!!
Para logo, em cânone persistente, ecoante e interrogativo ficar a soar o desafio no ar:
Quem ora soubesse
que o semeasse
não vi em meus anos
que muito durasse
Quem ora soubesse
que o semeasse
não vi em meus anos
que não magoasse
Assim e vinte e seis anos volvidos, o Vilancete réplica que em primeira página escrevi, com rigor, não é apenas réplica ao original mas também à réplica por mim musicada já em 1985!
Aqui fica!
Jaime Latino Ferreira
Estoril, 28 de Abril de 2011
AOS MEUS LEITORES II
Assim vou, de imediato, corrigir o título desta página de Réplica para Réplicas ...!
Jaime Latino Ferreira
Estoril, 28 de Abril de 2011
AOS MEUS LEITORES III
" em memória de um tempo cujas distâncias espaço/temporais se desmoronam a olhos vistos "
Cito da nota de roda-pé desta página!
E, de facto, se ao tempo de Camões este se consumiria viajando pelo mundo, hoje, este, o Mundo, está à distância de um click.
Se ao tempo em que a minha composição, para que se projectasse, teria de ser editada em LP, vinil e não era qualquer um que teria a sorte ou o mérito de o conseguir, hoje, se está à distância da ferramenta que é um computador dista, tão só, de uma rede social ou de um blogue.
As ditaduras tremem e desmoronam às suas mãos, às mãos das redes sociais e as Democracias vêem os seus alicerces, quando não aprofundadas (!), somando à necessária representatividade a participação que não pode ser apenas força de retórica ou exercício eleitoral periódico, fortemente abalados ...
E a força do amor, essa tem de ser reconhecida em tempo útil já que Cristo só houve Um e para saga não reconhecida no seu tempo bastaram todos os camões ...!
E o meu refrão musical, repetitivo, fica a ecoar e a ecoar, interpelando-Vos:
Quem ora soubesse
que o semeasse
não vi em meus anos
que muito durasse
Quem ora soubesse
que o semeasse
não vi em meus anos
que não magoasse
Disse!
Jaime Latino Ferreira
Estoril, 28 de Abril de 2011
muito bem replicado!
disse!
manuela
MANUELA BAPTISTA
... e dizes bem!
Jaime Latino Ferreira
Estoril, 28 de Abril de 2011
RÉPLICAS II
31 690 = + 100 visitas nas últimas vinte e quatro horas!
Jaime Latino Ferreira
Estoril, 28 de Abril de 2011
MUSICALMENTE FALANDO
Musicalmente falando, o tema que aqui se ouve e que eu próprio compuz inspirado em " Chiste " de Luís de Camões é, no seu tempo porque este não pode ser escamoteado (!) e em si mesmo, um tema de intervenção despido das roupagens tradicionais da balada ou do déjà vu dos pretensos baladeiros de trazer por casa travestidos em nacional cançonetismo pseudo interventivo ou vice versa que muitos anos depois se julgam à altura das saudosas mas clássicas, essas sim, canções de intervenção!
Pré-anunciando, aliás e na música popular, caminhos sonoros que depois dela se seguiram e exploraram e que vão da renascença ao minimal repetitivo, da utilização de instrumentos antigos como o alaúde ou o violoncelo barroco à flauta antiga, ao clássico piano, passando pelos instrumentos populares e tradicionais como a gaita de foles, as pandeiretas ou o bombo até ao sintetizador, isto é, uma caixa de ritmos!!
E, já agora e pesem todas as suas pequenas deficiências interpretativas logo a saber as que resultam de ter sido concebido apenas para ser " montado " em estúdio e nunca ter sido tocado em palco e ao vivo, porém, impregnado, conceptualmente, com profundo sentido cénico!
Jaime Latino Ferreira
Estoril, 28 de Abril de 2011
RÉPLICAS III
31 760 = + 70 visitantes!
( em dia de casamento real ainda houve alguns que se dignaram a visitar-me )
Quem ora soubesse ...!?
Jaime Latino Ferreira
Estoril, 29 de Abril de 2011
QUEM ORA SOUBESSE
O que cresceu em Abril e em Maio?
A vontade de ir mais longe ...
