sexta-feira, 30 de setembro de 2011

EUROPA

Europa



Amo a ideia Europa
sem fronteiras onde a tropa
à coesão a galopa
pela Paz sem mais em troca

Amo a ideia saber
que vê as culturas sem ter
que reivindicar o sofrer
que a alguns só lhes dê crescer 

Amo-te ideia que ensopa
a Cultura que quero ver
banhada do verbo ser

Amo-te por mais querer
pois sendo cimeira a copa
da árvore muito bem topa

  

em resposta ao desafio do Comissário Presidente


 



 

Jaime Latino Ferreira
Estoril, 30 de Setembro de 2011

quarta-feira, 28 de setembro de 2011

TUDO O QUE SEI


Olbinsky

Tudo o que sei não é nada
o que de seu tem é abstracto
é como desenho de estrada
à qual lhe falta o substrato
 
Nos traços fica o compacto
da construção que pensada
longe está do árduo acto
de a erguer por mão suada

As contrariedades da enxada
rugosidades de facto
pedra alcatrão e contacto
 
Mas sem o desenho qual pacto
entre o real e a sonhada
ideia por mim criada



sem sonho a realidade seria insuperável e sem amor insuportável


 





Jaime Latino Ferreira
Estoril, 28 de Setembro de 2011

domingo, 25 de setembro de 2011

PROPRIEDADE


Olbinsky



Se ter propriedade é ser justo, então prefiro ficar com a propriedade de o ser …
Prefiro ficar com o usufruto de a essa propriedade a poder reivindicar!
Território imaterial de usufruto que, ou corresponde a ter propriedade ou justeza ou … de pouco ou nada serve.
Território ou propriedade usufrutuária …
Como fiel da balança entre a avidez do privado e a inércia do público, falta o estatuto de propriedade sinonímia de justeza ou de justiça que faça depender do mérito, inteiramente do mérito susceptível de no tempo poder ser avaliado, a justeza de a essa propriedade, com propriedade, a poder usufruir e apenas se e enquanto aquele não prescrever.
Um território similar àquele que duas páginas atrás, pela interrogação, caracterizava a propósito do que nesta plataforma vos vou legando.
Um território com outro estatuto de propriedade…
Regulador …
Esse sim, verdadeiramente regulador porque subordinado ao mérito ou à justeza de o merecer!
Propriedade sinónimo, não de pública e nem de privada, mas susceptível de corresponder à justeza de o poder usufruir.
De o poder usufruir em prol do bem comum e permanentemente subordinado ao escrutínio público e democrático!
Um território de propriedade potencial …
A entrar na esfera das novas esferas adquiridas à eternidade como, então, o escrevi.
Novas esferas essas que, aliás, vêm subverter a própria noção de território físico e com ele todas as áreas do conhecimento e a própria adesão da economia com a realidade que se expandiu fugindo-lhe à previsibilidade:
O domínio do virtual …
Do virtual a exigir o virtuoso.
Um estatuto de propriedade subordinado à justeza de a poder usufruir!


há um território subversivo que importa regular com subversão






Jaime Latino Ferreira
Estoril, 25 de Setembro de 2011

sábado, 24 de setembro de 2011

USUFRUTO



I

Que me interessa ter se usufruo?
E o que é o ter senão o transitório usufruto?
E a posse?
O que é ela senão a tremenda desilusão de julgar seu?
Usufruo …
Usufruo também porque dou!
E nesse meu desapego que usufruto maior …!
O de dispor e de dar e que dando … melhor usufruo …
Tal como a folha que cai e que se é da árvore também pertence à terra.

( no primeiro dia do Outono )

II

Dou o que escrevo e sempre que dou, que maior usufruto!
Dar é usufruir …
Imaginem que procurava outros que não o intermediário que é este suporte que me permite chegar até vós e que, com ele, com esse intermediário estabelecia condições de salvaguarda da propriedade intelectual que, na sua publicação, me garantissem a sua posse.
Tem, o acto de criação, propriedade?
Ou ele é livre para que livre se possa dar …?
Fui eu que escrevi, é quanto me basta!


