segunda-feira, 30 de maio de 2011

A FORÇA DO NÃO ESCRITO

Emil Nolde, Ungemalten Bilder, Rotgelbe Wolke

O que se escreve, explicitamente, é o que se escreve mas o que implícito ao que se escreve mas não escrito está, é outra coisa.
O que se escreve tem a força do explícito, do que se vê.
O que implícito ao que se escreve se inclui, tem a força acrescida daquilo que não se escreve e tem-na, a essa força acrescida, exactamente porque não se vê:
Depreende-se apenas, incluído no que se escreve sugere-se e em aberto, exactamente porque pode como não depreender-se ou sugerir-se sem que deixe de lá poder estar.
E sem que deixem de poder lá estar muitas outras coisas, daí a sua força acrescida, que não apenas aquela que nos é ou possa ser explicitamente sugerida.
Olhe-se para esta frase poética:

Há qualquer coisa maior que nos move

O que nos sugere, então, este verso?
Que há qualquer coisa de maior que nos move …
E que coisa é essa que, sendo maior, nos move então?
Causas …
Apenas?
Princípios éticos, convicções … Deus, por exemplo!
Voltemos atrás e escrevamos então:

Deus move-nos

Se tivesse escrito isto, apenas com aqueles que de Deus comungam os poderia, na sua força, fazer identificarem-se.
Todos os outros, deste verso ficariam excluídos!
Agora, qualquer coisa maior …!
Qualquer coisa onde se incluiriam causas, princípios éticos, convicções, a Deus não o excluindo mas que a Ele não se circunscrevesse, a quantos mais nelas os poderia levar a no verso se reverem?
E, pergunto-me, excluir-se-ão, causas, princípios éticos, convicções ou Deus, uns aos outros?
Negar-se-ão entre si?
Escondê-Lo-ei, a Deus e não O explicitando, envergonhada ou oportunisticamente?
Sempre aprendi não dever dizer, escrever, o nome Dele em vão, embora o seu professamento faça parte das minhas convicções mais íntimas e a elas tenho direito mas, se me tivesse limitado a escrever o verso na sua segunda fórmula, quantos dela, nas suas causas, princípios ou convicções os excluiria!?
Quanta força o verso não perderia e ainda que se alegue que Deus a tudo o resto inclui!?
Quanta exclusão, sem o querer, estaria a cometer!?
E há ou não qualquer coisa de maior que nos move a todos, crentes ou não crentes e da qual ou das quais todos partilhamos!?
Há!
E se as partilhamos, ainda que sejam apenas, apenas não, já é muito (!), causas, princípios éticos ou convicções, partilhando-as e para quem creia, ficamos ou não, todos (!), mais perto Dele!?
Na verdade, de que adianta professá-Lo se não agirmos, por causas, princípios éticos ou convicções, em consonância!?
E como, reparai, o próprio Deus, tornando-se explícito, neste contexto não definharia …!
Explícito, não se tornaria Ele demasiado pequeno, exclusivo e mesquinho!?
Há, há seguramente qualquer coisa de mais forte no que não escrevendo se escreve!


