immortal longings
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Existe um elo real, anseio, vínculo, forte conexão entre o que neste meu blogue escrevo e a minha vida quotidiana.
Se escrevo sobre uma face oculta, tal significa que a minha face, cara permanece oculta, por ora, no meu perfil.
Se escrevo sobre o inconformismo, tal significa, também, que exerço uma atitude inconformista que não se conforma com o facto de, por esta via, poder ou não vir a ser avaliado com todas as consequências que daí possam advir.
Se escrevo, por outro lado, que o autor é, parafraseando Manoel de Oliveira no Dia do Autor e no já longínquo ano da graça de 1989, que o autor é, assim ele o escrevia, um ladrão subtil, é porque a essa afirmação a integro como fazendo parte de mim próprio enquanto autor e deste meu blogue em particular ...
O autor é um ladrão subtil que surripia, qual antena, o que ao seu dispor lhe apraz e detecta e que sendo do domínio público, disponível, usufrui, transforma e recria como se a ele próprio lhe pertencesse, dando-o sempre de volta.
E nesse elo real que logo por escrito o é, forte conexão que o constrói e cimenta, o autor, sendo real, tempera-se e mede forças com a realidade exterior com que se confronta.
Sendo inesgotável a realidade e na sua medição, confronto com o inacessível, por outro lado, o autor calibra-se e põe-se à prova.
E pode, assim, dizer basta ou inconformar-se mais ainda, na fresta aberta que vai deixando entre o real imaginário e o imaginário real que sempre permanecerá aberta, logo o queira, como quem diz:
Qualquer semelhança com a realidade é mera mas real, Real, imperiosa coincidência e tanto quanto mais, persistente e inconformado, o tempo passa, naquele ponto fino, fugaz e volátil, subtil em que sempre se faz, me faço por balancear!
Se o elo é real, a conexão torna-se, então, de tão inesgotável e perene porque subsiste no tempo, imortal!
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Jaime Latino Ferreira
Estoril, 9 de Fevereiro de 2010
16 comentários:
Olá Jaime, para mim ainda bom dia.
Adorei este texto, me indentifiquei, afinal as vezes nos ocultamos mas, sempre deixamos nossa marca imprimida na narrativa, traços de nossa personalidade que acabamos por mostrar em nosso blog, mesmo que usando textos de autores consagrados por vezes transparece o que estamos sentindo.
Beijos para você e Manuela sua doce amada.
Desculpe ao digitar coloquei um "n" onde não deveria - Identifiquei .
A pressa é realmente inimiga da perfeição.
Renata
Também me identifico totalmente. A interacção é permanente, genuína, transparente.
Como diria o poeta, que a mera , mas real coincidência,traduzida no elo, também ele real, seja imortal enquanto dure...
Abraço
Após ter feito um brilhante comentário sobre esta página
e em simultâneo ter ido ver quem tocava à campainha...
o meu elo real quebrou-se e nem publiquei o comentário, nem tão pouco abri a porta!
Como se comprova, o elo de ligação entre o real e o imaginário é ténue
tão subtil, como a força que move a criatividade de um autor, realidade vivida e realidade efabulada.
Real é um príncipe perfeito
real é aquilo que alimenta o pensamento!
...
Muito bom este teu elo real!
Manuela
RENATA
Minha Querida,
Que bom tê-La de novo por cá, com ou sem um n a mais.
Talvez um elo inesperado desafiador da perfeição!
No que adoptamos de autores consagrados, neles nos identificamos.
Afinal, os consagrados, antes de o serem ... não o eram!
Um grande beijinho para Si
Jaime Latino Ferreira
Estoril, 9 de Fevereiro de 2010
EVA GONÇALVES
Enquanto dure ...!
De uma coisa estou certo:
Dura mais, muito mais se fica registado e ... consubstacia-se também!
Dou-Lhe um beijinho
Jaime Latino Ferreira
Estoril, 9 de Fevereiro de 2010
MANUELA BAPTISTA
Como escrevia a Eva Gonçalves e tu me o confirmas, se é ténue o elo, pelo registo torna-se mais consistente e duradoiro e, certo também é que esses registos que aos elos os tornam mais e mais reais, também à criatividade do autor a alimentam, fortalecendo-a.
Obrigado
Jaime Latino Ferreira
Estoril, 9 de Fevereiro de 2010
Amigo, eu estava ciente de que não era muito de fiar (eu, claro!).
Agora sei o porquê... afinal sou um ladrão subtil (e repara amigo que eu não me nomeio de ladra ou ladrona, nada disso). Que farei para me redimir de tal proeza?
Meu pecado será atenuado da mesma forma que o teu também será... continuaremos escrevendo, inventando frases, sendo nós próprios ladrões de nós mesmos...
Um abraço
MAGA
Boa Amiga,
Não é de fiar!?
Nada disso!
Explico-me melhor:
É da natureza humana, senão veja:
Pego, roubo a Sua palavra fiar e a ela replico, recrio-a nesta resposta que Lhe dou como em tudo na vida, pela socialização, o fazemos.
A minha Amiga reflecte-se aqui em mim e eu pego no Seu reflexo como ladrão e interpreto-o transformando-o e sempre por aí fora de roubo em roubo, subtil que o tem de ser porque sem violentá-La, voilá la difference (!), criando-se então um elo real, real no seu duplo sentido, porque existe e porque de porte nobiliárico, sublime que terá, deverá ser!
A nós mesmos, é certo, também nos roubamos logo ao transpormo-nos para aqui ...
Um beijinho
Jaime Latino Ferreira
Estoril, 9 de Fevereiro de 2010
MANUELA BAPTISTA
Ainda
O teu elo real não se quebrou antes transpôs-se para este comentário que acabaste por editar.
Se o elo de ligação entre o real e o imaginário é ténue, tão subtil, dir-te-ía ele, porém, que era a este e não ao outro comentário que como elo, reforçado pela escrita se acabaria assim por derramar, transfigurando.
Ele era tão forte que nem ao imaginário nem ao real foste, de imediato, capaz de responder e ficaste perdida no seu próprio desligamento!
Jaime Latino Ferreira
Estoril, 9 de Fevereiro de 2010
Os amigos são para isto mesmo...
para nos sossegar!
Subtilmente?
MAGA
Querida Amiga,
Subtilmente ...!?
Responda a minha Amiga e sossegue-me a mim e ainda que, considerar-me Seu amigo já seja sossego bastante!
Um beijinho
Jaime Latino Ferreira
Estoril, 10 de Fevereiro de 2010
O autor é um ladrão sutil que vai construindo mosaicos...
Pura Arte!
...
Beijinhos
LINDA SIMÕES
Obrigado Querida Amiga!
Com que então mosaicos ...
Ah Linda como é uma leitora atenta!!!
Beijinhos
Jaime Latino Ferreira
Estoril, 10 de Fevereiro de 2010
Subtilmente, de subtil, de subtileza, ou talvez perspicácia, sagacidade, quem sabe o engenho e a arte de, com discrição, impercetívelmente, conseguir enxergar a prosa de um amigo cuja superioridade intelectual me deixa, ás vezes, sem voz e sem escrita...
MAGA
Apaziguado e gratificado!
Afectuoso beijinho
Jaime Latino Ferreira
Estoril, 10 de Fevereiro de 2010
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