terça-feira, 14 de maio de 2013

SEM MAIS DELONGAS


os vossos antepassados dignos desse nome escarnecem de vós




Se vivêssemos como vivemos uma situação trágica não a iludiria nem a pintaria em dégradé que a suavizasse ainda que temporariamente e retratá-la-ia ipsis verbis sem mais delongas e isto independentemente dos custos eleitorais ou outros que pudesse vir a arcar mas nunca sem antes fazer um exame de consciência:

Estou ou não em condições de falar, escrever nesses termos?
Por condições, que quero eu dizer com isso?
Terei ou não responsabilidades no ponto a que se chegou?
Gozo de uma situação desafogada ou a minha equivale aquela de quantos cidadãos que com essa situação se confrontam no seu dia-a-dia?
Ganho a vida por emitir opinião?
Tiro dela, a cantar de alto, qualquer tipo de proveito pessoal?
Terei alguma agenda escondida que me faz escrever o que escrevo?
Que autoridade, em suma, me sobra ou advém e para lá daquela que resulta do sufrágio ou da estrita legitimidade democrática que, aliás, não justifica tudo e que não vem ao caso para, por hipótese, impor sacrifícios aos meus pares e iguais deles não me eximindo?

De incongruência entre o que se é, se faz e se diz, dou-vos apenas um exemplo e que nas manchetes da atualidade passou praticamente despercebido:
O Presidente do Deutsche Bank afirmou há poucos dias e a propósito das novas taxas diretoras do Banco Central Europeu serem estas, de tão baixas, pouco saudáveis.
Mas Sua Excelência esqueceu-se, vá-se lá a saber porquê, de referir o doentio das taxas de juro a que a Alemanha se continua a financiar nos mercados e, sobretudo, se comparando com o que se passa, nomeadamente, nas periferias da Europa.
Liquidez a mais, liquidez a menos, sistema de vasos comunicantes artificial e perigosamente bloqueado.
Pouco saudável e é dizer pouco, é a situação de profundo desequilíbrio que, no seu conjunto, à Europa a afeta!
Ou que julga o Presidente do Banco Central Alemão!?
Que à Alemanha o que à Alemanha lhe interessa e que esta está ou pode permanecer imune à doença que varre toda a Europa?
Pouco saudável é o Euro, essa é que é essa, qual divisa especulativa mais do que de investimento na economia real expondo e fragilizando os países mais fracos que o integram mas não deixando de levar todos os outros por arrasto, é uma questão de tempo e o tempo urge não se compadecendo mais com porfiadas e calculistas agendas domésticas, quanto mais tarde, aliás, pior, continuar, sobrevalorizado, a valer o que vale e sem que ao Banco Central Europeu lhe sejam concedidas todas as prerrogativas que a um banco central, verdadeiramente, lhe competem.
Por quem se toma o senhor Deutsche Bank?
Halt den Mund que o mesmo quer dizer cala-me essa boca!


segui, criteriosamente, os links que de texto para texto, a partir deste, se vão, sucessivamente, disponibilizando

( onde está a genialidade alemã? )


Jaime Latino Ferreira
Estoril, 14 de Maio de 2013



3 comentários:

Jaime Latino Ferreira disse...

CAROS LEITORES,

Nesta abordagem, eu tinha duas hipóteses, a saber:

Ou depreciava as qualidades da cultura alemã como muitos, compreensível e indignadamente, tendem a fazê-lo e virando-a contra mim;

Ou, inversamente, puxava pelo que de melhor essa cultura tem, afinal uma entre tantas e, desejavelmente, iguais, chamando-a a mim e sem ferir, já agora, a legitimidade tanto dos eleitos como dos eleitores alemães.

Optei, decididamente, pela segunda delas e disso, não me arrependo, muito antes pelo contrário.

Vosso

Jaime Latino Ferreira
Estoril, 14 de Maio de 2013

manuela baptista disse...

e como eles não se calam, eu tapo os ouvidos...

muito bom!


Wim Wenders, também é alemão

Egas Branco disse...

Concordo consigo, caro Amigo, em não querer diabolizar a cultura alemã.
Aliás tenho o máximo respeito pela cultura dos outros Povos, sejam eles quais forem - brancos, pretos, amarelos ou peles-vermelhas...
E algumas das minhas maiores referências não têm a minha nacionalidade. Por isso, se me permite afastar-me do tema inicial, acho um disparate os nacionalismos exacerbados, embora eu, tanto quanto me é possível, seja patriota, isto é, gosto do sítio onde nasci, dos meus amigos mais próximos, vizinhos muitos, e gosto do meu País.
Gosto da Arte e dos Artistas que aqui nasceram. Gosto muito do Cinema Português (daquele que é bom, entende-se).
Em geral detesto e desprezo os que, provincianamente, acham que o que se faz "lá fora" é que é bom... Como trabalhei numa empresa com delegações por todo o mundo, senti muito isso. E também pude concluir que essa atitude, se umas vezes era por oportunismo, muitas outras era por falta de Cultura...
Um abraço