Jaime Latino Ferreira, Movimento I, Junho de 2010
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Olha-se para um texto escrito e a tudo se assemelha ele com um inerte, sem movimento próprio e aparente, aquilo que produz inércia.
Coisa própria dos corpos que não podem, de per si, alterar o seu repouso ou o seu movimento.
Um texto como aquele que aqui me disponho a desenvolver no inalterável enquadramento com que o acabarei por editar, amálgama de palavras que imóveis se acabarão por fixar, estáticas, paradas, como uma estátua, queda-se para sempre em repouso ...
... ou não!?
Já para não falar da sua génese que por avanços e recuos o levará a tomar a sua forma definitiva, na qual o movimento é uma constante já que os meus dedos não pararão de saltitar de tecla para tecla na voz e no pensamento que em acelerado movimento os vão comandando, a sua estática ou inércia são apenas uma ilusão de óptica ...
A escrita é uma roldana, maquinaria feita dos mais subtis mecanismos, engenho virtual, uma virtuosidade violinística que a quem a leia, sinta, oiça no encadeado das suas letras inamovíveis o levará a escorregar, fluir pontuadamente por elas contrariando a inércia e alimentando a estática ou aquela parte da Mecânica que trata do equilíbrio das forças ou da doutrina do equilíbrio, ele também, das combinações químicas.
Inerte é coisa que, superadas as aparências, a escrita que a um texto o acaba por, uma vez concluído, formatar, não é!
E isto, mesmo para lá do que as letras e palavras, pontuação, signos que ao texto, por fim, definirão, estritamente revelam.
É que, para lá do que se vê, do que fica amostra, do que aqui, finalmente, se acaba, em definitivo, por desenhar, há todo um encadeado de movimentos, tão ou mais subtis do que as próprias combinações químicas que se despoleta em quem usufrua do benefício, do privilégio da leitura.
Como na música, a sua estática é apenas a resistência, que força de enorme dinamismo (!), que se ofereça ao seu usufruto!
Se um texto poderá traduzir um sonho e a poética é-o invariavelmente, nas estritas leis que ao próprio texto o regem, não sei mesmo se haverá coisa mais dinâmica e interactiva com o movimento dito real, do que ele próprio ...
Num texto, pelo que se escreva, permanecemos vivos, realmente vivos, em movimento perpétuo!
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Jaime Latino Ferreira
Estoril, 20 de Junho de 2010
Jaime Latino Ferreira, Movimento II, Junho de 2010
25 comentários:
inertes não somos
quando pegamos na máquinazinha e tiramos estas belas e não inertes fotos!
anda tudo à roda e nem era preciso um texto tão fundamentado e bem escrito, para provar a tua não inerte escrita...
basta estar do outro lado da porta e ouvir
-o matraquear no pobre do teclado, que ainda não foi capaz de te convencer que NÃO É uma máquina de escrever Royal!
-as tentativas musicais altaneiras
-o grito de "e agora o que é que eu fiz?!!" quando a coisa corre mal
inerte é que esta casa não é!
agora ia dizer "bela a música" mas ...ainda não a ouvi!
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Manuela
"Num texto ou poema que se escreva permanecemos vivos"...
Ou não será a ilusão nossa que nos leva a sentir o que escrevemos Eterno?
Para mim o poema está vivo
outros o lêm gostam, não gostam,
esquecem.
O Eterno do poema está em mim!
Quem o leu...esqueceu, vai a outro lado e torna a esquecer.
Então, sem dúvida, a eternidade é apenas nossa!
Com amizade,
Mª. Luísa
MANUELA BAPTISTA
Trouzeste contigo o batalhão das tuas carantonhas todas só para me intimidar!???
Engraçadinha!
Jaime Latino Ferreira
Estoril, 20 de Junho de 2010
MARIA LUISA ADÃES
Querida Amiga,
Chamadas de reflexão as Suas ...!
Concerteza que se o Eterno, o que é perene não estivesse em cada um de nós, não o conseguiríamos projectar num texto escrito ...
Mas ele está em cada um de nós e chame-se-lhe o eterno, o perene, o que permanece ou o que resistindo à prova do tempo se torna num clássico!
E estando-o, distanciadamente conseguimos, eventualmente, projectar neste suporte e tocar o permanente eterno que há em cada um de nós tornando-o nossa colectiva pertença e não apenas singular na identificação em que nos possamos rever, pelo que escrevemos, naquilo que lemos.
A eternidade é apenas nossa, nossa de nós todos!
