domingo, 29 de agosto de 2010

A OBSESSÃO PELO FACTUAL

Sofá Infinity, Emmanuel Laffon de Mazieres
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Retomando, de novo, qual reforçado pesponto, a hipótese enunciada mais atrás, perguntava-me um amigo meu a seu propósito, até que ponto essa enunciação por mim feita, não constituiria uma fuga em frente da minha parte, na medida em que ao formulá-la tal mais não revelaria do que a minha própria recusa em reger-me pelas regras, leis que aos demais os regeriam ...
Prontamente e na assumpção da
hipótese lhe respondi, que se fuga existe ela é de nós todos, inexoravelmente colectiva ...!
Na altura, não me ocorreu, porém, acrescentar-lhe a pergunta inversa, isto é, até que ponto é que, na assumpção da
hipótese enunciada, não será antes uma fuga, a recusa em à travessia de um Portal de Acesso ou de um Buraco Negro macrocósmico a admitir e ainda que no estrito campo, repito, das hipóteses!?
É que tudo, tudo o que se passa à nossa volta, pode, a esta luz, assumir leituras e interpretações inflectidamente distintas e cruciais na abordagem do real.
Sublinhava-me e insistia este meu Amigo, pessoa que, aliás, não é de fugir às questões e por mais difíceis ou incómodas que eventualmente o possam ser e frisando a tal fuga em que eu próprio, obstinadamente, me alhearia, se não existiria da minha parte uma recusa em admitir a realidade nas leis que a organizam e que se encontram definidas.
Estão definidas, imutavelmente definidas (!?), retorquia-lhe eu sublinhando a arrogância da visão estritamente antropomórfica e geocêntrica de o entendermos que sim como se nada mais houvesse a perguntar, a interrogar num quadro que estivesse sob nosso estrito controle para lá da metafísica e cujos dados estivessem, ad eternum, rigorosa, cientificamente estabelecidos, organizados.
A obsessão pelo factual à luz do qual tudo se explicaria ...
E se o facto, uma vez mais, aqui reportado, de per si apenas, tendo tido lugar ou transcorrendo ainda, não pudesse ser factual e directamente comprovado?
Os Buracos Negros, no Universo, não são, aliás, directamente comprováveis ...!
Directamente, sublinho!
Sobram sempre as perguntas, as hipóteses, os e se ...!
Uma coisa é a experimentação científica guiada por perguntas, hipóteses, outra bem diferente aquela que aleatória, caindo no experimentalismo se pode vir a tornar mio/estrábica!
Sem perguntas, hipóteses que o são, não há avanços no conhecimento científico e, logo também, na eficácia da nossa interacção com o real!!
E sem a pergunta fulcral, menos ainda!!!
Se, por hipótese, a pergunta fulcral não for feita o que sobrará, na experimentação indispensável, de todas as outras perguntas e da avaliação indirecta do próprio factual que resulte da omissão dessa mesma pergunta?
E se de tão grande e denso ao mesmo tempo, paradoxo que apenas aos nossos olhos e não à escala do Universo poderá fazer algum sentido, o Portal ou Buraco não se visse e o que dele se sentisse e factualizasse, nas suas malhas, apenas em ligeira e dificilmente percepcionável inflexão pudesse vir a ser, a não ser pela indirecta prospecção de factos perspectivados a esta luz, por ora, percepcionado?
Inflexão dificilmente percepcionável mas que somada ao escamoteamento daquela que reputo ser a pergunta central não deixaria de se percutir em feixe e em cadeia sendo que, na interacção com o real, na incerteza crescente e esta é, em si mesma e na sua própria constatação, a todos os níveis, um poderoso facto incontestável que vai ao encontro da minha
hipótese, a não ser tida em linha de conta em inflexão monumental, incontrolável e de consequências imprevisíveis se poderia vir a tornar!?
Ou não ...!?
Uma vez equacionada a pergunta e com ela inventariadas uma miríade de dúvidas logo sustentavelmente plausíveis à luz da Travessia, ditará a prudência, outro imprescindível critério da avaliação científica, preventivo também (!), que se refutem paternalismos pueris contrários à humildade que deve presidir à atitude científica, que não se faça como a avestruz metendo a cabeça na areia e passando a tê-la, à
hipótese, em ponderada, exequível linha de conta!
Não, não se trata de fuga, não, meu Amigo ...
Estamos todos do mesmo/outro lado!