Jaime Latino Ferreira
Estoril, 30 de Maio de 2011

sexta-feira, 27 de maio de 2011

ESCURIDÃO LUMINOSA


A Arte é uma escuridão luminosa.
O que aqui escrevo, permanecendo no escuro de uma omissão persistente, irradia luz, luminosidade que das suas entrelinhas, dos contornos do que escrito foi se propaga da escuridão na falta de perspectivas que teimam em nos obliterar …
O que aqui escrevo vê-se, desponta, emerge para lá do que se vê e não vê:
Escultural para lá da escultura que se esculpe;
Pictural para lá do seu sombreado;
Musical para lá do encadeado de som/silêncio, nos harmónicos que faz vibrar.
Arte …
O que aqui escrevo é da arte espinha dorsal, a encoberta ossatura.
Ciência …
O que aqui escrevo é da ciência a interrogação, a criatividade que a propulsiona.
Política …
O que aqui escrevo é da política a atitude, silencioso pulsar que a norteia.
O que aqui escrevo …
Da religião um suspiro, um ar;
Da filosofia, ondulação do mar …
na minha inteira indivisibilidade!
O que aqui escrevo é a vontade de ser mais forte, na força da palavra que suplanta o que a palavra da força, ainda simulacro de guerra de exércitos contendores desavindos mas contidos no limiar da violência …
e da morte!
Na escuridão luminosa do que escrevo a luz para lá do subterrâneo, reflexo persistente que ilumina o túnel que parece não mais ter fim.
Naquilo que escrevo o fim do princípio a renascer em luz!
Luz que se funde no negro.
Negro, mistura de todas as cores!



Jaime Latino Ferreira
Estoril, 27 de Maio de 2011

quarta-feira, 25 de maio de 2011

O PODER FRAGILIZOU-SE - IV -

mapa 3D da proporção de matéria escura


Podemos olhar para a evolução com um olhar meramente antropológico, antropomórfico e concluirmos que, graças aos avanços tecnológicos e civilizacionais, o poder se fragilizou.
Podemos olhar para tudo isso, nessa mesma constatação, com um olhar mais amplo que não apenas o de uma perspectiva antropológica ou antropomórfica.
A escrita é da anti-matéria a matéria negra
Em boa hora se enviou para o espaço, para a Estação Espacial Internacional em construção, um detector de ambas estando elas presentes por todo o lado …!
Aqui, naquilo que escrevo!
A escrita pondera, equaciona o que vai para lá da estrita razoabilidade, do cientificamente comprovado tal como a criatividade na arte o expressa também.
O poder fragilizou-se mesmo na sua representatividade democrática …
Erguem-se um pouco por todo o lado Praças Tahrir como se demonstrando a fragilização do poder, mesmo que democrático, nos discursos estafados que o vão esgotando.
A escrita, sendo matéria negra é a organização primária da anti-matéria, do que está para lá das simples evidências …
… e a política tradicional, nelas focadas, nas simples evidências de um imediatismo primário refém do mediático tende mais e mais a nelas se esgotar!
Tal como a ciência, pela experimentação e partindo das hipóteses que se formulam, negra criatividade (!), dá saltos de exponencialidade sempre crescente, a Política para o ser, ou é ousada nas interrogações que formule, tomando a iniciativa estratégica ou tenderá a ver-se mais e mais ultrapassada pela força esmagadora, desintegradora dos acontecimentos correndo sérios riscos de colapsar.
E sem essa ousadia … é a própria Democracia que, arrastada pela vertigem da aceleração histórica das partículas, lhe poderá seguir no encalce!
Há muito tempo já que formulei a hipótese de termos ou estarmos envolvidos num processo de Travessia de um Buraco Negro e nada me garante que não tendo esta hipótese em consideração tendamos, cada vez mais a não saber como abordar o real dele perdendo, por completo, a adesão.
Permanece de pé esta minha hipótese que em muito precede a sua abordagem neste meu blogue.
E permanece também o silêncio que à minha hipótese a parece também omitir nos riscos crescentes que a sua própria omissão possa, cada vez mais, representar.
A fragilização crescente do poder democrático cujos riscos obrigam ao seu aprofundamento, como já, por aqui, exaustivamente também desenvolvi é, em si mesma, mais uma prova da Travessia para a qual, de há muito que Vos alerto!


