sábado, 3 de janeiro de 2009

V Série
AO PIANO
I
Atabalhoadamente e como se num glissando, percorrendo aleatoriamente os dedos pelo piano, sentado frente a ele, disponho-me a enfrentá-lo.
Digito o teclado e ganho balanço ciente de que a sala de espectáculos se amplificou, que a música a tocar se se continua a dirigir a um público de câmara faz nela recair os olhares e os ouvidos do auditório imenso de uma sala virtual.
Sem dimensões ou volumetria rigorosas, nem área nem número definido de lugares ou espectadores, leitores que desejo interactivos, pró-activos e que me obrigam, não porque o que escreva se altere na transição de um registo off para outro, agora, on, mas porque tão só, da dimensão virtual do espaço destinatário, na sua amplificação, tal facto me obriga por deformação talvez, a encarar e a colocar, embora por escrito, a minha voz ou o meu soar de outra maneira e com um enfoque a que as novas circunstâncias, inexoravelmente, impõem!
Sentado ao piano patinho das teclas brancas ou naturais para as pretas ou alteradas no aquecimento há muito esquecido que do instrumento cresceu em mágoa antiga que sobre ele se reclinou na transição para a voz adulta ...
E ponho-me a tocar com a força da orquestra toda que o piano sintetiza, a abafar gritos de guerra e torcendo pelos vivos!
E toco e toco mais, dando início a esta V Série que se quer profícua e cheia de vozes para lá dos acordes que aqui deixo na esperança de mais e mais ainda.
Polifonia é o que cantam as vozes mesmo se amarfanhadas pelo caos, a desgraça e pela desordem.
E canto, e toco mais!
Jaime Latino Ferreira
Estoril, 3 de Janeiro de 2009

2 comentários:

sofia disse...

Cheguei ,já marquei o meu lugar.
Um beijo.
Sofia.
Volto sempre.

Anónimo disse...

Querida Sofia,

Seja bem aparecida sabendo, estou certo, não ser preciso guardar lugar, é sempre bem vinda, de todos eles se desfruta a vista que se quizer e basta-Lhe que entre por esta porta que o enredo, vá onde estiver o apanha sempre e mesmo se para tal me tiver de interrogar para melhor se situar.

Só Lhe agradeço, faço-lhe uma vénia e tive imenso prazer em a rever!

Rever sim porque também nos vemos e revemos através daquilo que escrevemos ...

Beijinhos correspondidos, esta casa é Sua, Seu

Jaime Latino Ferreira
Estoril, 4 de Janeiro de 2009