Um beijinho amigo
Jaime Latino Ferreira
Estoril, 20 de Junho de 2010
Jaime,
Li o seu tão bem fundamentado texto, mas lhe garanto que nenhum é inerte ou se assemelha a tal, só na aparência do olhar, mal o comecemos a ler ele ganha vida, movimento, acção e passa a fazer parte de nós e a ser também um ele de ligação entre o autor e o leitor.
Tanto poderia dizer do valor da palavra, como ela é tantas vezes arma e libertação, mas graças aos lindos meninos que passaram no Brancamar, tal como o Jaime, que muito agradeço e que por lá tem uma resposta e ainda outros que também passaram vindos dos nossos longos caminhos pela "Catedral" do querido Salvador Vaz da Silva, ainda aqui estou a estas horas, quando tinha imposto a mim mesma deitar-me às 24h, mas eis que depois do pequeno gesto que me impus, recebi um e-mail da Organização que nem por sombras podia deixar para tràs para me deitar, nem é assunto que se ponha para tràs do sono.
Vou receber um afilhado novo e estou tão contente, ainda não sei quem porque não escolho crianças, será a que me fôr indicada, se possíval a que mais precisar de uma madrinha, seja ela quem fôr, tenha a patologia que tiver, será apenas a partir de agora a mais querida das crianças para mim.
Muita outra informação me chegou deles, muito importante e como vê o texto é algo sempre em acção, às vezes com vida quase própria.
E agora desculpe-me, Jaime.
Manuela há-de explicar-me a diferença entre :) e :/
Beijinhos sem sono para os dois.
Branca
Perdão pelos erros, aquelas duas troquinhas pequenas de letras: eles em vez de elos e possíval em vez de possível - parece mesmo impossível, isto é castigo de não dormir a horas decentes.
Beijos
Branca
Uh, uh! Branca?!
o despertador já tocou! então hoje não vai trabalhar?
ainda por cima sem poder tomar café...
beijinho
Manuela
BRANCAMAR
Querida Arminda,
É como escreve, não se escolhem crianças e um texto mexe!
E desculpe-me não aparecer mais no Seu blogue mas não é por qualquer desconsideração, não é não!!
É a gestão do meu tempo que me o obriga a fazer!!!
Então não gostei de ver por lá tantos dos que acompanharam, na blogosfera, Salvador Vaz da Silva!?
É que foi lá que me iniciei nestas lides e se não fosse essa rodagem não a teria conhecido a Si, a todos os outros e à Filomena Claro em particular que foi quem me ofereceu este blogue que tanto me tem absorvido, sabe disso, não sabe!?
Um grande beijinho e um pequeno gesto não custa nada!!!
Vão a: http://brancamar.blogspot.com/
Jaime Latino Ferreira
Estoril, 21 de Junho de 2010
BRANCAMAR
Minha Querida,
Decidi que vou por, de imediato e em primeira página o link de acesso a Si e a essas crianças tão carentes de tudo!
Beijinhos
Jaime Latino Ferreira
Estoril, 21 de Junho de 2010
MANUELA BAPTISTA
Ai se eu pudesse enviar, por esta via, um café à Brancamar!!!
Jaime Latino Ferreira
Estoril, 21 de Junho de 2010
Voilá!
um pequeno gesto...
Manuela
"Num texto, pelo que se escreva, permanecemos vivos, realmente vivos, em movimento perpétuo!"
para sempre permaneceremos nas palavras que escrevermos
eternamente ficaremos num texto
engraçadas as palavras...não acha Jaime..?!
sem deixarem de ser verdade podem ser engraçadas
beijinhos de palavras num abraço amigo
dulce ac
um beijinho tertuliano aos tertulianos que por aqui moram...
os que conheço...
olá's Jaime, Manuela, Linda e José...!
e um "até depois" amigo
beijinhos!
dulce ac
Querido Jaime e Manuela,
Obrigada pelo despertar e pelo cafézinho virtual, os outros serão excepção. Vou comprar um porquinho mealheiro, baptizá-lo de "Um pequeno gesto", será uma maneira de não me esquecer de cada vez que me apeteça um café de mandar o gasto para o porquinho e de pensar que devo agradecer tudo o mais que tenho.
Obrigada Jaime pelo seu gesto.
Tenho algum material que me chegou ontem já tarde da responsável da Organização, porque esta gente não dorme e que vou tentar juntar ao post.
E claro que me lembro do dia em que a Filomena Claro lhe ofereceu este blog, eu estava cá, foi no dia do seu aniversário, uma belíssima e merecida prenda, a que precisava para estas aventuras a que se tem lançado e muito bem.
Até logo.