Jaime Latino Ferreira
Estoril, 25 de Maio de 2011

segunda-feira, 23 de maio de 2011

O MEU PODER - III -


O meu poder reside, por ora, naquilo que escrevo e em como escrevo.
No que escrito se espraia por todo este blogue, para lá dele e independentemente de quantos o leiam.
Não se afere, aquilo que escrevo e que me confere esse poder, pela quantidade daqueles que ao que escrevo aderem como não.
O que escrevo e que me confere esse poder deriva, antes de mais, dos seus próprios conteúdos.
Posso, no que escrevo, estar sozinho ou ir, completamente, a contra-corrente que, nem por isso, o que escrevo deixa de conter esse poder de que falo.
Se, por exemplo, naquilo que aqui, nesta página, escrevo me o não forem capazes de desmontar, explicitamente tal como eu, explicitamente também, aqui me atrevo a escrever, quanto mais denso de leituras o que escreva o for no seu complexo contraditório mas que se torne blindado muito embora permanecendo em aberto, maior o poder implícito que nele, no que escrevo, subjaz e germina.
Germina aqui, nesta, como no conjunto das páginas vulgo posts que compõem este meu blogue, nos conteúdos das suas caixas de comentários ou em tudo o que os precede ou que para lá deles num corpo sistemático e coerente de ideias se vai expondo.
Um poder residual, emergente que do que escrevo se manifesta e para lá do que se manifesta.
Esse é, por ora, o meu poder.
Mas se esse poder, no que escrevo, no que vou escrevendo e que vai resistindo à prova do tempo, anos fora, existe, que poder, em si mesmo, não se contém, detenho e se demonstra?
O meu poder reside, por ora, naquilo que escrevo e em como escrevo e se assim é, que poder não me estará, então, reservado …!?
E mesmo se apenas residual e simbólico como sombreado de mão que escreve valorizando o real em partitura!


Jaime Latino Ferreira
Estoril, 23 de Maio de 2011

sábado, 21 de maio de 2011

O PODER DO CANDIDATO - II -


Com quem falas tu, tu que julgas ter ou vir a ser detentor de poder?
Comigo, com o Povo ou com o teu contendor?
Com que direito, poder te arvoras tu em falares por mim ou em meu nome?
Por teres muitos votos?
Por julgares, confiscando-os, vires a ter muitos votos?
E com o teu contendor, que razão te assiste em o citares apontando-o avulso e descontextualizado?
Ou por o julgares a cronómetro, sem peso, nem conta e nem medida?
Porque é que ao teu contendor te obstinas em estigmatizar, julgas que o teu poder é daí que advém?
Que poder tens tu só porque julgas ter uma facção que te dá o seu apoio e cobertura incondicionais?
Que poder tens tu?
Que sabes tu de Política?
Só por saberes alguns e estafados lugares comuns de economia?
Ou de finanças?
Por julgares ter contigo o monopólio do bem-fazer?
Ou por conseguires rasteirar prontamente o teu adversário?
Ou o eleitor?
Julgas que a experiência de poder é um exclusivo que dos outros te diferencia e distancia?
Que poder tens tu só por conseguires debitar meia dúzia de soundbites tonitroantes?
Só porque sabes alguma coisa de marketing?
Que poder tens tu só porque exerces a chantagem com os demais e os teus pares e iguais?
Por conseguires dizer meia dúzia de patacoadas repetitivas e até à exaustão?
Que poder tens tu?
Que poder tens tu só por não gaguejares à frente de uma câmara de televisão?
Que poder tens tu só por saberes subir a um púlpito e dele conseguires empolgar uma multidão cuidadosamente seleccionada?
Ou isso apenas de ti faz, quanto muito, um demagogo eficaz?
Que poder tens tu só por seres alvo da projecção mediática sujeitando-te às suas próprias regras?
E serão elas, as regras mediáticas, verdadeiramente democráticas?
Que poder tens tu no uso que fazes da palavra?
Tomas-nos por quem na ilusão de poder que julgas deter?
Que poder tens tu:
O da força da palavra ou o da palavra da força?



