domingo, 10 de junho de 2012

ONDE RESIDE O OBSCURANTISMO

Jean-Michel Basquiat, sem título




Há quem, pelo simples facto de eu escrever e como escrevo, se sinta, por mim, sonegado, isto é, ofuscado ou encoberto pela sombra que lhe farei e pese embora a projeção que tenho.
Por hora, a ainda muito modesta projeção que tenho.
Dirijo a esse quem as minhas saudações e esse quem, sem dizer água vai e como se eu sofresse de alguma contagiosa peçonha, some-se na estratosfera.
Desaparece da vista como se lhe tivesse dirigido um insulto!

Há quem, perante o que eu escreva, acione, de pronto, um permanente blackout informativo.
Não interessa o que escreva ou como escreva, não interessa, tão pouco, se do que escreva recolhe ou não informação que para si toma como útil ou originalmente como sua, não interessa, tão pouco, se o que escrevo é ou não digno de nota mas, sobre mim, logo esse quem coloca uma rolha de silêncio como se o que tivesse escrito não estivesse lá, aqui, melhor dizendo, exercendo essa prepotência quando não, pura e simples, má educação com toda a desfaçatez.
Como se, na feira de vaidades em que esse quem circula, o que eu escrevesse, sobre ele fizesse recair o oblivion que o ofuscasse, fazendo perigar a sua áurea.

Há quem ache que, no jogo que joga, aquilo que conta é o seu lugar no tabuleiro partindo da imensa insegurança que o tolhe e que as outras pedras, permanentemente, a si mesmo fizessem perigar.
Fizessem ofuscar a sua luminescência.
Esse, repito, é um quem permanentemente inseguro e independentemente do seu peso ou posição no xadrez.
Ai se alguém lhe retorque.
Ai se alguém o questiona.
Ai se alguém se atreve a abordá-lo de igual para igual.
Ai se alguém … e por muito que esse quem ostente pergaminhos democráticos irrepreensíveis.

Há quem, gozando de posição dominante, se encarregue de obliterar e por sistema o Outro, de fazer, pelo esquecimento, a vida negra ao seu mais próximo.
quens assim.
Para esses quens a sua afirmação é a negação da afirmação dos outros.
Para esses quens não importa se os não faço perigar no que seja.
Para esses quens, basta que eu exista para que me ignorem.
E como as inquisições já se foram, há lá inquisição maior do que fazer abater, sobre mim, um completo blackout e tanto mais quanto exercido pela calada, sem provas nem danos físicos mensuráveis que se lhes possam apontar.
Deixando, se necessário, a pão e água esse seu próximo mas deles tão distante.

Há quem.
Pois há, mas aquilo com que esse quem não contou foi com a minha resiliência que me faz agir, surpreendentemente e neutralizando-o, quase roçando a ingenuidade, pela inversa dele mesmo e mesmo em relação a ele próprio.
A minha resiliência nunca fez parte dos seus cálculos meramente oportunistas, táticos, de ocasião.
Não sabe o que isso é na exata medida dos princípios que não tem.
E também não contou com outra coisa:
Esse quem não contou com o desenvolvimento exponencial destas plataformas que aqui me fazem existir e projetar independentemente da sua vontade e do seu querer.
Esse quem tem vistas curtas também e tanto mais curtas quanto a ausência de princípios de que padece.
Esse é o seu erro fatal e mesmo se a sua afirmação, estatuto ou razão de ser, por mim, nunca foi questionada nem, tão pouco, posta em causa!

Há quem se ponha a coberto das maiorias para asfixiar as minorias delas sendo expressão, em última instância, o singular, como se a Democracia não fosse, na prossecução da vontade das primeiras, a salvaguarda daquela das segundas sem as quais ela ficaria irremediavelmente amputada e comprometida.


sem qualquer conspirativite, os resquícios inquisitoriais do presente jogam no esquecimento
 

 

Jaime Latino Ferreira
Estoril, 10 de Junho de 2012

3 comentários:

manuela baptista disse...

os blogues são espaços democráticos


escrevemos o que queremos
comentamos ou não

obscurantismo cura-se com indiferença, não dou importância a isso

e acho que este texto pode ser confuso para quem o lê

Jaime Latino Ferreira disse...

MANUELA BAPTISTA


Antes de mais, obrigado pelas tuas observações que me permitem ou alertam para a nota que o teu reparo me sugere escrever:

Neste texto escrevo em tese e não me reporto a nenhuma situação em particular embora, no meu percurso, com muitos quens destes me tenha e me continue a cruzar sem que neles inclua quem quer que me leia ou comente.

Quens.

Sei da intencional e rude semelhança fonética deste com outro termo de diferente significado.

E porque, como escreves, estes são ou deveriam ser espaços democráticos, achei ter chegado o tempo de sobre esses quens, fonte de obscurantismo que o são, discorrer.

Tens razão:

O obscurantismo merece o nosso inteiro repúdio o que não significa que a ele fiquemos indiferentes e por não o ficarmos tal não significa que lhe dêmos mais do que a importância que merece.

Obrigado


Jaime Latino Ferreira
Estoril, 10 de Junho de 2012

Hanaé Pais disse...

Sr. Jaime está zangado?

Escreva um lindo soneto, para ficarmos todos felizes por si.
Aguardamos a música das suas palavras, com requintado dobador ardente.