sábado, 1 de maio de 2010

MERCADOS E LIBERDADE DE EXPRESSÃO

Jean Martelli, Sem Título, oferta do autor, fotografia minha
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Mercados tal como liberdade de expressão, em turbulência, têm em comum a especulação.
Especulação em sentido amplo do que se diz, prevê ou anuncia, dos cenários que se fazem, das expectativas que se criam.
Têm também em comum, nos sinais que apontam, imporem o inadiável quantas vezes adiado, mal sopesado, balanceado.
Fomentarem-se, diante deles, dos mercados como da liberdade de expressão, teorias de conspiração ou cabala, de vitimização, alimentando derivas relativistas que nos alienam de realidades maiores que mais tarde ou mais cedo, quanto mais tarde pior (!), nos fazem cair duramente na realidade, de nada serve no que em si mesmo é ou pode vir a ser incontornável.
Sê-lo-ão ambos, liberdade de expressão como mercados, sem mais, bastantes e auto-suficientes reguladores?
Ou sê-lo-á, na assumpção de ambos e sem ambiguidades, a Política e muito mais pela absorção do ruído sempre em crescendo e que nos pode toldar do que pelo acrescentar de ruído ao ruído?
Há perguntas como esta que aqui faço e que em si mesmas contêm já as respostas ...!
Eu prefiro, devo e por direito ficar calado, não porque a tempestade económico-financeira me passe ao largo, de mim ou de quem for, como o poderia (!?), mas por achar que de pouco adiantaria, muito antes pelo contrário, adensar, ainda mais, o inevitável ruído que sendo, em si mesmo, pressuposto da Liberdade, nos entra, em turbilhão, pelas portas adentro.
Se muito e a seu tempo, há quantos anos (!?), já escrevi sobre o assunto, distanciando-me, não deixo, porém, de seguir o rastro, qual antena, ao ruído que alastra e que, em si mesmo, caracteriza as sociedades livres na globalização inevitável e sobretudo naquela porque pugnamos.
E olho para o quadro que Jean Martelli me ofereceu e admiro-o ...!
Qual antena ou microfone absorvente do ruído digiro a turbulência que, imparável, se desenvolve, tremendamente movediça, qual cabo serpenteando curvilíneo e em murmúrio com os elementos, sobre os nossos pés!
A liberdade de expressão está para a especulação como os mercados para a especulação financeira e se o que quero é contribuir para a sua regulação, da especulação entenda-se, o que tenho de fazer, politicamente (!), é ouvir, sopesar, destrinçá-la e publicamente me calar.
Não sou de especular e se à especulação a oiço, como poderia não ouvi-la (!?), não gosto nem tenho por hábito nela me enredar em turmoil nem, tão pouco, alimentá-la!
E, por isso, não sou politicamente indiferente ou menos livre e empenhado ...
A Liberdade também é o direito que é, simultaneamente, o dever à salvaguarda do tão maltratado, esquecido, indispensável silêncio e em particular, diria, no dia de hoje, no pano de fundo que ao Primeiro de Maio nos concita!
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Jaime Latino Ferreira
Estoril, 1 de Maio de 2010

4 comentários:

manuela baptista disse...

por solidariedade também faço silêncio

mas podes crer

que as saudades que eu tenho

são quando ninguém nos calava

em Maio!

Manuela

Jaime Latino Ferreira disse...

MANUELA BAPTISTA


Podes tu também crer que se me remeto ao silêncio isso não quer dizer que me cale, em Maio ou em qualquer mês do ano e isso mesmo se me remetendo ao silêncio, justificando-o e como se queria comprovar me não calo!


Jaime Latino Ferreira
Estoril, 1 de Maio de 2010

Linda Simões disse...

Jaime


O silêncio é também uma prece!

Mas em maio ou em qualquer outro mês, também podemos fazer da nossa liberdade, expressão!

Assim como tantos, que não se calam...


Viva!


...


Gostei demais também deste texto, parabéns!


Voltando, mas sem conseguir seguir teu ritmo, amigo!


Um grande abraço



Linda simões

Jaime Latino Ferreira disse...

LINDA SIMÕES


Querida Amiga,

Consegue sim, seguir o meu ritmo!

Ao Seu ritmo mas se há pessoa que me tem escrutinado de alto a baixo é a Linda como os Seus comentários o vão, percorrendo o blogue, demonstrando ...

Eu é que nem sempre vou dando por Si!

Um beijinho e desculpe-me


Jaime Latino Ferreira
Estoril, 5 de Maio de 2010