Por quem se tomam aqueles que, puxando dos seus galões, afirmam não receber lições de ninguém!?
Dito isto por quem assim se toma, está tudo estragado!
E não é que se ouve, amiúde, tal invectiva!?
Como professor que sou, quando das mais insuspeitas vozes oiço tal pronunciamento, logo me arrepio, não de emoção estética mas do seu contrário, de arrepio anti-estético como nota que se denuncia desafinada, mostrando por parte de quem assim se toma toda a sua mal disfarçada arrogância.
Isto, logo porque digo que professor que nada mais tenha a aprender, nomeadamente com os seus alunos, é professor que nada mais tem para lhes ensinar e, portanto, automaticamente deixa, de facto, de o ser!
Mas quando, cúmulo bem revelador de arrogância anti-democrática, se ouve amiúde e na Sede da Democracia, o Parlamento, a alguém, ilustre deputado ou governante dizer não ter lições de Democracia a receber de ninguém, por quem se tomará (!?), tocam os sinos a rebate e fico verdadeiramente siderado!
Por quem se toma quem tal se atreve a pronunciar?
Se a Democracia não é uma permanente aprendizagem onde todos ensinam e aprendem, dão e recebem, o que é que ela será?
Coisa estática e parada no tempo onde uns, por quem se tomarão (!?), sabem, quem avaliará que assim deva ser e os outros aprendem!?
Será o voto condição sine qua none para que assim, tomando-se por quem (!?), deva ser?
Tais afirmações são bem ilustrativas de uma forma fechada de exercício do poder e que na arrogância da sua perpetuação pelos seus intermináveis corredores nem se dá conta das figuras tristes e denunciadoras de tiques autoritários que nem pejo tem em os conter e que tantas outras prepotências as ajudará, eventualmente, numa cultura arreigada de arrogância, a explicar!
Por quem se tomam!?
Se se é democrático não se é unívoco, está-se pronto a admitir poder com o que os outros dizem aprender qualquer coisa de novo que ainda não se tinha apreendido e independentemente dos currículos de cada qual.
Tais afirmações, por quem se tomam (!?), denunciam o carácter autoritário, arrogante de quem as pronuncia e envergonham, seguramente, a Casa da Democracia!
Não foi a primeira nem a segunda mas oxalá tenha sido a última vez que se ouviu a alguém dizer, nessa Casa, tamanha alarvidade!
Por quem se tomam!?
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Jaime Latino Ferreira
Estoril, 6 de Novembro de 2009
6 comentários:
Caro Jaime,
Quem tudo julga saber, por certo nada quer aprender.
Já Shakespeare dizia:
"A modéstia é a lanterna do sábio"
Sábias palavras, sem dúvida.
Um bom-fim-de-semana
1 Abraço,
Zé
JOSÉ FERREIRA
Caríssimo,
Obrigado e a ti retribuo os desejos de um bom fim de semana.
Aproveito para te dizer que já fui ao teu blogue e nele deixei um reconhecido comentário!
Um grande abraço
Jaime Latino Ferreira
Estoril, 7 de Novembro de 2009
Muito bem falado!
A modéstia é uma virtude e quem diz que sabe tudo, ainda não aprendeu nada...
Mas como acabaram de me enfiar um dedo no olho direito, vou a correr para a página de cima
mais poemática
mais sabática
Manuela Baptista
MANUELA BAPTISTA
Pois é ...
... não é em vão que se diz que apontar é feio!!!
Jaime Latino Ferreira
Estoril, 7 de Novembro de 2009
"Quando se escreve","portas" são abertas...
Não precisa voltar...Mas estou em janeiro ainda e lendo tudo aos poucos...
Antes que o ano fique velho,volto aqui.
... Um beijinho
LINDA SIMÕES
Vamos, queridinha, força!
Beijinhos
Jaime Latino Ferreira
Estoril, 9 de Novembro de 2009
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