sábado, 13 de outubro de 2012

DO SISTEMA DE VASOS COMUNICANTES À PLENA CIDADANIA

( direitos x deveres )
 

 

A experiência é simples e pode ser, experimentalmente, comprovada:
Tomemos dois vasos que a meio dos seus recipientes comunicam, por um tubo, um com o outro.
Num deles, o vaso dos direitos, chamemos-lhe assim, vertamos água sempre com conta, peso e medida, moderação.
Ele encherá até à comunicação com o outro vaso sendo que aí e pelo tubo de ligação, a água deixará de encher o primeiro e verterá para o outro recipiente a que chamaremos o vaso dos deveres.
Até aqui, a água que encheu o vaso dos direitos, desde o princípio, corresponde àqueles que são os nossos direitos fundamentais e que se prendem com a nossa dignidade de cidadãos livres, isto é, com a nossa integridade como pessoas humanas, direitos esses não negociáveis e nossos desde que nascemos.
A água que, entretanto, passou a encher o vaso dos deveres, corresponde àqueles outros que pela nossa formação escolar, de vida e / ou cidadã adquirimos, a indispensável responsabilidade.
A partir do momento em que ambos os vasos estejam, igualmente, nivelados até ao tubo de interligação, a água e só a partir daí, continuando a verter pelo vaso dos direitos com moderação, enchê-los-á até ao cimo, em simultâneo, isto é, um e o outro vaso, direitos e deveres passam a crescer a par, comunicantes entre si.
A partir daí, sem o cumprimento de uns, os deveres, como exigir o cumprimento dos outros, os direitos?
Assim se adquire, progressivamente, a plena cidadania ou, pelo menos, assim ela deveria ser não apenas adquirida como devidamente reconhecida.


na atribuição paradoxal, inesperada mas oportuna do Prémio Nobel da Paz à União Europeia se exalta um povo feito de povos confundidos e em busca, inadiável, de um caminho comunicante e, por isso mesmo, solidário e comum


na exaltação da cidadania a água que não para e correr


Jaime Latino Ferreira
Estoril, 13 de Outubro de 2012
 
 
 
 

1 comentário:

manuela baptista disse...

exaltando a cidadania

no meu orgulho em ser cidadã da Europa, embora com algumas brechas

e, se lascarem ainda mais, os meus vasos comunicantes ficarão completamente entornados...

mas quero querer e crer, na paz, na solidariedade e na união