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a um Amigo que não gosta de fugir ao diálogo no lado a lado que um sofá infinito sempre pode propiciar
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Guillaume Dufay
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Jaime Latino Ferreira
Estoril, 29 de Agosto de 2010

sábado, 28 de agosto de 2010

FLOREADO - III -

flores silvestres
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Silvestre a flor que eu aperto
de minhas mãos com acerto
no que aqui escrevo um padrão
meus sins que não dizem não
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Rola tanta opinião
tanto saber que se são
sentenças aqui por perto
denuncio de peito aberto
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Por resolver um aperto
em que se afunda sem chão
um Povo sem ter um tostão
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Seguras na minha mão
neste árido deserto
sobram-me flores com que alerto
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na denúncia de novos e ameaçadores pogroms e de toda a xenofobia que deveriam envergonhar a Europa
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Cantata
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Jaime Latino Ferreira
Estoril, 28 de Agosto de 2010

sexta-feira, 27 de agosto de 2010

FLOREADO - II -

cardo
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De um novelo um bordado
pespontos são o meu fardo
timbre que de repente
da língua sai como gente
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Do que ela escreve o que sente
o que não espera e que rente
com a força de um petardo
corre como leopardo
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Salta à vista como um cardo
e rasga ferida que a quente
deixa ver como uma lente
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O que se esconde que tente
apanhar-me atordoado
no lançamento do dardo
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Tocata e Salmo
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Jaime Latino Ferreira
Estoril, 27 de Agosto de 2010

quinta-feira, 26 de agosto de 2010

FLOREADO - I -

jasmim
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É tão pequeno o que escrevo
tonalidade de mim
o que aqui escrevo se medra
é porque não é uma pedra
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Mas pedra fosse ou marfim
estocada cor carmesim
fosse o que escrevo um trevo
frágil planta de jardim
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É uma rega sem ter fim
um esbracejar ou refrega
a minha alma que se entrega
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Impressão minha em que fervo
que vem de longe e diz sim
respiração de um jasmim
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Alvorecer
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Jaime Latino Ferreira
Estoril, 26 de Agosto de 2010

quarta-feira, 25 de agosto de 2010

COMENTÁRIO

Jaime Latino Ferreira, The If Box
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Em geral, as pessoas não gostam de ser incomodadas ...
Incomodadas por aquilo que as interpela directa e pessoalmente, já bem bastam os telejornais, dirão, quanto mais por um blogue, espaço que deveria ser de evasão retemperadora das agruras do dia a dia!
Não é esse o caso do meu mas, no entanto, dar-se-ão elas conta do imenso impacto, também ao encontro da evasão (!), evasão real que logo a travessia enunciada, qual Diáspora, o sugere, não só mas também, daquilo que na Trilogia que duas páginas atrás acabei de editar, em
Hipótese, sobre a dobragem de um Portal de Acesso, escrevo!?
Não me parece e aqui me atrevo a correr o risco, como se o não corresse desde há muito, página a página, de ficar, uma vez mais, a escrever sozinho ...
Com honrosas excepções que me abstenho, porque elas escrevem por si, de nomear!
As pessoas, na instantaneidade deste suporte, nem se darão conta do imenso impacto da
Hipótese formulada e depois, deixarei, pelo facto, de ter razão!?
Na incerteza geral, uma certeza:
A de que quem cala é porque não discorda, consente dir-se-á e, na dúvida cada vez mais sustentada que por estes meios e com estes conteúdos levanto, que se deixe, Politicamente, passar quem arca, em nome próprio e dos Seus, com o risco da própria incerteza!