Jaime Latino Ferreira
Estoril, 21 de Maio de 2011


quarta-feira, 18 de maio de 2011

SE EU FOSSE MUITO PODEROSO - I -

o que aqui escrevo em tese parte do pressuposto de um espaço democrático assente na divisão de poderes e no Estado de Direito, onde as instituições funcionem regularmente

 

Há coisas que são inomináveis e que cabe, tão só, aos tribunais apurar mas se eu fosse, em tese, muito poderoso ou se guardasse expectativas de poder ainda maiores, se essas coisas me seriam, como são, logo em consciência e enquanto cidadão comum interditas não quereria, melhor, não poderia, tão pouco, dar-me ao luxo de ser incauto.
Incauto de falta de cautela ou de imprudência, atributos prejudiciais, contrários ao exercício do poder.
Como tal, factura que se paga, sem dúvida, mas que se assume ou não, desejaria estar permanentemente protegido em nome da minha própria integridade e em nome do exercício estável do poder que me viesse a ser ou estivesse confiado.
Integridade …
Quando falamos de integridade, falamos de integridade física tout court mas também de integridade em sentido amplo, da integridade indispensável ao exercício dos cargos que nos sejam delegados.
Deste modo a protecção permanente que me fosse garantida se impede a agressão à minha integridade física dissuade que contra ela se armadilhem situações que à minha integridade, enquanto pessoa, a pudessem vir a questionar.
Não me poderia, pois, comportar como um cidadão comum ou pretender andar por aí à vontade, de dia ou de noite.
Não poderia, tão pouco, ter assomos de liberdade que as opções por mim feitas, elas próprias livremente por mim feitas, denegariam.
Assim exigiria, vinte e quatro sobre vinte e quatro horas por dia, ser tratado como um prisioneiro, de excepção, sem dúvida, mas cujos passos fossem permanentemente vigiados assim como, não menos importante e implicitamente, testemunhados!
Deste modo e neste sentido, dissuadido seria de fazer o que não devo, o que não posso, o que liminarmente condeno e por incauto é que não poderia ser tomado.
Eis um dos preços que se pagam, hélàs, pelo exercício do poder, preço tanto maior quanto o poder o possa vir a exigir.
Não se pode ser, em simultâneo, poderoso e gozar da liberdade de um cidadão comum.
Provavelmente … hoje mais do que nunca!



Jaime Latino Ferreira
Estoril, 18 de Maio de 2011

segunda-feira, 16 de maio de 2011

DESTE LUGAR


Deste lugar que criei
o que vejo semeei
um pé na terra e no ar
o outro que os faz andar

Dois na terra rastejar
léguas sem fim nem lugar
circular em que rondei
o que não mais encontrei

Um na terra o que guardei
seiva com que alimentei
tudo o que dou e que sei

No ar pé do meu sonhar
com o qual não vou parar
como flauta de tocar


Jaime Latino Ferreira
Estoril, 16 de Maio de 2011

sexta-feira, 13 de maio de 2011

O PLANO QUE CRIEI - III -


fotografia de Manuela Baptista, hEra

Que lugar, pelo mérito demonstrado, garantia maior em que ao fim de vinte e dois anos persisto como persistirei e pesem todas as omissões (!), me deveria ser emprestado!?