III


A mim basta-me a propriedade ou a justeza da linguagem …
… da linguagem que utilizo!
Quanto à sua posse não ambiciono que ela se torne um meu exclusivo.
Como o poderia ambicionar …!?
Como se o meu mais íntimo desejo, ao utilizá-la, reside em que ela se propague!?
Como se, congruente com a praxis, ela deveria, tal como comigo, imperar!?
A mim basta-me a justeza do que escrevo, propriedade das propriedades …
… e essa propriedade não é minha mas sim de todos nós!



propriedade = justeza



( publicado em primeira mão no mural do meu facebook )









Jaime Latino Ferreira
Estoril, 24 de Setembro de 2011

sexta-feira, 23 de setembro de 2011

QUE TERRITÓRIO É ESTE

Olbinsky


Que território é este que de material apenas exige a ferramenta?
A ferramenta que no império dos sentidos permite constatá-lo?
Que território é este cujas margens são a própria ferramenta mas que se expande para lá dela?
O que o diferencia do papel?
Apenas isto:
Ao papel tê-lo-ia de vos mandá-lo em cópias materiais a todos vós que me ledes!
Aqui, basta ter a ferramenta, material, é certo, que ao que escrevo vos permite aceder.
E onde está aquilo que escrevo?
Numa folha em branco comigo sintonizada!
Sintonizada com um território imaterial …
Onde está aquilo que eu vos escrevo?
Nenhures …
Nenhures ou num algures que, por mero acaso, podereis encontrar!
Sem textura e de lonjura indeterminada.
Que território é este onde todos os outros cabem também!?
Sem quaisquer outras limitações que não a posse da própria ferramenta que utilizais!?
Está ele aqui ou ali, perto ou longe e com que exactas medidas ou dimensões!?
Que território é este, micro-telescópico que, imaterial, nos põe em contacto?
Que território é este que, embora se possa perder ou deteriorar, em si mesmo, não se degrada?
E onde nos leva ele?
A um buraco sem fim …
De profundidade indeterminada e de propriedades que apenas o contacto com o que aqui escrevo, imaterial, permite, vagamente, mensurar!
Que território usufrutuário mas sem posse é este?
Onde estava ele antes de à inteligível ferramenta a termos inventado?
Este território não estava antes de estar ou se estava, não tinha lugar!
Com que lugar nos confrontámos nós!?
Lugar sem espaço nem tempo, ocasião, só invento!?
Não será ele mais um território adquirido à eternidade …?








Jaime Latino Ferreira
Estoril, 23 de Setembro de 2011

segunda-feira, 19 de setembro de 2011

LEGITIMIDADE E RAZÃO




É muito comum a confusão entre dizer-se que alguém tem legitimidade e, logo, razão.
Assim, diz-se que se alguém ganha eleições, então é porque esse alguém tem razão.
Tem a razão ou a legitimidade do seu lado.
Nada mais enganador …
As eleições legitimam um determinado mandato e nada mais do que isso.
Razão … isso é outra coisa!
Razão é de outra ordem de grandeza, de outra ordem de grandeza da própria legitimidade democrática que, aliás, não se esgota em maiorias ou minorias que lhe possam como não, coercivas ou por imposição democrática legal, dar provimento.
A única coacção que possa assistir a quem tenha razão é aquela que o passar do tempo lhe venha, pela sucessão de factos, a conferir e mesmo que partindo de uma posição ultra-minoritária.
Afinal, diz-se, tinha razão!
Tinha embora ninguém ou apenas poucos lhe tenham dado o devido crédito …
E se tinha é porque a tem!
Quando se tem razão não se coage, há lá maior grau de democraticidade (!), e se alguma legitimidade assiste a quem a tenha é aquela que deriva da coerência interna da razão que está do seu lado e essa razão tem uma força demolidora, tão demolidora quanto o tempo que não se pode parar e que joga, em tempo útil ou não, a seu favor.
A legitimidade conferida por umas eleições não confere, a quem as ganha e em simultâneo, legitimidade para tudo.
Quando alguém investido de legitimidade democrática mente ou omite a verdade e, logo, a razão, é a sua própria legitimidade maior, aquela que deriva do facto de se ter razão, que sai fragilizada.
E essa fragilidade, mais tarde ou mais cedo, vem-se a revelar como fatal!
E vem-se a revelar como fatal, tão só, porque é quebrada a confiança que lhe foi conferida pela legitimação do voto.
Legitimidade tem pois uma relação estreita com confiança e esta, uma legítima relação ainda maior com a razão:
O tempo confia à razão a legitimidade que se perde na falta dela da mesma maneira que se revela demolidor de legitimidades conjunturais dela mesma carentes.
A razão é a legitimidade das legitimidades democráticas e democracia incapaz de discernir entre estes graus diferentes de legitimidade é uma democracia emperrada, frágil, outonalmente invernosa e condenada ao insucesso!


