sexta-feira, 11 de março de 2011

PRECARIEDADE

Sounak, The Game

Num jogo, a omissão de uma das suas peças na disposição que estas ocupam no tabuleiro, retirar-lhe-ia, por ventura e por completo, o sentido revelando-as em toda a sua imensa precariedade


A precariedade começa na leviandade com que se utiliza a palavra.
Leviandade, incoerência, inconsistência.
Há coisas que se dizem e que ou são ou não são para fazer valer:
Quando, como o fez o Presidente Cavaco Silva no discurso da Sua tomada de posse, se afirma que a pessoa humana tem de estar no centro da acção política ou que essa pessoa não é uma estatística abstracta, o que se está, verdadeiramente, a querer dizer com isto?
E tanto mais quanto a pessoa que se afirma, determinada e correcta, democrática e persistente, resiliente o for perante essa mesma acção política?
Respondendo a ela com aprofundada acção política?
E na juventude que saiba encarnar?
Na expectativa que essa mesma acção política crie e que não é para ser frustrada nem, tão pouco, omitida?
Ou é?
Há vinte e dois anos que, em resposta a um apelo veemente ao aprofundamento da Democracia do então Presidente Mário Soares, Lhe respondi à chamada e, de então para cá, não deixei mais de corresponder nesse sentido até que, chegados a hoje, duas décadas e cinco mandatos volvidos oiço estas palavras da boca do Seu sucessor, na Sua tomada de posse, repito e interrogo-me:
Onde está a coerência, a consistência, a congruência no discurso!?
E que precariedade, insegurança a sua eventual falta, na minha própria omissão, volvido tanto tempo numa Obra que se ergue, não cria!?
E o que é que é para valer, a palavra da força ou a força da palavra!?
A força da palavra que ao encontro desse já então veemente apelo, expondo-me, numa incansável prova a estender-se no tempo, não parei mais, até aqui, de desenvolver!?
Que adesão com a realidade tem esse, têm esses dois discursos políticos na omissão da pessoa humana, alvo central que da acção política aprofundada tem de ser!?
A precariedade começa, reside logo na leviandade com que se utilize a palavra e ela cava precariedade sobre precariedade!
Precariedade que vai deixando gerações e gerações num imenso sufoco ...
... à rasca como parafraseando se dirá!
Gerações que ainda agora, algumas delas, mal começam a dar os seus primeiros passos!
Pelo contrário, a firmeza nos princípios e a coerência na acção, falo por mim, essas só podem gerar confiança e segurança adicionais e por mais conturbados que sejam os tempos que transcorram ...
... que o são!

sobressalto cívico seria se a pessoa humana, pelo seu provado mérito mais do que porque escudada numa qualquer manifestação pública de maior ou menor impacto e ainda que pela justa indignação contra a precariedade e por mais ou menos jovem que o fosse, se pudesse, enraizada, rever no poder político democrático pelo reconhecimento que este, pela sua acção e determinado, exercendo a reciprocidade, lhe viesse a emprestar


com o Japão no coração


La Nicolina


Jaime Latino Ferreira
Estoril, 11 de Março de 2011

10 comentários:

manuela baptista disse...

...estou para aqui ocupada a escrever histórias...

e agora faço como a Branca

voltarei, com um tempo menos precário

para te comentar

manuela

Jaime Latino Ferreira disse...

MANUELA BAPTISTA


Precário é que o teu tempo nunca o é!


Jaime Latino Ferreira
Estoril, 11 de Março de 2011

Jaime Latino Ferreira disse...

PEÇAS I


26 300 = + 160 visitantes!


Jaime Latino Ferreira
Estoril, 11 de Março de 2011

Kika disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
manuela baptista disse...

parafraseando

um sábio-cão,

eu acrescentaria que a precariedade acenta, na ausência de carne para fazer croquetes

e começa numa precária conjuntura cerebral da classe que nos governa

das palavras "pessoa humana" estou eu farta, tanto da parte de uma igreja velha e cansada e de outros tantos laicos, que não sabem perspectivar também

e se assim o desejas, pois continua em frente, coerente, congruente e consistente!

eu é que não tenho estaleca para te comentar...

manuela

Jaime Latino Ferreira disse...