Empréstimo …
O Mundo foi-nos dado por empréstimo e do que dele façamos, aquilo que merecemos!
Nada do que tenho, senão transitoriamente é meu.
Tudo o que venha a ter, apenas transitoriamente será meu …
… meu por usufruto!
Falta este meio termo entre a propriedade pública e a privada, a usufrutuária ou aquela que se detém apenas em função do mérito escrutinado e apenas enquanto este não prescrever.
Tal como o lugar de que falo na citação acima e que não poderia senão ser encarado como um empréstimo transitório debitado em função do mérito permanentemente escrutinado.
Valor de negatividade abrangente.
Negatividade de numeração negativa, esse potencial económico por explorar em contraponto do ter cada vez mais e do que sendo público, neutro, sendo de todos não é de ninguém quando não fica a saque!
A ser usufruído pelo mérito e apenas em função dele reconhecido, merecido.
Tal como o Mundo não é meu nem nosso, apenas nos foi emprestado, também a minha Obra a estender-se por décadas já e até aqui nunca contraditada (!), não é verdadeiramente minha.
Ela é-me, pelos meus dotes, eles mesmos emprestados, debitada a meu favor
Não a registo, dela não recebo direitos nem recorro, por minha iniciativa, a outra intermediação que não a deste blogue, é nossa e sem esse sentido de pertença, de usufruto universal, sem esse espírito de Serviço perderia também todo o seu sentido.
É por empréstimo que usufruirei de um lugar residual mas global de representação exercendo o público silêncio, esse bem em escassez absoluta mas, todavia, permanentemente escrutinável e não faltam mecanismos democráticos para o fazer, lugar que não será meu mas do Povo, eu dele apenas e enquanto merecedor usufrutuário, actor imprescindível ou imperador do silêncio público pelo exercício da palavra nos bastidores ou por escrito em última instância, ao qual todo este exercício a que me tenho livremente sujeitado me empresta essa dívida creditada (!), ao dispor da Humanidade.
Da Humanidade no seu conjunto!
Plano ...
Um palco sem púlpito, musical ... silencioso.



Jaime Latino Ferreira
Estoril, 13 de Maio de 2011

terça-feira, 10 de maio de 2011

O PLANO QUE CRIEI - II -


fotografia de Manuela Baptista, lique(n)feito

a todas estas garantias uma outra ter-lhe-á de ser acrescentada, à Democracia, qual cereja em cima do bolo e garante das minorias tão minoritárias quanto estas se revejam no próprio indivíduo singular ou garantia da sua máxima diversidade, um poder residual de influência não sufragável no sentido estrito mas escrutinado à lupa e a confundir-se com o cidadão comum.

Não há minoria mais minoritária do que aquela que se revê no próprio indivíduo singular e cumpridos que sejam os preceitos da Declaração Universal dos Direitos do Homem e do Cidadão.
É nele que as suas garantias, as garantias das minorias, a outra face mais esquecida da realização da própria Democracia mas indissociável do cumprimento da vontade da maioria, se revêem:
Se à luz dessa mesma Declaração a soberania, sagrada, inviolável, reside na nação esta não se realiza, também, sem que no primeiro, no cidadão se reveja e tanto mais quanto este àquela, na sua integralidade, a salvaguarde.
Assim e tal como a soberania das nações é inviolável, sagrada esta apenas se cumpre na sacralidade, na inviolabilidade da soberania singular.
E é aqui, no cumprimento, enchimento deste sistema de vasos comunicantes, que falta, que urge aprofundar a Democracia!
Sob pena da acção política se esvaziar de conteúdo ou seja, desta perder o enfoque na deriva que a desumaniza, isto é, que à pessoa humana que ela tem de ter por meta a atingir possa, tenda a esquecer.
E o cidadão, esse não se sufraga:
Ou é ou não é!
Ele não se divide em partes:
É!
Escrutina-se, quanto muito, e tanto mais quanto este a isso voluntariamente se disponha:
Expondo-se publicamente e dando-se a aferir;
Numa prova a estender-se no tempo e dispondo-se, a contra-corrente, a uma longa travessia do deserto que o teste e ateste.
Num tempo de globalização acelerada e varridos todos os confins de um Mundo, finalmente, a descoberto, também nação adquire um significado particularmente abrangente:
O Mundo, ele próprio, se transforma na nossa Pátria, Pátria das pátrias nas pátrias, Culturas, línguas, nações que perfilhamos.
E estas mais não têm do que coexistir pacificamente nos desafios que com crescente acuidade, perante as alterações climáticas que o interpelam e que se reflectem na evidente escassez e carestia de recursos energéticos, alimentares e da água, essa acuidade fundamental (!), esses bens universais que não podem ser alienados.
Alienados do seu fim, objectivo essencial:
O indivíduo, o cidadão, a pessoa humana a quem eles se destinam sem exclusão de ninguém, e a quem antes de mais e universalmente, têm de beneficiar nas fronteiras que a crise ambiental não conhece e diante de cuja escassez de recursos as disputas nacionais, elas próprias tendem a tornar-se, verdadeiramente, imorais.
O universo confunde-se e remete, deste modo e aqui também, com e para o próprio cidadão!

