segunda-feira, 6 de dezembro de 2010

QUANDO ESCREVO - I -

Sempre que escrevo qualquer coisa e tantas, tantas foram já as que escrevi (!), penso nela como a única e derradeira, que outras mais já não justificariam ...
Como se naquele escrito, tudo o que houvesse para escrever estivesse lá!
Já não me sento como dantes, a ler e a reler em voz alta e dando-me conta, perplexo, de todos os harmónicos contidos no que acabara de escrever ...!
Harmónicos ou conteúdos, o subentendido do escrito, do unissonante que da tónica à dominante e à subdominante, por aí fora, as escondem e que estando lá não são, não têm de ser, necessariamente, tocadas para que como matriz se sintam, oiçam.
Como se do não escrito que é o escrito, ele apenas lá estivesse, aqui estivesse para fazer sobressair, subtilmente, o não dito ao qual apenas lhe seria necessário determinar, desenhar, que é o que a escrita é, os contornos, o imediatamente visível.
Por paradigma ou padrão, um exemplo:
Na religião que professo diz-se que ao Santo Nome se não deve invocar em vão.
E não deve mesmo!
Ao Nele se acreditar, Ele está implícito no que se evoca, no que se escreve também:
Implícito, latente, emergente!
E é do quadro que aqui desenho em mais um escrito, ou seja, um não escrito, que dele sobressai, eventualmente, o Seu perfil.
Quando a Ele explicitamente se invoca, esmagado, sufocado nas Suas poucas letras sempre possíveis de dilatar, é certo, o Seu perfil não se expande ao ponto de, plurissonante que O é, ser-nos impossível como O é, de facto, precisar a Sua imensa e indeterminável abrangência, perfil magnificente com rigor!
Perdemos, nós e cada um de nós também, a abrangência que, eventualmente, no santo nome, sacrossanto lugar que cada um de nós é (!), porque feitos à Sua imagem e semelhança, quando encarados à luz da fé e cidadã ou cidadão inviolável, se à luz da lei, abrangência que desejaríamos ter ...
Ser!
O mesmo se poderia dizer na inversa, quando e se Nele não se acredita.
E não há nisto nenhuma vergonha em O invocar e nem relativismo ético ou moral de qualquer espécie.
A melhor maneira de se escrever sobre um assunto, qualquer que ele seja, é dele se esboçarem, apenas, os seus contornos.
Claro que é preciso saber-se fazer um esboço, de tal maneira que nele, com abrangência e demais subtileza, o máximo nele se consiga abarcar, guardar ...!
O que se guarda, resguarda-se, abrangente, num coração sem fronteiras que a escrita ou consegue ou não consegue traduzir!
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Música da Grande Cúria
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Jaime Latino Ferreira
Estoril, 6 de Dezembro de 2010

15 comentários:

Mª João C.Martins disse...

Jaime

Meu amigo

E somos por Ele, também, essência sempre em constante revisão. Escrevemo-nos e reescrevemo-nos, sempre! Nada está concluído, embora hoje, tantas vezes, nos pareça a obra, já feita.
Mas tanto há ainda para escrever. No que objectivamente fica dito e, no que, subtilmente, se irá depreender.
O livro, o nosso livro tem uma página última que só Ele conhece. Cabe-nos a nós, escrever todas as outras, num constructo de folha cheia.

E não isso que o meu amigo faz aqui?
Eu na minha convicção inicial, digo-lhe, como sua leitora atenta que sou, que sim, efectivamente!

Um enorme abraço como laço de azevinho.

manuela baptista disse...

cada escrito

é a obra prima e simultaneamente última

por isso é que os meus textos ficam ali, quietinhos, tantos dias...

quando escrevo

quando escreves

Deus está lá, silenciosamente feito palavra, enquanto nome

é isto!

manuela

Branca disse...

Jaime

Fiquei sem palavras, pois se o seu texto é denso, o comentário da Maria João disse tudo o resto e em silêncio O invoco, sempre que me deparo com Ele nos pequenos nadas que me dá e não sei se mereço e na imensidão das belezas naturais que nos oferece, como a beleza deste quadro aqui, da ternura dos amigos, da família e de tanto que é nossa vida.