FEZADINHA


... espero que tenhas ouvido a Manela, sempre sábia mesmo quando se faz parecer que não!


Jaime Latino Ferreira
Estoril, 12 de Março de 2011

Jaime Latino Ferreira disse...

MANUELA BAPTISTA


Quanto à conjuntura cerebral, rica metáfora da conjuntura europeia ...!

Europeia!?

Carente de Europa, isso sim!

Quanto à estaleca, chegado aqui como poderia ficar dela carente!?


Jaime Latino Ferreira
Estoril, 12 de Março de 2011

Mª João C.Martins disse...

Jaime

Meu amigo

De volta às palavras, (as minhas às vezes também elas precárias, mas nunca levianas, na utilização que delas faço) também eu trago Japão no coração e o cansaço pela forma abusiva com que se desrespeitam as palavras; Pessoa Humana.
Os discursos só têm realmente valor, quando reforçam as condutas, numa postura de congruente confirmação de verticalidade. Fora disso, não passam de uma verborreica falta de senso, e isso, nos dias de hoje, vale o que vale; rigorosamente nada. É por essas e por outras que a credibilidade política está como sabemos.

Um abraço

Jaime Latino Ferreira disse...

MARIA JOÃO


Querida Amiga,

Ora aí está no que, perdoe-me, divergimos:

Os discursos valem o que nós queiramos que, naquilo que digam, seja mesmo para valer ...

Esse é o meu ponto e, exactamente, por aquilo que escreve, a saber:

Para que não se reduzam mesmo a uma verborreica falta de senso com as consequências que sabemos no que toca, entre outras coisas, à credibilidade política!

Um beijinho grande


Jaime Latino Ferreira
Estoril, 17 de Março de 2011

Jaime Latino Ferreira disse...

MARIA JOÃO


Querida Amiga,

Deixe-me, já agora, acrescentar:

Perante as afirmações ou os apelos que se façam, será apenas a quem os faz que compete mantê-los válidos?

Ou caberá, também, a quem essas afirmações e apelos se dirigem, mantê-los, persistentemente, como válidos e consequentes?

Quantas vezes, pela falta de paciência, de persistência, de resiliência, partindo precipitadamente a loiça, àqueles a quem esses apelos se dirigem, não se lhes quebra a congruência?

Não se lhes esvazia, por completo, o sentido?

Não se quebra, com eles, a confiança a que fazem apelo?

Não ficam estes reduzidos a uma verborreica falta de senso, retirando-lhes toda a credibilidade?

Repare:

Há vinte e dois anos que, se quiser, pela minha teimosa resiliência, preencho o discurso político democrático, aquele que se personifica nas suas mais altas instâncias, não apenas de plausibilidade mas também do benefício da dúvida e não é esta minha atitude um contributo ímpar na defesa da Democracia?

Da consequência que reafirma ser importante, imprescindível nela e logo no Seu discurso institucional apostar?

No formalismo representativo que nela importa salvaguardar para que, em simultâneo, concorra para o seu, da Democracia, aprofundamento?

E que tem por alvo, por destinatário, a pessoa humana para lá de toda a estatística?

Eis como o meu caso vai ao arrepio dos comportamentos tidos por normais e que se enquadram, esses sim, na estatística, obliterando os casos concretos que sempre estão aí dispostos a inferir que não há regra sem excepção!

Sublinho uma vez mais por não me parecer dispiciendo:

Há vinte e dois anos!

Outro beijinho

( estatisticamente, quantos beijinhos já Lhe terei dado!? )


Jaime Latino Ferreira
Estoril, 19 de Março de 2011