Jaime Latino Ferreira, Passagem Para a Luz, 2010
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Há um ponto, insofismável ponto, em que o subterrâneo, confessional, sagrado e o que é deste mundo, secular ou da Liberdade do Homem, se encontram, a saber, o próprio Homem ...
Templo ele mesmo, Homem singularmente considerado!
No Homem se encontram Deus e a Humanidade ...
Na temporalidade, secularidade do mundo também!
No Homem, na sua sacralidade, consagrada sacralidade que o 25 de Abril veio, entre nós, potenciar, se reúne o que é do mundo e de Deus, na separação de poderes a ser, neste dia, o que anuncia já a celebração do 25 de Abril de 1974, reafirmada e no imperioso e incontornável aprofundamento que a própria defesa da Democracia exige ...
Quanto para a luz saiu e estava enclausurado, do subterrâneo que somos e em que tantos persistem, legítima como ilegitimamente, quantas vezes e tolhidos pelo medo, em permanecer!
Legitimamente, naqueles que na sua confessionalidade permanecem intimamente fiéis a Deus mas no respeito pela divisão de poderes e pela laicidade, secularidade, temporalidade do mundo!
Ilegitimamente naqueles que sem olhar a meios à sociedade civil, à temporalidade do mundo a querem vergar a um confessionalismo cego e faccioso, inconfessável, desprovido de toda a humanidade!!
Quanto não valem os desafiantes e, por isso mesmo, difíceis caminhos da Liberdade ...!
São difíceis os caminhos da Liberdade, e depois!?
E quanto esta passa pela reafirmação do que a César a César lhe pertence e do que a Deus de Deus Sua pertença é:
O que é do mundo a César, ao Homem lhe pertence e a Deus pouco Lhe resta senão por sua via, por via do Homem realizar!
E nem adianta invocar em vão o Seu nome:
Em bocas Dele cheio mas sem qualquer congruência com a realidade e interferindo, em permanência, com a própria Liberdade do Homem!
Os costumes são do Homem, a sua sacralidade, a inviolabilidade do Homem, a ambos, a Deus e ao Homem os reúne, reconhece e reencontra, reconcilia.
Eu não posso, eticamente e no exercício da cidadania, manipular o Outro, usá-lo, violentá-lo, matá-lo, interferir na sua Liberdade e na Igualdade de que partilhamos e que nos cumpre salvaguardar e tudo o mais é fiada conversa!
Como se já fosse pouco ...
Ou como se aí, nessa íntima salvaguarda sem fim Deus não pudesse encontrar pleno, na Sua imensa plenitude, o Seu intemporal lugar!
À luz de todas as Escrituras e desde que num Olhar Poético, despido de toda a iliteracia, leituras literalísticas e cegas ou fundamentalistas que vagueiam sobre os Textos como pontapés na gramática que nem calhaus ...
Os costumes ao Homem lhe pertencem e este a si próprio e a Deus, na sua plena e não condicionada Liberdade!
E quantas vezes, nos costumes e na salvaguarda da integralidade da pessoa humana, por quantos inesperados e nada ortodoxos caminhos, a Deus se reencontra ...!
De que tenhais medo ...!?
Eu não o tenho!
Eu falo e escrevo por mim no exercício pleno da Liberdade que o 25 de Abril de 1974, pelo qual também lutei como a cada dia persisto em defendê-la, aprofundando-a, me veio plenamente facultar!
No dia que aqui, de véspera anuncio e que, por feliz coincidência, este ano é também o Dia do Senhor.
Liberdade ...
... a Liberdade não é palavra vã!
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( Em homenagem ao 25 de Abril de 1974, a Jorge Amado e neles, a todos os que lutaram e lutam, incansáveis, pela Liberdade )
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Jaime Latino Ferreira
Estoril, 24 de Abril de 2010
4 comentários:
De facto, não sei o que acrescentar...
E a liberdade de Deus? Que também está presente na nossa temporalidade, nas nossas escolhas de César e na liberdade de todas as outras escolhas.
Apenas sei, que os subterrâneos são bons para nos escaparmos deles e apreciar devidamente a claridade!
Manuela
MANUELA BAPTISTA
Estaremos condenados a ficar a dialogar, os dois, por aqui!?
Adiante!
E a liberdade de Deus?
Para lá daquilo que tu própria logo respondes essa vai muito para lá dos templos, receptáculos que somos e em que se projecta, reflecte e refugia ...
Quanto aos subterrâneos:
Tens toda a razão mas o que acontece é que há quem pareça não saber viver senão neles da claridade escondido ou tomado do síndrome da catacumba!
Jaime Latino Ferreira
Estoril, 24 de Abril de 2010
No homem se encontram Deus e a humanidade...
Pois que Deus se fez homem.
E homem, na sua sacralidade se fez presente o amor.
Há coisas de Deus, há coisas do mundo.
São difíceis os caminhos da LIBERDADE.São mesmo...
Eita que hoje estou sem palavras, amigo.
Venho aqui depois.
Beijoquinhas de carinho,
Linda Simões
LINDA SIMÕES
Para quem está mesmo sem palavras, o que disse, disse-o muito bem!
Beijinhos e venha sempre
Jaime Latino Ferreira
Estoril, 1 de Maio de 2010
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