Beijinhos
Branca

Jaime Latino Ferreira disse...

MARIA JOÃO


Querida Amiga,

... obrigado!

Um beijinho


Jaime Latino Ferreira
Estoril, 7 de Dezembro de 2010

Jaime Latino Ferreira disse...

MANUELA BAPTISTA


... e no princípio era o Verbo!


Jaime Latino Ferreira
Estoril, 7 de Dezembro de 2010

Jaime Latino Ferreira disse...

BRANCAMAR


Minha Querida,

... e da beleza da escrita que também o pode ser!

Um beijinho


Jaime Latino Ferreira
Estoril, 7 de Dezembro de 2010

Dulce AC disse...

"...como a beleza deste quadro aqui, da ternura dos amigos, da família e de tanto que é nossa vida"

Que bonito Jaime..! Fiquei fascinada com as Suas palavras.
E concordo com a João, o livro que vamos escrevendo com palavras que são vida que são tanto de expresso como de não escrito...é um não acabar e Ele motiva-nos a ir até ao fim do sentido da vida..e quando será...?! Isso meus Queridos amigos (Olá Manuela...!) nenhum de nós o sabe...Só Ele que nos dá em cada dia a essência no que somos também pelas palavras o saberá certamente...e importa perseverar..porque sê-lo obra o que tão sentidamente escrevem já o é absolutamente..!!

Manuela, João e Jaime...Meus Queridos Amigos, impôe-se portanto que continuem a obra já feita mas inacabada...!

Num abraço muito amigo três beijinhos..))

dulce ac

Jaime Latino Ferreira disse...

DULCE AC


Querida Amiga,

... ainda bem que gostou ...!

Sabe, muitas vezes, de tanto se O invocar, apenas se afugenta a quem se quer a Ele trazer ...

... ainda bem que gostou, obrigado e um grande beijinho


Jaime Latino Ferreira
Estoril, 7 de Dezembro de 2010

Jaime Latino Ferreira disse...

ESCRITO I


16 445 = + 90 visitantes!


Jaime Latino Ferreira
Estoril, 7 de Dezembro de 2010

Linda Simões disse...

Quando escreves

e nós lemos

aqui e ali

é sinfonia

com o mar ao fundo.

É bom escutar

e ler

e entender

que


"O nosso livro tem uma página última que só Ele entende"


Beijoquinhas,


Linda Simões (quase de férias!)

Jaime Latino Ferreira disse...

LINDA SIMÕES


Queridinha,

Quase de férias, não tem vergonha!?

Eu devia viver agora no Brasil e lá mais para Julho em Portugal!

( De que é que me adiantava, se não deixasse a blogosfera de lado!? )

Beijinhos e já tinha saudades de a ver por cá



Jaime Latino Ferreira
Estoril, 7 de Dezembro de 2010

. intemporal . disse...

.

. entre.o.escrito e o não.escrito .

.

. a centralização . o en.foque . e o momento é suado quando se termina a composição .

.

. também vitorioso e emotivo . de explosão .

.

. está lá tudo . porque é.lhe implícito conter o que o torna explícito .

.

. gostei particular.mente desta Sua composição, jaime . porque é com a alma com o que é esse deus das pequenas coisas, que as faz sempre tão grandes e essencial.mente perenes .

.

. um bom feriado .

.

. abraço.O .

.

Jaime Latino Ferreira disse...

PAULO


Meu Caro,

Obrigado e para Si também, um bom feriado!

Abraços


Jaime Latino Ferreira
Estoril, 8 de Dezembro de 2010

Lídia Borges disse...

Uma forma de escrever cativante e motivadora.

L.B.

Jaime Latino Ferreira disse...

LÍDIA BORGES


Muito Obrigado, seja bem vinda!

Saudações


Jaime Latino Ferreira
Estoril, 9 de Dezembro de 2010