domingo, 14 de agosto de 2011

QUALQUER DIA

Siqueiros, fragmento mural


Qualquer dia ao acordarmos dar-nos-emos conta, de súbito, do fosso que paulatinamente se vai tornando intransponível entre o institucional cada vez mais anquilosado e tudo aquilo em que se revê o cidadão comum;
Entre os ritos comuns e aqueles que ao institucional o enformam;
Entre a praxis institucional e aquela do comum dos cidadãos.
Qualquer dia e sem que nos tenhamos dado conta e pesem embora todos os sinais que se vão avolumando arriscamo-nos a que, não apenas se extingam as audiências que a um qualquer representante institucional lhe dê ouvidos em declínio, aliás, acentuadamente crescente como, pior ainda, se deixe, pura e simplesmente de entender o que ele tem para transmitir!
Qualquer dia e por mais democrático que o regime o seja, as suas praxes institucionais serão coisas completamente despidas de sentido para o comum dos mortais, nas quais ninguém se reverá e remetidas para um gueto de iniciados, candidatos a cuja iniciação, aliás, irão, como já se nota, cada vez mais escasseando!!
Qualquer dia a desconfiança será tal, à força da incoerência de um discurso que teima em não ter correspondência com o real, que me interrogo onde poderá ir parar a legitimidade democrática institucional que à palma do sempre crescente nível de abstenção dela se vai, silenciosamente, depauperando!!!
Qualquer dia …
Qualquer dia a preparação do candidato, seja ele qual for, tentando fazer dele um homenzinho modelo cujo modelo se perdeu (!), não terá nada a ver com o cidadão comum;
Qualquer dia, os próprios ritos esvaziados de modelo, mas que modelo (!?), perderão, eles também, todo o sentido;
Qualquer dia o cidadão comum que numa frase de seis palavras dá três erros, nada de especial (!), entenderá por ilegível um período de um qualquer discurso político!
Qualquer dia …
Qualquer dia, afogados em diktats e jogos tácticos de ocasião, estes omitirão e neles se dissolverá, por completo, a percepção do bem comum!
Qualquer dia e à força de, em nome das tradições, ir sempre atrás, sempre a reboque dos acontecimentos, acordamos e de repente … somos engolidos pela barbárie!



para que este qualquer dia nunca venha a acontecer






Jaime Latino Ferreira
Estoril, 14 de Agosto de 2011

11 comentários:

Branca disse...

Qualquer dia poderá ser aquele dia em que todos os valores se perderam...mas eu acredito numa nova geração que tão bem conheço, tão diferente daquela que por aí aparece à tona e que há-de emergir para que esse dia nunca aconteça.

Bem regressado Jaime.
Beijinhos
Branca

. intemporal . disse...
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Anónimo disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
manuela baptista disse...

Jaime,

as instituições a arder

a marcha fúnebre para uma rainha

são fragmentos

o fosso é muito grande,
entre o discurso, os governantes, os candidatos, a democracia, os modelos e a realidade de cada um dos habitantes deste planeta

"Niels Armstrong pôs os pés na Lua
e a Humanidade inteira saudou nele
o Homem Novo.
No calendário da História sublinhou-se
com espesso traço o memorável feito.

...


Mais um passo.
Mais outro.
Num sobre-humano esforço
levanta a mão sapuda e qualquer coisa nela.
Com redobrado alento avança mais um passo,
e a Humanidade inteira,
com o coração pequeno e ressequido,
viu, com os olhos que a terra há-de comer,
o Homem Novo espetar, no chão poeirento da Lua, a bandeira da sua Pátria,
exactamente como faria o Homem Velho."

António Gedeão, extracto de: Poema do Homem Novo

respeitando o silêncio

desejo: boas férias!

manuela

Jaime Latino Ferreira disse...

REGISTO


Excepcionalmente, quebro o meu silêncio apenas para fazer este registo:

Cumpre-se hoje um ano desde que instalei, neste meu blogue, o contador de visitantes que, juntamente com o planisfério, se encontram no fundo das páginas visíveis deste meu blogue.

Estou a atingir e vou ultrapassar, julgo, ainda hoje, um total de 42 000 visitantes no decorrer desse ano que hoje se completa.

Posso, portanto, dizer que atingi a média diária aproximada de 115 visitantes por dia no decorrer do ano que passou.

O planisfério, instalado três dias depois, a fazer um ano no próximo dia 18 de Agosto encontra-se, ele também, pintalgado de visitas vindas de todo o Mundo o que me apraz, sobremaneira, registar!


Jaime Latino Ferreira
Estoril, 15 de Agosto de 2011

Kika disse...
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ki.ti disse...

O planisfério é um mistério redondooooooooooooooo

eu sou a gata 42 030

tranquila e assanhada

e lá por teres ficado com a lágrima no olho aí com o rafeirote, livra-te de lhe dares croquetes e recusares-me chocolate!

Unknown disse...

Jaime,

estou aqui para lhe dar um abraço de parabéns, e desejar-lhe umas boas férias

qualquer dia... dou-lhe um abraço ao vivo e a cores, ok?

Walter

Branca disse...

Parabéns Jaime!

Também venho quebrar o seu silêncio... para festejar consigo, porque hoje também festejo a vida e apetece-me partilhar com os amigos. A operação do pai correu lindamente e já estamos a pensar na festa dos 8o para Novembro. Ele quer igualzinha à da mãe [é o mimo a vir ao de cima, :))!].

Mimos também para si.

Beijinhos
Branca

Kika disse...
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Branca disse...
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