© Kaveh H. Steppenwolf
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Entretanto e por se manterem vivas, intactas as minhas forças, elas auto-alimentam-se por cada novo texto produzido, mantém-se o braço de ferro, chamemos-lhe assim, saindo desta peleja, por um lado e pela inamovível determinação, reforçada a minha autoridade e, na confiança de que não desisto nem desarmo, incólume, salva a face dos meus destinatários institucionais de referência.
Sei que eles me lêem!
Sei também que já me concederam lugar cativo!!
Sei que por esta via, se me avaliam não sou eu que me poupo ou furto a ser, porque o sou, escrutinado!!!
Entretanto, muita água passou debaixo das pontes e desta minha em particular ...
Ainda ontem e contrastante, contrastante com a minha desarmante transparência, um episódio triste e opaco ou por demais evidente tinha lugar na Assembleia da República, o parlamento português, envolvendo parte dos eleitos com assento neste órgão fulcral de soberania.
Tomando a palavra, indignado, um deputado insurgia-se contra o facto de jornalistas colherem imagens do computador a que no seu assento no hemiciclo tem direito por inerência.
Falo do computador de serviço público e não de um qualquer outro de uso pessoal.
O Presidente da Assembleia logo chamou a atenção para o facto de se tratar de uma ferramenta pública de trabalho cujo regulamento os próprios deputados estabeleceram e votaram e não de um qualquer computador pessoal pelo que, tratando-se de uma ferramenta de serviço público, nada poderia fazer ou impedir a que as objectivas sobre eles se focassem senão apelar à deontologia profissional dos jornalistas ...
Reagindo com estrondo e em protesto, inúmeros deputados fecharam então os seus computadores, meus diria antes (!), sem terem em conta, tão pouco, a sensibilidade dos instrumentos electrónicos que a Assembleia lhes faculta.
Quem não deve não teme e esta atitude, verdadeiramente arrogante, só vem contribuir para o descrédito a que se quer votar toda uma classe!
Que tinham esses deputados a esconder dos olhos públicos!?
Por quem se tomam!?
Que gente opaca é essa!?
Entretanto exponho-me sem reservas, abro o meu computador de par em par, na convicção de que há quem se julgue com direitos adquiridos, com direito a comportamentos de casta que não há sufrágio que os conceda e sigo em frente na convicção de que sou muito mais do que essa gentinha e ainda que não tenha sido sufragado ...
Há, aliás, matérias que se se escrutinam pela exposição, não se sufragam!
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Jaime Latino Ferreira
Estoril, 20 de Março de 2010
5 comentários:
Olha que giro!
Ando eu para aqui a partilhar um pc contigo e aqueles tipos, eleitos por mim, dão-me cabo dos pcs que eu não tenho!!
francamente...entretanto amanhã falo do resto...
Manuela
...entretanto
já refeita do susto de ver danificados os computadores que tanto me custam a pagar todos os anos em Setembro
reafirmo a minha convicção de que um verdadeiro deputado tem o dever histórico de durante os debates na Assembleia e quiçá, durante as votações, enviar mails à namorada, à amante, à mãe e até ao primo afastado!
Poderá até navegar nos vários sites, que o ensinarão a ser mais agressivo e mal educado coisa que, como toda a gente sabe, só poderá trazer bem estar ao país.
Aqui, esta tua destinatária de referência, tal como os outros teus amigos permanentes, lêem-te com muito mais atenção do que...sei lá eu quem!
Agora, vou enviar um mail ao Jaime Gama, para que ele me restitua alguns dos computadores maltratados, pois assim não terei de estar à espera que tu termines as tuas 150 páginas diárias...
Manuela
MANUELA BAPTISTA
... 150 páginas diárias!
E acusas-me tu de exagerado ... ainda se fossem 150 linhas, vá que não vá!!!
Vá, escreve-me então ao Jaime Gama e não deixes de Lhe reconhecer toda a razão no episódio transcrito, é bom que se diga!
Jaime Latino Ferreira
Estoril, 21 de Março de 2010
gostei do blog :)
MARIANA
Fico contente por saber que gostou!
Jaime Latino Ferreira
Estoril, 21 de Março de 2010
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