 





Jaime Latino Ferreira
Estoril, 19 de Setembro de 2011

sábado, 17 de setembro de 2011

HÁ UMA VOZ


Max Ernst, Virgem espancando o menino Jesus perante três testemunhas: André Breton, Paul Éluard e o pintor, 1926



Há uma voz infantil
que pueril
me canta ao ouvido
subtil
insistente e afinada


Chega
de ser mal amada
não quero mais
quero melhor
nem lata
cenoura ou chibata


Há uma voz infantil
que vibrada
se ergue na minha estrada




a propósito de todas as promessas que caindo por terra, como se vê, ao longo dos anos e na ganância do poder, não se conseguem fazer cumprir



( publicado em primeira mão no mural do meu facebook )







Jaime Latino Ferreira
Estoril, 17 de Setembro de 2011

quarta-feira, 14 de setembro de 2011

HÁ PEQUENOS GESTOS

Atenas Moderna


Há pequenos gestos que valem por mil!
Ontem à noite, à volta do mural do meu facebook e depois de nele ter deixado um pensamento, não satisfeito e pesquisando aleatoriamente no Youtube, dei-me com um recital realizado no Conservatório de Atenas, sóbrio recital do Duo Vivo de qualidade inquestionável e, sem mais, perante o alarde e nervosismo globais face à situação das dívidas e da grega em particular, decidi-me a editá-lo com a modesta legenda boa noite, Atenas!
Foi um daqueles meus repentes de que não me arrependo de todo …
E fiquei a imaginar aquela cidade fervilhante, com toda a vida  própria que este simples recital, austeramente, retrata às mãos do nervosismo geral!
Onde todos, daquele brilhante país, se tentam demarcar, como se o pudessem fazer assim tão simplesmente não fosse a sorte de um dos seus ser indiferente ou passar ao largo da de todos os outros.
Um simples recital que poderia, tão só, ser uma modesta  cena da vida doméstica perante todas aquelas vozes especulativas e tonitroantes que se levantam diante das incógnitas do amanhã.
O recital teve lugar já este ano, o ano de 2011.
Perante ele mais não se me oferece dizer do que, palavras para quê (!?), há mais vida para além do deve e haver e como os números escamoteiam tanta coisa
… ou, se quiserdes, a vida continua!
Assim, desta maneira, num austero recital onde as notas que se tocam pairam acima de todas as angústias na afirmação da cultura europeia que tem nela, na Grécia, o seu berço e um dos expoentes …!
O berço da Democracia, é bom não esquecer!
E perante a simplicidade dos dois intérpretes de quem nunca tinha ouvido falar, perdoem-me a ignorância (!), nada mais me  ocorreu do que transpor, uma vez mais, o que escrevera para aqui, volvidas que são quase vinte e quatro horas, agora que a noite cai em Atenas, enfatizando:
Boa noite, Atenas!
καληνύχτα Αθήνα









Jaime Latino Ferreira
Estoril, 14 de Setembro de 2011

segunda-feira, 12 de setembro de 2011

800

António Correia, retrato de mim mesmo enquanto jovem


Oitocentas páginas …!
Sim, ao fim de dois anos e oito meses, completo-as hoje neste meu blogue.
São elas o espólio, a herança que aqui carrego e que, nem de propósito, me permitem cantar sem ligeireza mas com toda a fluência o poema que a seguir se segue e que foi publicado, em primeira mão, hoje de manhã no mural do meu facebook …
Para que nestes dois suportes em que invisto e sem  quaisquer equívocos ou ambiguidades, possa constar:



DESPERTAR




Num mundo
que é só um
um
Júlio César comum
de mãos limpas
que diante
da República
sem nenhum
outro exército
que não
o das palavras
que escreva
dirá tudo
o que se espera
que desespera
e que é mudo

