Por outro lado, venho chamar a atenção para aquilo que me parece, também e na linha do que escrevi no texto anterior, uma não menos relevante contradição nos termos:
Como será possível, em tese, que quem não tenha negociado embora tenha podido fazê-lo venha, a posteriori, exigir uma renegociação!?
Como!?
Se eu não negociei podendo tê-lo feito, como poderei querer ou exigir renegociar!?
Se eu me abstive, sequer, de conhecer os termos da negociação como se estes, em si mesmos, perniciosamente me contagiassem de uma malfeitoria qualquer, que autoridade me assiste para exigir uma renegociação!?
Se eu não negociei, o que posso, quanto muito, é negociar e não reincidir no que não negociei o que, verdadeiramente, já foi ultrapassado pela minha própria demissão …
E tanto mais quanto, aliás, se pretende fazer tábua rasa de qualquer negociação tida, anteriormente, por terceiros que ao risco de negociar o assumiram!
Isto para dizer, pura e simplesmente, que quem se recusou a participar numa negociação, demitindo-se, a priori, da responsabilidade de o poder ter feito, perde, eticamente, a autoridade e logo porque se absteve de a assumir, ficando fora do quadro de qualquer renegociação, perde a autoridade, escrevia, de à negociação exigir renegociar.
Isto parece-me claro como a água e não dá para fugir à responsabilidade, qual seja, de uma negociação ficando sempre sem o seu ónus para, por outro lado, julgar poder ter a pretensão à autoridade da qual, livremente, quem seja se tenha demitido!
E tudo, neste como no texto anterior, para frisar, uma vez mais, a leviandade com que se empregam as palavras …
Pelo que se impõe, no conjunto bem medido destes dois textos, duas chamadas de atenção aos agentes políticos no seu conjunto, da esquerda à direita ou, se quiserdes, dois avisos à navegação:
1 - A palavra, mais do que um sufrágio e até porque ela entronca com a representatividade, é fogo que arde sem se ver e que, conforme seja utilizada, credibiliza ou descredibiliza a Democracia!
2 - A palavra, tanto no que se promete em vão como na incongruência e falta rigor com que seja utilizada, fere a Democracia na sua legitimidade:
A falta à palavra dada e tanto mais quanto proferida por um responsável político numa escola e a uma criança, se mina a autoridade dos professores enquanto agentes do processo educativo, fecha uma janela de esperança que a Democracia promete;
Tal como a falta de rigor na gramática, se cria todas as confusões, apenas isso (!), não resolve problema algum!
Jaime Latino Ferreira
Estoril, 28 de Outubro de 2011
3 comentários:
poderíamos falar de honra
talvez, ou da falta dela
é esse o princípio de todas as coisas
que te oiçam, é o meu desejo!
Muito bem visto, sim senhor... :-)
Abraço
Enviar um comentário