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comentário corrigido e destacado da minha
The If Box correndo uma vez mais o risco de sublinhar a mesma tecla
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Um blogue dentro do blogue
caixa negra é meu toque
minha vontade é quem manda
no que escreva sarabanda
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Que o teu desejo se enfoque
não duvido e aqui se expanda
esta dança que comanda
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Sarabanda
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Jaime Latino Ferreira
Estoril, 25 de Agosto de 2010

domingo, 22 de agosto de 2010

SAKINEH ASHTIANI

se me lapidas, é a Deus que lapidas
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CARTA A SAKINEH ASHTIANI E A SUA FAMÍLIA
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Sakineh,
Mal sabem aqueles que Te condenam quanto se condenam a eles próprios!
Escrevo da podridão de homens, homens com letra bem minúscula, que julgando-se detentores e impositores da moral e dos costumes logo no que em Ti condenam se condenam a si próprios!
Ou poderias Tu ser condenada sem por mão de homens bem pequeninos poderes vir a ser tão torpemente vilipendiada e acusada do que quer que fosse!?
E os carrascos que eventualmente Te venham a infligir a pena, Deus queira que não e Deus é grande (!), o que são eles senão miseráveis cobardes e, por suas mãos, o poder em que se julgam investidos!?
Estou absolutamente Contigo e com a Tua Família, Sakineh Ashtiani!
Tanto que até me antecipo no envio desta carta ...!
Sabes, querida Ashtiani,
Aqueles que contra Ti apontam, cobardes, o dedo, não é apenas o dedo que trazem enlameado!
São as mãos e o seu próprio coração!!
E tanto mais assim é quanto, na invocação do Santo Nome, seja ele Deus ou Alá, Jeová, Buda ou Adhinatha se julgarem, impunemente, os seus algozes ...
... porque é nisso que se tornam, condenando-Te tornam-se em algozes, condenadores da própria Pessoa de Deus!!!
O meu coração sangra ...
Por outras palavras, minha querida Sakineh, o que eu, neste grito, Te quero dizer é que o que Te querem fazer é uma imperdoável ofensa a Deus!
Ashtiani, estou incondicionalmente Contigo, Contigo e com todos os Teus

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respondendo ao desafio de Bernard-Henri Lèvy para que, a partir de 2ªfeira dia 23 de Agosto, os grandes escritores e artistas enviem uma carta a Sakineh e à sua família, desafio para o qual, em primeira mão, me alertou e mobilizou Manuela Baptista no seu blogue
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Sem palavras
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Jaime Latino Ferreira
Estoril, 22 de Agosto de 2010

segunda-feira, 9 de agosto de 2010

III - UM PÍXEL DE GRÃO DE AREIA

grainha
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No conjunto do Universo não passo de um pixel de grão de areia!
Mas se este pixel se extinguisse antes de tempo que aconteceria à imagem a que dá corpo no seu conjunto?
Se de um grão de areia não passo, que seria da areia sem o grão?
E sem o átomo, que seria das estrelas?
Que seria da existência, logo da minha, sem as seiscentas páginas que neste meu blogue carrego de trás?
E que me conduziram até aqui?
Que seria de mim sem a minha circunstância e sem o Mundo?
Que seria do Mundo sem mim?
E o espaço/tempo, que seria dele sem o meu espaço e o meu tempo?
E o que seria deles sem a música?
E da música, o que seria dela sem o som das esferas em perpétuo movimento?
E de todos eles, do pixel, do grão de areia, da imagem, do átomo, das estrelas, da existência, das minhas seiscentas páginas, deste meu blogue, do Mundo e de mim, do espaço/tempo, da música e das esferas, da travessia de um Buraco Negro ou de um Portal de Acesso, que seria deles, de todos eles, sem as perguntas que aqui deixo?
O infinitamente pequeno e o grande encontram-se e organizam-se, compatibilizam-se, musicais, pela palavra comum!