S
erá ele
festa
Entrudo

desmoronar
do que é turvo

M
aior vitória
de fundo
o despertar
do profundo


tácito, para bom entendedor meia palavra basta





Jaime Latino Ferreira
Estoril, 12 de Setembro de 2011

sábado, 10 de setembro de 2011

DEZ ANOS DEPOIS


nine eleven memorial


Há dez anos atrás, escrevia eu uma tese extra-curricular quando, subitamente, fui surpreendido, tal como todos nós, com uma Manhattan engolida por nuvens de fumo que a dilaceravam.
Tendo os Estados Unidos da América sido atingidos no seu coração também eu ao meu o senti, subitamente, a sangrar.
A Tese que então escrevia, logo ela se passou, na hora, a centrar no que, aos nossos olhos, nos atingia  avassaladoramente como se todos, em simultâneo,  estivéssemos a ser atingidos, que o fomos!
E foi a fragilidade em que assentam os nossos alicerces, os fundamentos da própria Democracia que, de súbito, se escancararam à vista de todos!
A insegurança era, até então e a esta escala, uma ideia longínqua que a não ser por quaisquer catástrofes naturais, parecia estar longe de todos nós ou pelo menos das nações democráticas mas com o sucedido e a sua cobertura global e  em directo, estampou-se à vista do cidadão comum.
Acabei, assim, a minha Tese a escrever sobre a guerra e a paz e a elas lhes dediquei todo um capítulo, uma elegia poética que, ainda hoje …!
Ainda hoje, as réplicas do 11 de Setembro se fazem sentir!
Da minha Tese, embora extra-curricular, repito, da parte de quem a orientou ou o devesse ter feito … não tive senão sumidos ecos …!
Mas subterrâneos, tal como subterrâneo é o terror (!), ecos os houve, estou certo e tantos quanto essa minha Tese, juntamente com o extenso espólio que a precedeu como daquele que se lhe sucedeu, se encontram hoje depositados em importantes arquivos, entre os quais se conta o da Biblioteca do Centro Nacional de Cultura.
O terror que assenta no inominável subterrâneo, afinal, passou a interpelar o que, não menos subterrâneo, de melhor há em nós, em cada um de nós, melhor esse que confrontado pelas eventuais barreiras de silêncio e das mais variadas incompreensões, fundamentalismos também, hoje como então, nos desafiam a persistirmos na racionalidade humanista que por essas barreiras se não deixe quebrar ou ceder ao que de pior, pela tentação de confundir meios com fins, nos possa, eventualmente, assediar.
Tal como já então na minha Tese, não sou ingénuo ao ponto de achar ser tudo igual no exercício da violência, ele depende, entre outras coisas, da forma como é exercida e pesem embora as vítimas inocentes e as sequelas  que ela  sempre consigo arrasta:
Um exército regular é uma coisa, se de um estado democrático, outra ainda e se agindo a coberto do direito internacional, na violência que utilize, ainda outra e esta última, nunca por nunca se pode confundir com aquela, traiçoeira e cega, subterrânea, exercida pelo terror!
Desarmados perante o terror é que também não podemos ficar e, afinal, os fins, sejam quais eles forem (!), se não justificam os meios é nestes e da forma que se utilizem, que  estão os fins que propalamos!
Por este meu meio prossigo, indefectível, na minha senda, sem ceder ao medo nem ao terror e no exercício pleno da Liberdade que me assiste e que não se deixa, tão pouco, ontem como hoje condicionar …
Refiro-me àquele da escrita que por sua via, resiliente e também em memória de todas as vítimas inocentes do terror, pelo aprofundamento da Democracia, me traz, como até aqui, incansável e congruente até Vós!



de quem ao longo de todos estes anos ao terror sempre o neutralizou politicamente, extirpando-o de todas as roupagens com as quais se tenta sempre camuflar






Jaime Latino Ferreira
Estoril, 11 de Setembro de 2011  

quinta-feira, 8 de setembro de 2011

O ENCOSTA





Conforme vem assinalado na coluna das efemérides do jornal W e no meio de todas as celebridades que hoje nasceram ou morreram, faz hoje anos a pessoa X de quem nunca tinha ouvido falar mas que por ser casada com a pessoa Y, tornada pública e conhecida por pertencer à organização Z, merece a honra deste destaque por encosto de matrimónio …
Que feitos se lhe conhecem?
Para além do dito matrimónio e não que os não possa ter … nenhuns …!
O que é que, então, neste aparentemente irrelevante episódio mas não assim tão fora do comum, merece ser destacado?
Aqui temos um bom exemplo, seguramente que não o único, do que para aí vai de encosta, encosta:
Mérito …
Como distinguir o mérito, aquele que numa efeméride mereça ser registado?
Tendo, para tal, o reconhecido mérito!
E como reconhecê-lo se pelo mérito se não for reconhecido?
Pertence, o emérito jornalista da coluna referida, aos quadros do jornal W, sabe-se lá se por mérito de pertencer a esses mesmos quadros ou se por ter sido contratado na base do encosta de quem conhece A, B ou C ou por ter sido apadrinhado desde sempre, oh que mérito maior (!), e rever-se, pois, em quem por encostado estar, desse mesmo encosto seja credor!?
Não que ache que um desconhecido X não seja igualmente merecedor de honras de efeméride …
O meu aniversário, afinal, vale tanto como outro qualquer, de celebridade, seu cônjuge ou não, seja ou não eu um comum e anónimo cidadão.
Mas o encosta …!
Essa pecha maior que ao mérito o encobre e no qual sempre se revêem os medíocres ao ponto de o espelharem num creditado órgão de comunicação social!
Essa nuvem de espesso nevoeiro que entre qualquer um de nós e a celebridade, pelo encosta, sempre se interpõe!!
A exigir padrinhos, intermediários, encostos e, em suma, perfilhamentos!!!
Como quebrar essa densa neblina sem que ninguém, escusadamente, caia com ela!?
E a estampar-se numa coluna, numa simples coluna de opinião interventiva que de tanto encosto, a escassez de mérito o não sabe nem consegue, como o poderia (!?), distinguir!?
Ah …
Se por casada com Y, uma qualquer pessoa se torna merecedora de celebridade efemérica, o mérito, esse, deve estar conspurcado na valeta!
Para quê tanta teoria pois se assim não espanta que tenhamos chegado ao que chegámos …!?
Sim, porque à custa de quanto encosta, encosta, a gordura do que é público ou os favores de quantos pretensos jornalistas para terem um lugar encostadinho ao sol!?
O encosta:
Robusta mesquinhez dos pequeninos!