De acordo mas, vontade essa movida por que dinâmica, aquela da luta de classes, de grupos de interesses, de lobbies, de quê?
Tudo isso tem o seu lugar em Democracia, em Liberdade, mas não basta, não, sob pena de tudo se emperrar, se afogar e murchar em becos sem saída ...!
Então, que mais aconteceu?
Desataram-se, estiolaram-se as amarras em que se cingia, agrilhoava o amor ...!
O amor!?
Sim, o Amor!
Senão repara:
Num casamento
princesa
príncipes à minha mesa
lauto banquete
grumete
passagem do tempo
topete
audácia de um clarinete
que anuncia foguete
o navegar sem amarras
a esperança a que te agarras
e sem horizontes nem farras
nada serás nem amparas
Amor
colete
nem parras
Jaime Latino Ferreira
Estoril, 30 de Abril de 2011
a ligação
entre Abril, Maio e o casamento das princesas
é o imenso desejo de ser feliz!
agora, quero uns sapatinhos de cinderela para cair pelas escadas...
mb
MANUELA BAPTISTA
É, é o imenso desejo de ser feliz, de amar, de ser amado, de amor ...!
Quanto aos sapatinhos de cinderela:
Tu és um deles, eu sou o outro, bem o sabemos (!) e o que falta é que não andem para aí perdidos ...
... não um do outro mas das gentes!
Jaime Latino Ferreira
Estoril, 30 de Abril de 2011
Linda a música Jaime!
Fez-me completamente sair da concha.
Pôs-me a dançar.Literalmente
Um beijo e um dia feliz para os dois
Filomena
Jaime
Meu amigo
Dos Terra a Terra, a interpretação desta, sua, excelente composição musical. Um presente singular com que nos brinda e lhe acrescenta, em réplica ao grande poeta, versos de sementeira.
" o amor é colheita/ mesmo à mão de semear" escrevi eu um dia.
E que grande é a seara, onde plantamos, inteira, a nossa entrega a tudo o que fazemos!
Quanto crescemos, quando acreditamos que nada do que fazemos, dizemos e damos, é em vão.
Que "grande" é esta página, na singularidade de quem a compôs.
Um enorme abraço
FILOMENA CLARO
Querida Amiga,
Ah, pu-La a dançar, ainda bem ...!
E se a fiz sair da concha ... ainda melhor!
Obrigado e um grande beijinho
Jaime Latino Ferreira
Estoril, 30 de Abril de 2011
MARIA JOÃO
Minha Querida Amiga,
... muito obrigado ...!
Um grande beijinho
Jaime Latino Ferreira
Estoril, 30 de Abril de 2011
RÉPLICAS IV
31 845 = + 85 visitantes nas últimas vinte e quatro horas!
Jaime Latino Ferreira
Estoril, 30 de Abril de 2011
MAIS RÉPLICAS
Não sei quanto mais
direi eu deste meu cais
onde ancoro o meu barco
destes poemas farto
Convite em que arco
com o que escrevo e não farto
de interpelar os demais
evitando vendavais
Passa o tempo colho sais
seja por onde vais
quando atravessas meu arco
Portal meu desembaraço
que sendo nó é um laço
donde se avista e não cais
Jaime Latino Ferreira
Estoril, 1 de Maio de 2011
SUSSURRO
Faço destas minhas caixas de comentários não um facebook mas assim como se a face oculta de mim onde a propósito do que vou escrevendo, cada vez mais espaçadamente, em primeira página ou de rosto a descoberto ou ainda a pretexto do que em reacção a esta dos meus comentadores se lhes oferece escrever a desenvolvo, contextualizo ou justifico num enredo multifacetado e a estender-se, em réplicas, subsequentemente.
Quais pequenos blogues do meu blogue, páginas que da primeira página se desdobram e que em si mesmas não se esgotam.
Entrelinhas que do texto a descoberto se sugerem!
Ou, pura e simplesmente, linhas de pensamento que, casuísticas, em bruto se deslaçam ...
Jaime Latino Ferreira
Estoril, 1 de Maio de 2011
RÉPLICAS V
31 945 = + 100 visitantes!
Jaime Latino Ferreira
Estoril, 1 de Maio de 2011
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