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Desencanto
A OBSCENIDADE DO QUE SE VÊ
( Atenção à acutilância da linguagem utilizada na variação negativa de Da Invisibilidade )
A porcaria do vil metal, do que com ganância se apalpa e ostenta, conduziu-nos ao lamaçal que, agora pela negativa, se sintetiza de novo:
Ao enrascanço que lixa o Zé Povo;
À ladroagem que enche os bolsos de uma casta intocável diante da tramação geral;
À castração da imaginação que continua a ser vista como devaneio e loucura quando não serve, pela apropriação abusiva, para encher os bolsos da mesma casta;
Ao entorce que pela obscenidade do que se vê utiliza o experimentalismo em proveito próprio;
Ao culturalismo pimba feito em merda;
À injustiça que campeia;
À imoralidade pública que a todos nos sufoca;
Ao apoliticismo não ideológico feito dos interesses cegos e egoístas e em prejuízo do bem comum;
À guerra que pela sua obscenidade a todos nos esmaga na sensação de impotência que desencadeia;
Ao aquecimento global que nos asfixia numa vertigem cega.
Será preciso ver-se um caralho para se saber que o que lá está é um pénis ou uma cona para se saber que é uma vagina ou que se diga um ou outra para que com ambas se tenha tesão, isto é, pica!?
Fodes (!), quero dizer apre!
Obscenidades à parte:
Não é pelas palavras que se usam, escondendo-nos atrás de um puritanismo besta e ao arrepio do linguarejar geral, que as coisas deixam de ser aquilo que são ou que parecem, palavras que o são ou deixam, sequer, de existir!
-.-
A minha Família aderiu, desde ou antes do princípio e começando logo por minha avó, conservadora como naturalmente era (!), ao 25 de Abril, à Democracia, pró-activamente diga-se e minha avó, enquanto teve forças, sempre fez questão de exercer o seu inalienável direito de voto e isto, pese embora e desde então, do ponto de vista do património de família este, por estas ou por aquelas razões, não mais tivesse deixado de definhar!!!
Hoje, a predisposição democrática persiste intacta, pese embora a pensão e os rendimentos de minha mãe se verem cada vez mais minguados ou eu, posto em causa na minha soberania profissional, aqui e ali, soberania que sempre foi precária mas que nunca me coibiu de fazer, dizer ou escrever de minha justiça, sem fundamento que ao meu se tivesse, até hoje, contraposto!
Persistimos incansáveis e com o paulatino e incansável apoio de minha mulher nesta senda que não se desmobiliza e brada aos sete ventos como se vê, quer seja pela positiva como pela negatividade não menos positiva de uma atitude que se afirma incansável e sem que o contraditório, democráticamente, a ela, à minha Obra, se contraponha.
Persistimos, persistiremos!!!
Jaime Latino Ferreira
Estoril, 2 de Janeiro de 2009
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