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Ai se da música eu não fosse
simples coma que te trouxe
a nota como uma vinha
morreria sem grainha
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Notas
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I
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Já depois de editado o primeiro tempo desta trilogia e até hoje, três dias volvidos, tomei nota:
As áreas de pasto e de cultivo na Gronelândia são cada vez maiores;
Desprendeu-se do Ártico um iceberg com área equivalente à da ilha de S. Jorge nos Açores;
Chuvas torrenciais com cheias, desmoronamentos e percas de muitas vidas humanas na Caxemira indiana e na China e também na Europa Central, Polónia, Alemanha e República Checa;
Lavram muitos incêndios em Portugal ...
Tudo no Hemisfério Norte.
O Verão está-se a tornar uma estação verdadeiramente perigosa!
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II
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Quem me quiser continuar a acompanhar, por ora, pois que siga e interaja, se o desejar, com o enredo da caixa de comentários desta mesma página à qual dei por título genérico The If Box ...
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e contudo, na minha hipótese ou melhor, no encadeado ou feixe de hipóteses que há longos anos formulei, uma vez mais reequacionadas nesta minha trilogia, no seu
segundo tempo, persisto sem me deixar demover
sem ela, sem essa Hipótese não se perceberia todo o enquadramento e o Paradigma de que parto e que me norteiam, nem o Futuro que persigo
a aparente indiferença institucional perante aquilo que escrevo equivale, nas sociedades democráticas modernas, aos efeitos provocados no Passado pelo Tribunal da Inquisição
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Adagio
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Jaime Latino Ferreira
Estoril, 9 de Agosto de 2010

domingo, 8 de agosto de 2010

II - UM PORTAL ESCURO E IMPERCEPTÍVEL

buraco negro
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E se, ao contrário do que é comum, nos considerássemos não como observadores exteriores que aos Buracos Negros os observassem dispersos a milhares de anos luz de distância pelo espaço sideral, mas antes como estando no centro da sua acção, tanto nós como uma tão grande porção dele, desse espaço sideral, tal como aquela amostra que no vídeo da página anterior esquadrinha os céus e onde se detecta, no meio dos seus incontáveis pontos, o nosso próprio ponto azul?
Sim, porque um Buraco Negro, à nossa escala, não é um buraco de agulha antes sim nós mesmos pontos irrisórios e o ponto azul que o é e não é, coisa pequena à escala da dimensão de um Buraco que se pequeno o é, concordo, à escala de todo o Universo, de dimensões astronómicas, gigantescas se torna à nossa própria medida, que de tão grande e colocados, desde há muito, no centro da sua acção nem o detectaríamos ...!?
Nem mesmo com os mais poderosos instrumentos tecnológicos ...!
E se, estando nós e o espaço sideral envolvente no centro da sua força gravitacional de atracção irresistível e inelutável, estivéssemos a ser inevitavelmente aspirados por um Buraco Negro que se dificilmente se detecta esquadrinhando os céus a não ser pelas perturbações macrocósmicas que desencadeia à sua volta, ainda mais inverosímil seria de detectar caso dele fôssemos os sujeitos da sua própria acção?
Da sua acção que se desenvolve lenta e estendida, geracionalmente, no tempo e não como as maquetas que os simulam, aos Buracos Negros, o poderão, enganadoramente, pela escala sugerir?
Talvez que do somatório de uma observação histórica e circunstancial, atenta e a olho nu, pelos factos inventariados a todos os níveis e que se estendem, repito, no tempo, como perturbadores que o são, lá consigamos, a este novo enquadramento, comprovar ...!?
E se, como portal ou cabo em vias de ser contornado, envolto em místicas apocalípticas - o que se terá dito da probabilidade da nossa sobrevivência na hipótese de a Terra, rotativa e translaccionadamente se mover, da sua própria esfericidade ou do que depararíamos na dobragem do Cabo das Tormentas (!?) - ele apenas nos conduzisse, quando e se dobrado com sucesso, o que não seria impossível (!), afinal, a um redimensionamento espaço/temporal que logo da sua travessia resultasse, tornando-nos a nós e ao ponto azul mais frágeis nas nossas malhas, enquanto rede e nos efeitos que somados aos nossos próprios actos e ainda predadores, eles estão à vista (!) ainda mais frágeis nos tornam e, logo, sem mais delongas, nos viesse imperiosamente exigir outros olhares, atitudes e Paradigma com essa fragilidade acrescida compatível e pondo um ponto final naqueles outros que, caducos, esses sim, nos ameaçam, definitivamente e à luz desta abordagem, com redobrada acuidade, de extinção?
Pois se, a todos os níveis, insistíssemos em continuar a agir como dantes ...!?
E se, dobrado o cabo e encontradas as novas coordenadas por que nos devêssemos, teremos, a esta luz, de nos passar a reger, o que nos esperasse fosse um Mundo Novo, muito mais incerto mas não menos maravilhoso e, por isso mesmo, mais frágil, muito mais frágil, de fronteiras todas elas mais difusas e todo ele, afinal, por redescobrir, sarados que finalmente estivéssemos da nossa persistente, obstinada cegueira e facciosismos?
E se um Buraco Negro mais não fosse do que um monumental Portal de Acesso?
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De tão escuro não te vejo
mas sinto-te de lampejo
nos efeitos que antevejo
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Portal de Acesso
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Jaime Latino Ferreira
Estoril, 8 de Agosto de 2010

