Ludwig van Beethoven
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Se eu corro o risco de virtualizar aqui, pela arte de escrever, o que penso, esse risco que corro é, simultaneamente, Poder!
Pode ser difuso, residual esse Poder mas não deixa de o ser ...
E se é Poder também é Política.
A Política, por seu turno, tem de implicar, ela também, um risco sob pena de se transformar em politiquice.
Corro, portanto, um triplo risco:
O risco de, pela Arte de pensar, escrever pela minha própria cabeça;
O risco de, ao fazê-lo, inevitavelmente, por minha conta e risco fazer Política;
O risco de exercer o Poder que dos outros dois, Arte de pensar escrevendo e fazer Política, inevitavelmente emana.
Se penso, faço-o livremente em toda a fluidez musical, só assim se pensa verdadeiramente e sem entraves nem atilhos, nem o do medo que associado ao temor do risco quantas vezes nos tolda e limita na Arte que do pensamento se verte em escrita.
O pensamento livre que, ele também, deriva e se entrosa na Filosofia, desagua naturalmente na Política, na Arte de a fazer, cujo exercício, por mais democrático que seja o ambiente em que se desenvolve, no medir de forças com o establishment e na erosão economicista que a constrange encontra aí, nessa erosão, todo o tipo de entraves a saber ultrapassar e artisticamente vencer.
Desse exercício sistemático deriva o Poder que é, em si mesmo, um pau de dois bicos:
Se, por um lado, cria ascendente por outro e quanto maior o ascendente que cria mais vertiginosa torna a possibilidade de uma não menos vertiginosa queda e logo pela ameaça da sua permanente perca sempre associada a quem ao Poder o detém e por mais residual que este possa ser.
As luzes da ribalta resultantes da arte de pensar, escrevendo, não são propriamente fáceis de gerir:
São assim como se uma prisão onde a liberdade nela, nessa prisão se descobre, desafio permanente e redobrado risco, nos crescentes constrangimentos que o exercício político do próprio Poder que se quer democrático, sublinho, na sua residualidade, virtualidade se encontra.
O risco cria sabedoria tal que se traduz na Arte Política do exercício do Poder ...
As implicações políticas do Poder da Arte e da escrita, em particular, são tais que a Ode da Alegria de Ludwig van Beethoven se transformou no hino da Europa!
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( Em homenagem ao filósofo e professor José Gil que no passado dia 10 de Março deu a sua última aula sobre A Formação da Linguagem Artística e a Filosofia, na Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa. )
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Jaime Latino Ferreira
Estoril, 13 de Março de 2010
10 comentários:
Caro Jaime,
Abro hoje uma excepção, para:
1. Me solidarizar com a tua homenagem ao nosso filosofo-vivo Zé Gil.
Acho que se ele tiver a ocasião de ler as tua linhas, lá se interrogará:
-Mas que raio de politico/disfarçado é este Jaime?
2. Levantar-te o moral!
1 Abraço,
José
(cada vez mais apolítico!)
Ia comentar, mas apercebendo-me que ao escrever o que pensava, ia fazer política... decidi, abster-me... :)) Bom post sobre estas interligações recíprocas entre a arte e o poder político. Pronto... fiz política, que chatice! :))Bom Domingo!
Haverá decerto, uma arte política, mas o risco é inerente à condição humana
sem risco, não desenvolvemos coisa nehuma, não crescemos, não nos politizamos, não vivemos e fazemos arte:
Não faço a menor ideia se existirão artistas apolíticos...
Muito bom este risco criador!
Manuela
JOSÉ FERREIRA
Caríssimo,
Num primeiro impulso ir-te-ía logo pregar um sermão mas abstenho-me de o fazer ...
Obrigado, antes de mais pelo teu apoio e solidariedade!
Hoje tudo decorreu já mais calmamente e os bons ares que decidimos, numa pausa, ir aproveitar em Oitavos concorreram, decerto, nesse sentido.
Quanto ao Filósofo homenageado:
E porque não, José Gil se interrogar, já agora, sobre quem será este disfarçado/filósofo!?
Tu, apolítico, só se for a tua afirmação enquanto político!
Abraços reconhecidos, Teu
Jaime Latino Ferreira
Estoril, 14 de Março de 2010
EVA GONÇALVES
A minha Amiga é muito engraçada e os smiles com que decora os Seus comentários não deixam de concorrer nesse sentido!
Agora sim, julgo que não fiz política ... a menos que os tais ditos smiles carreguem uma carga que sendo optimista não o será menos política!!
Pois é ... ela entranha-se por todos os lados!!!
Uma boa semana e um beijinho sorridente
Jaime Latino Ferreira
Estoril, 14 de Março de 2010
MANUELA BAPTISTA
É o risco que provoca a tensão criadora ...!
A Arte, sendo Poder tem sempre implicações políticas e isto independentemente de os seus criadores serem ou não políticos ou apolíticos ...
Sem risco, concordo contigo, não se vai a lado nenhum!
Jaime Latino Ferreira
Estoril, 14 de Março de 2010
Jaime
Linda homenagem.
Somos todos políticos...
E um político ARTISTA é melhor ainda.
Um grande abraço aos Tertulianos
Linda Simões
LINDA SIMÕES
Obrigado Linda, aos tertulianos de já tantas tertúlias!
Jaime Latino Ferreira
Estoril, 15 de Março de 2010
Amigo Jaime,
o "menino" escreve com uma velocidade vertiginosa pra mim rsss...
Vamos dar três vivas ao filosofo José Gil que aqui homenageia ? Viva, viva , viva!
E viva para o Jaime que é lindo,tem música no coração e palavras de verdade na ponta da língua que é como quem diz nos dedos.
Um abraço de força para o Jaime e J.Ferreira, beijinhos para Manuela e meninas lindas tertulianas.
LISA
Tem toda a razão:
Entre a língua e os dedos pulsa forte o coração!
Beijos e abraços
Jaime Latino Ferreira
Estoril, 16 de Março de 2010
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