 
Jaime Latino Ferreira
Estoril, 10 de Maio de 2011

sábado, 7 de maio de 2011

O PLANO QUE CRIEI - I -


fotografia de Manuela Baptista, hEra

Como escrevia na página anterior, daqui em diante fixar-me-ei pois, mais e mais noutro plano, aquele que eu próprio criei e dele não faço tensões, em princípio, de me retirar.
Esse plano tem o tamanho da minha ambição, da minha legítima ambição …
Vamos pois considerar:
Imaginemos que a Democracia para ser plenamente aprofundada, realizada, não basta embora seja indispensável, que nela se realize a vontade da maioria que apenas pela sua representatividade conseguida através do sufrágio universal e do sistema pluripartidário pode ser garantida;
Não basta que seja salvaguardada a divisão de poderes que se traduz, não apenas nos planos autónomos mas interdependentes dos poderes representativo, legislativo, executivo e judicial garantindo a implementação de um verdadeiro Estado de Direito;
Não basta que seja, ainda, salvaguardada a separação entre o poder temporal e o intemporal ...
Mas que a todas estas garantias uma outra lhe seja acrescentada, qual cereja em cima do bolo e garante das minorias tão minoritárias quanto estas se revejam no próprio indivíduo singular ou garantia da sua máxima diversidade, um poder residual de influência não sufragável no sentido estrito mas escrutinado à lupa e a confundir-se com o cidadão comum.
Que exigiria deste uma prova a estender-se, implacável, no tempo, pondo, não apenas à prova a sua resiliência na fidelidade constante, perseverante à própria Democracia mas desafiando-o sem que lhe fosse dito, implicitamente portanto e deixando-o por sua conta, a aprofundar, quanto mais globalmente, abrangentemente melhor, a Doutrina Política dando-Lhe, à Democracia, ao sistema democrático e global um rosto, personalização, carácter;
Individualidade;
Raízes;
Num sistema abrangente de valores que abrisse uma nova era …!
Que se desenvolvesse por meios pacíficos e consistentes!?
E que eu tinha atingido essa meta sem guerras de qualquer tipo, sem exercer violência física ou psicológica, sem tropas de choque ou de pressão na salvaguarda e no respeito pela pessoa humana, expondo-me publicamente e para lá de quais fossem as colorações políticas ou outras desde que democráticas, mantendo sempre a equidistância em relação a todos os poderes e instituições!?
Na salvaguarda da equidistância entre República e Monarquia Constitucional, na Coisa Pública que aqui, exposta, se afirmasse!?
Equidistante de Nações, Povos e Culturas como câmara de silêncio para a qual, agora, mais e mais me predispusesse …
Que lugar, pelo mérito demonstrado, garantia maior em que ao fim de vinte e dois anos persisto como persistirei e pesem todas as omissões (!), me deveria ser emprestado!?
Será que o mérito não tem de ser globalmente reconhecido na catarse que, implícita, pela confiança desabrida no sistema induziria!?
E será que todos e a começar pelo sistema democrático global, não teremos a ganhar com isso, com essa consagração!?
Imprescindível Actor, aqui transparentemente aberto ao contraditório e à mão de semear …!
Esse foi o plano, o Plano Político que criei e do qual não faço tensões de me retirar, desviar muito menos!


