segunda-feira, 25 de junho de 2012

TEMPO PRESENTE





O tempo presente é o resultado da conjugação das coordenadas Passado e Futuro.
A bem dizer, o Presente não existe, mal passa foi-se.
Passado e Futuro esses estão sempre bem presentes, não gozam de nenhuma rigidez e de como os olhemos alteram, condicionam o tempo que passa:
Conforme os olhemos no sentido que lhes atribuamos como não, assim o momento presente converge ou não numa determinada direção.
Se eu vir ou não poder deixar de ver o meu passado como fechado ou o meu futuro como pré-definido ou determinado, então, o meu presente é, ele também, definitivo.
Se, pelo contrário, para eles, Passado e Futuro, os olhar como não definitivos, interativos com o meu livre arbítrio, com a minha capacidade de decisão, comigo próprio ou com a minha Liberdade, assim eles movem-se e se ajustam, adquirem outra e maleável profundidade.
Isto dentro de parâmetros de relatividade e nunca se a esses parâmetros, caindo no relativismo absoluto, os não tivermos em linha de conta.
Explico-me melhor:
Não se pode fazer tábua rasa da História, seja ela individual ou coletiva mas conforme a interpretemos assim também o que será virá ou não a ser assim e mesmo se independentemente do nosso tempo de vida útil ou, pura e simplesmente, de vida.

No que toca ao Passado, não será difícil admitir que assim seja mas quanto ao Futuro, aí, as coisas poderão fiar mais fino.
Eu sou o Futuro do Passado e tu também o és.
Então por que é que não evoluímos todos num mesmo sentido?
Se o Passado tem muitos passados, tantos quantos aqueles que somos o Futuro, esse também, por quantos somos tantos mais os serão.
E ele, o Futuro, é parte da malha que nos envolve e que vai do Passado ao Futuro.
Conforme o Passado em interação com cada um de nós assim o somatório dos futuros que no Futuro se espelha.
Dinâmico, tão dinâmico e interativo quanto o Passado.
Eu vejo um futuro aberto e tudo faço para que assim seja e ele abrir-se-á.
Tu vês um futuro fechado e nada fazes ou nada julgas poder fazer para que o contraries e ele fechar-se-á sobre ti próprio.

Ambos, Passado e Futuro, estão bem presentes, diria mesmo que são o momento presente.
Estão connosco quer nos vestígios materiais como imateriais do Passado sempre por redescobrir quer nos desejos, objetivos, anseios de Futuro.
No que a este último lhe concerne a Arte tem dele, do Futuro, um especial condão de adivinhação ou premonição.
Do Passado, aos seus vestígios também os tem e não poderia deixar de ser assim já que ela o transporta ou catapulta para o Futuro.
Da Arte pode-se então dizer que transporta consigo vestígios do Passado como do Futuro
Não há, aliás, Futuro sem Passado e o contrário também o poderá ser dito.
Vivemos como se numa miragem.
E o que essa miragem nos diz é que só vemos, só vivemos aquilo que quisermos, podermos ver e só vemos se estivermos em condições, fizermos por o ver.
E como, importantíssimo este como, o vemos!
Se no meu Passado eu não visse sinais de Futuro, o meu presente seria completamente sufocante.
Mas como em ambos a ambos, nos sinais de abertura que consigo transportam, os vejo, o meu presente e logo neste meu texto que aqui se conclui, respira e liberta-me.


o Presente é o Passado do Futuro




Jaime Latino Ferreira
Estoril, 25 de Junho de 2012


1 comentário:

manuela baptista disse...

a arte e Proust

em busca do oxigénio e da serenidade

pois se vês, vais