Com muita amizade
Beijinhos
P.S. Manuela, enquanto dormi meia noite, o pessoal que trabalha no terreno perde muitas noites naqueles largos horizontes de África e não passei parte do texto a pensar em si, porque sei do seu "amor" às osgas, mas deixo aqui agora um cheirinho dele:
(lá em casa têm porcos, cães, gatos, tartarugas, galinhas, osgas, formigas gigantes, baratas, ratos de vez em quando e, agora, uma cabrita prenhe), hihihi. Naquelas circunstâncias deve ser uma delícia!!! :))))
"esta é uma página afectuosamente imperfeita
porque um amor-mais-do-que-perfeito sei eu que está..."
e voo hoje mais perfeito não há..!
do blogue da Manuela voamos para o
blogue da Brancamar e estamos aqui...
e lá lemos a "História de um amor perfeito!"
e vemos as fotos...
e naquelas vidas podemos tudo mudar num pequeno gesto amigo
e nunca nada será igual na vida daquelas crianças
e estando longe a verdade é que podemos chegar lá em tempo
e devemos pensar a sério nisto ...
porque a importância da vida está na consumação de muitos destes gestos
serão sempre carinho serão sempre a melhor essência do que somos ...
ou do que poderemos vir a ser
e a partilha que se faz desta realidade é que pode mudar a vida destas crianças e a verdade é que cada um de nós também pode fazer parte de uma "história de um amor perfeito" e só por este acontecer já valerá bem a pena...
só por este acontecer já valerá bem a pena o nosso esforço para crescer...
Obrigado Jaime
num primeiríssimo Obrigado à Manuela e à Brancamar.
dulce ac
ai, ai, Branca!
não é preciso ir tão longe para ter osgas no quintal...
venha cá, se faz favor!
:/ = enjoada
:// = muito enjoada
:) = feliz
:)) = muito feliz
capice?
beijinhos
Manuela
Branca
a verdadeira razão de tanta canrantonha é esta:
o Jaime não gosta de :))
nem de ,,,,,,,,,,,
ou de :/
então, foi só para o chatear!! e teve sorte, porque eu tinha prometido uma página inteira
beijinhos
Manuela
MANUELA BAPTISTA
Pequeno gesto!?
Um cafézinho por esta via, chamas-lhe isso!???
Jaime Latino Ferreira
Estoril, 21 de Junho de 2010
DULCE AC
Minha Querida,
Engraçadas, acha ...!?
Posso concordar Consigo mas o facto é que mais do que engraçadas o são!
Um beijinho e quando Lhe o dou, já Lhe dei tantos (!), também eles o ficam para sempre registados
Jaime Latino Ferreira
Estoril, 21 de Junho de 2010
DULCE AC
Não me diga que, não contente (!), ainda quer mais um beijinho para o registo!?
Aí o tem
Jaime Latino Ferreira
Estoril, 21 de Junho de 2010
BRANCAMAR
Minha Querida,
A Filomena deu-me este blogue no dia dois de Janeiro de 2009, prenda de ano novo, uns dias antes de eu fazer anos, que os faço a 11 de Janeiro ...
Lembro-me muito bem de que me segue e acompanha nesta aventura desde o seu início, isso sim!
Porquinho meu mealheiro
pequeno gesto te o dou
osgas no meu canteiro
ai que a Manela gritou
Beijinhos
Jaime Latino Ferreira
Estoril, 21 de Junho de 2010
DULCE AC
Bem dito!
E não me importo nada de ser o terceiro ...
Ainda quer mais beijinhos!?
Aí vão
Jaime Latino Ferreira
Estoril, 21 de Junho de 2010
MANUELA BAPTISTA
Ah ...!
Estava a ver que não te vinhas com as explicações dos hieróglifos à Branca, estás perdoada!
Jaime Latino Ferreira
Estoril, 21 de Junho de 2010
BRANCAMAR
Explicações adicionais sobre os hieróglifos da Manela
A Manela resolveu entrar comigo com aquelas carantonhas porque eu, que quer (!?), estou sempre a dizer-lhe que a pontuação clássica contei todos os ingredientes que permitam perceber a carga que a um texto se queira dar:
Se irónico, alegre, triste, melancólico, etc
Que quer, tudo deriva, admito, de um certo formalismo que gosto de respeitar.
Manias!
Outro beijinho
Jaime Latino Ferreira
Estoril, 21 de Junho de 2010
ERRATA AO COMENTÁRIO ANTERIOR
( ... ) a pontuação clássica contém todos os ingredientes que permitem perceber a carga que a um texto se queira dar: ( ... )
Jaime Latino Ferreira
Estoril, 22 de Junho de 2010
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