segunda-feira, 12 de dezembro de 2011

DE UM AO OUTRO POLO DO ESPECTRO





No tempo de vida que leva este meu blogue, confrontei-me já por duas vezes com duas perguntas de pólos contrários por parte dos meus leitores, a saber:
Da primeira vez, sondando-me se eu não pertenceria à Opus Dei e da segunda vez, há poucos dias atrás, se eu não faria parte da Maçonaria!
De ambas as vezes as perguntas foram-me feitas em privado pelo que faço questão de salvaguardar as identidades de quem me as fez …
Não, eu não pertenço nem à Maçonaria ou a qualquer das suas lojas nem, tão pouco, à Opus Dei!
Eu não pertenço, aliás, a nenhuma organização desta natureza ou de outra qualquer e aquilo que vou escrevendo traduz, tão só, o meu pensamento prospectivamente desenvolvido como tal.
Professo, é certo, as minhas convicções mais íntimas e sobre elas, ao longo dos tempos, não tenho deixado de me pronunciar, contudo, mesmo a esse nível, faço questão de salvaguardar a minha independência, autonomia e juízo crítico.
Todavia se o que escrevo pode, eventualmente, levar os meus leitores a fazerem-me perguntas tão diversas como estas o que deverei delas concluir?
Que dou, oportunisticamente, uma no cravo e outra na ferradura!?
Que não sou peixe nem carne e que o que aqui, de mim se projecta, acriticamente, visa apenas agradar a gregos e a troianos!?
Não me parece …!
Parece-me, isso sim, que o meu pensamento tem um tal espectro que, sem abdicar de princípios, muito antes pelo contrário (!), insuflando-lhes plena actualidade para não dizer antes modernidade, leva a que me tenham sido já feitas perguntas tão díspares como as aqui referidas dando, ao fim e ao cabo, plausibilidade à equidistância que amiúde afirmo manter!
Muitos são os que tendem a funcionar por antinomia como se nela residisse a razão de ser dos seus próprios pontos de vista, na imperiosa necessidade que têm em se situar:
Se sou maçom, sou contra a Opus Dei ou o inverso;
Se sou de esquerda, sou contra a direita ou o oposto;
Se pertenço a um país, a sua identidade teria de ser construída por antinomia aos restantes;
Se me quero afirmar, a minha afirmação tem de ser feita pela negação do meu oponente e, na imperiosa necessidade de marcação do território, não se sai disto.
Admitam pois, por uma vez, que se pode sair disto …
Que esse mesmo facciosismo até pode estar na origem e ajudar a explicar o ponto a que se chegou!
Que a holística das coisas vai muito para lá das lateralidades ou parcialidades em que legitimamente tendemos a refugiarmo-nos!!
Essa é a particularidade do meu pensamento que apenas a mim próprio me obriga, sem exclusão de ninguém e na salvaguarda aprofundada da Democracia como também não paro de afirmar, mas no qual reside a valia de desfazer nós górdios que a todos nos estrangulam e que suscita perguntas como as aqui referidas, situadas de um ao outro pólo do espectro e que, graças a elas, me sugeriram esta minha reflexão.
Nada disso, eu não pertenço a nenhuma das organizações referidas!
A quem a estas perguntas, privadamente, me as fez, o meu muito obrigado pela oportunidade ora sugerida na certeza de que, refutando quaisquer messianismos, nos tempos que correm e sem anular divergências, é muito mais importante aquilo que nos une do que aquilo que nos divide!



aos que têm a ousadia de perguntar






Jaime Latino Ferreira
Estoril, 12 de Dezembro de 2011

4 comentários:

manuela baptista disse...

largo espectro!

para mim, as duas organizações igualmente fechadas, lúgubres, elitistas,arrepiantes

desfasadas?

entre o aventalinho e o santinho, não há escolha

de ambas, quero distância, mas entendo a confusão, deles e o esclarecimento, teu

Anónimo disse...

Jaime!
Olá desde há pouco!

Afinal não vai sair " um comentário parvinho"... sai , isso sim, aquilo que tenho vindo a perceber e a admirar neste homem sempre interventivo e oportuno.
Não importam as "lojas" e as "obras",
é mais alto o homem que assim fala, que assim escreve, que assim se mostra


Um beijinho e, desta vez, com muito respeito... Amigo é aquele com quem aprendemos a distinguir o vermelho do negro, é aquele que nos ensina e nos mostra toda a gama de" cores" que vai de "um lado ao outro"

Filomena

Branca disse...

Olá Jaime,

Estou como a Manuela, não entendo a confusão deles, a situação é até caricata, acho que pela leitura dos textos aqui publicados é perfeitamente clara a sua necessidade de independência, concordando-se ou não com todas as suas opiniões.
Como aqui diz na entrada da caixa de comentários "Da reflexão nasce a luz!" e penso que é isso que tem pretendido e que incentiva.

Beijinhos
Branca

Anónimo disse...

Esclarecidos seguramente ficaram oa que tal questão colocaram.

A resposta não podia ser mais concisa e melhor escrita.

Parabéns por não ser quem o julgavam e principalmente pelo belíssimo texto.

Beijinho