Jaime Latino Ferreira
Estoril, 7 de Maio de 2011

terça-feira, 3 de maio de 2011

DAQUI EM DIANTE


Madu_lopes, Cidadeando

Daqui em diante e depois de me ter visto forçado a replicar Camões e a pronunciar-me, não o poderia ter deixado de fazer (!), sobre a morte de bin Laden, passarei a espaçar no tempo as minhas páginas de tal maneira que, apenas em última instância as publicarei!
Durante estes últimos dois anos e cinco meses e como o escrevi no meu perfil, senti-me na obrigação de me desdobrar quase diaristicamente com vista a que este, o meu perfil, fosse, no meu blogue e publicamente, rápida e de forma suficientemente abrangente desvendado …
Podereis consultá-lo, ao meu perfil, lendo-me de fio a pavio!
Cumprida essa meta, outro ritmo se impõe, sob pena de me ver, eu próprio, arrastado, engolido pelos acontecimentos coisa que em tudo faço como sempre fiz questão de salvaguardar, eis a minha marca de água (!), assim como de não me confundir com um simples comentador ou analista.
E deixo, na primeira pessoa e de há três páginas a esta parte, a soar:

Quem ora soubesse
que o semeasse
não vi em meus anos
que muito durasse
quem ora soubesse
que o semeasse
não vi em meus anos
que não magoasse

… como se me impusesse a mim mesmo, como diz a legenda da ilustração que encabeça esta página, o lema quem ama deixa livre!
Livre de por amar … saber delegar!
Nem sobre os constrangimentos que se anunciam aos meus concidadãos, meus próprios também (!) e sobre cujo enquadramento geral não me coibi de exaustivamente sistematizar, me irei, em princípio, pronunciar já que haverá, não o duvido, quem sobre eles, no concreto, mais habilitado esteja do que eu para o fazer …!
Situar-me-ei pois noutro plano, aquele que eu próprio criei e dele não faço tensões, em princípio, de me retirar.
Aqui fica para Vosso cabal esclarecimento apelando, em simultâneo, à Vossa paciência e compreensão!
Estarei atento por aqui, Convosco sempre atencioso, Vosso


Jaime Latino Ferreira
Estoril, 3 de Maio de 2011

segunda-feira, 2 de maio de 2011

BAIXA


O terror sofreu uma pesada baixa simbólica com a morte de Bin Laden.
Quando, a 11 de Setembro de 2001, este se tornou globalmente conhecido, todos nos sentimos atingidos e independentemente de sermos ou não americanos ...
... ou todos nos sentimos americanos!
Todos nos sentimos por ele feridos e manietados e independentemente das nossas crenças, culturas ou ideais.
Todos nos sentimos amputados na nossa capacidade de amar, reféns que dele nos colocou e virando-nos uns contra os outros, no inominável do terror perpetrado e que na sequência deste atentado, em réplicas sucessivas, com muitos outros nos atingiu em vagas anestesiantes e inqualificáveis.
O terror sofreu uma pesada baixa simbólica!
Mas não nos equivoquemos:
Com ele foi aberta uma nova era de meandros subterrâneos, sinuosos e mutantes, sempre prontos a virarem-nos uns contra os outros e a subverterem, fragilizando-os, os alicerces da convivência democrática, cosmopolita e global.
O subterrâneo do seu território privilegiado de acção é aquele que tenta subverter a soberania individual e que dela, não fora pouco (!), apenas se destrinça pelos meios utilizados, meios esses que fazem a diferença no reconhecimento do singular e susceptíveis de ao terror o poderem neutralizar.
Neutralizar sim porque não se pense que este, o terror, pode ser eliminado!
Escrevo, entenda-se (!), sobre a neutralização política e não logística do terror!
Pensar de outra maneira seria desarmarmo-nos na luta desigual que contra ele travamos …
Com a morte de Bin Laden o terror sofreu uma pesada baixa simbólica!

declaração oficial do Presidente Obama

Jaime Latino Ferreira
Estoril, 2 de Maio de 2011