sábado, 7 de agosto de 2010

I - UM PONTO ESQUÁLIDO E AZUL

ponto azul
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Cortei no ritmo acelerado que me movia e a que o próprio ritmo desencadeado me impunha e obrigava num ciclo vicioso do qual acabava por ficar prisioneiro e, porque não dizê-lo, eu próprio também dependente e tento estabelecer, agora, outra flexibilidade nos timings de publicação em referência aos quais, daqui e até ver, me procurarei pautar ...
Que profusão de relatos sintetizar, então, neste testemunho intervalado por uma semana de pausa mas mantendo, todavia, o enfoque e os propósitos que me movem e dos quais me não ocorre abdicar ...!?
Nem há, convenhamos, razões para isso:
Os implacáveis incêndios na Federação Russa;
Os dilúvios no Paquistão;
E, em contraponto, as novelas futebolísticas de enredos alimentados à exaustão e as comezinhas diatribes domésticas a entedearem um período de férias que se quer longe delas, quanto mais longe melhor, nos lamentáveis exemplos que se dão à saciedade e à falta de melhor que pudesse preencher noticiários.
Escrevo do que verdadeiramente importa:
As imprevisíveis alterações climáticas que incendeiam, ciclópicas e indomáveis, agora o Norte, quem o poderia imaginar e com tal extensão (!?) e inundam as regiões subtropicais nos milhões de desalojados, refugiados que provocam e já para não falar nos que a elas, a umas como às outras, impiedosamente, sucumbem!
Para onde, irresistível e aparentemente sem vontade própria, Política que se imponha vai por demais parecendo, na persistência obstinada de um paradigma em fim de ciclo, sentirmo-nos suicidariamente atraídos?
Para não falar já na belicosidade que à flor da pele se mantém pronta a ser teimosamente declarada ao mais pequeno, insignificante atrito?
Pôs-se um tampão no furo da BP e depois, põe-se também uma tampa, esponja sobre o assunto, varrendo-a, à catástrofe ambiental, rapidamente da memória para que tudo fique, só aparentemente, como dantes!?
Para onde caminhamos?
Uma coisa é certa:
A Terra, este nosso planeta azul, passará bem sem nós e mesmo que fique de outra cor, mas nós, há quantos anos o escrevi já (!?) é que não passaremos sem ela e, sobretudo, sem a cor que ainda tem!

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Choro de tão molhado
e ardo de secura em lume brando
em lastro incandescente e sem papel
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Ponto Azul
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Jaime Latino Ferreira
Estoril, 7 de Agosto de 2010

domingo, 1 de agosto de 2010

SEISCENTAS PÁGINAS

Gato na lua
num galho montado
pobre do gato
que voa sentado
corre voando
bichano danado
de ramo em ramo
que é seu cajado
ai o bichano
não sabe coitado
quantos mais galhos
terá o sobrado
mas não desiste
porque iluminado
do astro que paira
e é seu telhado
mia o felino
não escreve dobrado
quanto mais mia
mais canta afinado
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perfaz o meu blogue, com esta, as seiscentas páginas de originais desde que foi criado, a 2 de Janeiro de 2009 e nele guardo a sensação sublime de um salto monumental que até aqui me conduziu
aproveito esta ocasião para fazer uma pausa, silêncio tão merecido quanto as palavras que neste arquivo vivo deixo ao Vosso inteiro dispôr
o silêncio não é menos empenhado e comprometido do que mil palavras
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A lição seiscentos
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Jaime Latino Ferreira
Estoril, 1 de Agosto de 2010