domingo, 14 de abril de 2013

DA ADESÃO E DA FALTA DELA


água mole em pedra dura tanto bate até que fura


Cada vez mais as soluções políticas, económico-financeiras e sociais, de tão movediça que se vai tornando, revelam crescente falta de adesão à realidade.
Como vertigem a realidade, crescentemente, a todas as supera.
No exato momento em que a um problema desse fórum se diagnostica logo esta, ao diagnóstico, o vem desmentir como se a este lhe faltasse a âncora em que se pudesse fundear.
É claro que tanto a política como a economia e as finanças ou a sociologia não são ciências exatas tanto quanto estas o conseguem ser mas a sua inexatidão, contudo e com o tempo, parece cavar-se num abismo sem fim.
Falta de adesão à realidade.

As ciências sociais estão para o indivíduo concreto tal como as ciências exatas estão para a experimentação mas ambas, quando não enquadradas pela hipótese, aquela pergunta que o observador, o cientista individualmente considerado coloca perante os dados recolhidos da experimentação ou da observação do real, desenvolvem-se às cegas, sem rumo e sem método.
Aleatoriamente.
Se a pergunta não for suscitada e ela é-o pelo ângulo particular, circunstancial e contextual do observador, a experiência, apenas casuisticamente poderá levar a bom porto e o dispêndio de energias nela aplicado dispersar-se-á, quando não, tornar-se-á completamente inglório.
Que perca escusada de energias que a experimentação, com a introdução da hipótese, veio poupar tornando-a mais efetiva!
É na hipótese que assenta a experimentação científica e, sem ela, sem essa visão singular de quem à experiência ou à realidade a observa, cai-se no infrutífero e dispendioso experimentalismo.

Sem espírito crítico que conduz à interrogação sistemática e esta como aquele dependem do observador, de quem analisa os dados da experiência ou a realidade o que remete, tanto nas ciências exatas como nas sociais, sendo que nestas últimas e diretamente, o observador confunde-se com o objeto último da experiência, não há investigação científica.
E as ciências sociais perdem-se no macro, na estatística, nos grandes números ou nas teorias gerais esquecendo-se que não há regra sem exceção e que a exceção confirma, isto é, pode criar, ela mesma, a regra.
E se a pergunta não for feita, se o espírito crítico estiver ausente reincidiremos, permanentemente, no erro, quer dizer, na falta de adesão à realidade.
Quer isto dizer que há uma verdade única e inquestionável?
Não, não há mas se a pergunta não for feita, constituindo-se um feixe de hipóteses que se possa trabalhar nele fazendo convergir, se necessário, todas as partes, nestas incluídas as ciências sociais e as exatas na confirmação científica dos dados da experiência com os da realidade social, poderemos estar sistematicamente a cavar o fosso que nos afasta cada vez mais do real criando entre ele e nós próprios um abismo que nos poderá vir a ser fatal.
E a pergunta, aqui e apenas indiretamente demonstrável tal como se observado à distância, no Universo, é:
E se, na sua aceção astrofísica e não encarada como simples alegoria ou metáfora, tivéssemos atravessado um Buraco Negro?

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no distanciado silêncio que me anima



Jaime Latino Ferreira
Estoril, 14 de Abril de 2013



1 comentário:

manuela baptista disse...

todas as perguntas são legítimas e todas as questões apaixonantes e esta será a tua preferida


numa plataforma mais troikiana, ainda temos mais sete anos de buracos negros para atravessar...