se quiseres ser célebre encosta-te






Jaime Latino Ferreira
Estoril, 8 de Setembro de 2011

terça-feira, 6 de setembro de 2011

SINAIS CONTRADITÓRIOS





Sinais contraditórios apontam num como noutro sentido …
Tão depressa parece caminharmos para a desagregação europeia, quiçá da própria moeda única como, nas entrelinhas desses mesmos sinais, razões há para ver, ao fundo, réstias de esperança.
Nos choques que, afinal, sempre estiveram presentes, eles não são de hoje embora assumam particular relevância em situação de crise profunda, a tensão entre o nacional e a integração plena, fazem-se sentir com particular acutilância e, contraditória, desperta sentimentos nacionalistas, xenófobos mesmo, de toda a ordem!
Afinal, integração pressupõe perca de soberania com tudo o que ela acarreta …
Perca de soberania económica, financeira, política mesmo …!
E, entre uma e a outra coisa, entre fragmentação ou reforço da união política, qualquer meio termo no processo de globalização como da própria integração europeia que uma vez posto em marcha foi aceite por todos, não há como retroceder.
Afinal, como soberano, no que aos povos da Europa verdadeiramente interessa, o que é que importa, verdadeiramente, salvaguardar?
Uma política económica ou uma política externa de Estados Nacionais encarados de per si!?
A política financeira ou … ou o quê!?
E que fazer prevalecer, a força centrípeta ou a centrífuga que à Europa, enquanto entidade política, a consolide ou fragmente de vez …!?
Os políticos nacionais habituaram-se a jogar em seu proveito e das suas clientelas, em desproveito, quantas vezes, da integração, conforme as suas apetências eleitorais de momento e, agora, encontram-se confrontados, todos eles (!), com a hora da verdade que é para isso que uma crise também serve!
Volto a perguntar:
De nacional, na Europa, o que é que importa, dos Estados Nação, verdadeiramente,  salvaguardar?
Respondo sem hesitar:
O bem estar dos seus povos e as suas identidades culturais!
Quanto ao resto …
… quanto ao resto, os políticos europeus e sejam quais eles forem, terão de deixar de persistir nas suas oportunísticas e danosas políticas que os fazem jogar, ambiguamente, nos dois tabuleiros em que teimosamente insistem conforme as suas conveniências de momento e que tanto têm emperrado, no que dissimulam e por muito europeus que se afirmem, a construção europeia.
No dia em que aos povos da Europa lhes for explicado, preto no branco, que a sua efectiva união política, apenas concorrerá no seu acrescido bem estar e na salvaguarda, simultânea, das suas identidades culturais, logo a começar pelas linguísticas, tudo passará a fazer outro sentido …
Fácil de escrever isto?
Pois é!
Mas sem claridade de objectivos e ainda que perspectivando a mais ou menos longo prazo, também nada poderá justificar os sacrifícios com que somos, global e irreversivelmente, confrontados!
E na construção do Edifício Europeu, não bastaram já as agora tão propagadas gorduras dos Estados Nacionais, quanto não há por assumir desde já e, na perspectiva da União, racionalizar de vez!?
Não por um mas por todos os Estados que a integram!



sem uma Europa unida, democrática e forte, também não há globalização democrática, quanto mais efectiva resolução da crise







Jaime Latino Ferreira
Estoril, 6 de Setembro de 2011