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PAZ
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Esvoaça a pomba com o ramo de oliveira
Como a alma do poeta feminina
Vai de quadro em quadro como em feira
Silhueta de mulher que não enquina
-.-
Tem a voz do cello como enzima
É do silêncio só que ele se abeira
Castelos não são mais do que uma quina
Vibrantes os olhares de sua eira
-.-
Ouve-se o cantar na sua esteira
O som de um arco manso que ensina
A esperança que se ilude é matreira
-.-
Faces maviosas à maneira
Dos grandes que as pintaram é a sina
Libertas dos algozes que se queira
-.-
-.-
Jaime Latino Ferreira
Estoril, 18 de Janeiro de 2009
17 comentários:
a ode corre pelas palavras e conceitos como a pomba voa sobre o espaço sem fronteiras
oxalá se cumpra o desejo de paz para que a esperança seja verdadeira, como a vida
A Paz das Pequenas Coisas
Paz é caminhar devagar
Sobre a areia
Num turbilhão de conchas
E de búzios
Paz é acordar cedo
Na clareira
E pressentir veados
Entre arbustos
Paz é comer pão quente
Com manteiga
E descalçar sapatos
De pés cansados
É conversar calado
Entre os amigos
Que entendem
Aquilo que pensamos
Paz é acreditar
Que os anjos nos protegem
E nos emprestam asas
Se sonhamos
É transformar auto estradas
Em carreiros
E fazer crescer
Discretas margaridas
Paz é partilhar o mesmo céu
Violoncelo que arrepia o vento
Faces de mulheres
De silêncio e sentimento
Manuela Baptista
Estoril, 19 de Janeiro 2009
Ora et Labora
Prezadíssimo (a),
Seja bem aparecido por cá já que, no contexto do nosso amigo Orca, em Sete Mares, foi um prazer entabular Convosco a polémica que por lá se desencadeou e que tão à altura todos estivemos de a enfrentar com rectidão!
Desejo de Paz é também orar, não apenas de rezar mas de pensar e ambos os conceitos, saberá, entroncam um no outro e fazê-lo é trabalhar, trabalhar em prol do esclarecimento que não se pode fazer se não nos deixarmos tocar pelo contraditório pondo à prova e encarando a firmeza ou justeza das nossas próprias convicções.
E de que trabalho se trata!
Sinta-se em paz por aqui, sem constrangimentos e na certeza de que terá em mim a interlocução argumentativa sem a qual espaço não haverá à respiração da esperança como da vida também.
Seja bem vindo, Seu
Jaime Latino Ferreira
Estoril, 19 de Janeiro de 2009
Manuela Baptista
Minha Querida Mulher,
A paz das pequenas coisas que tão bem cantas, torna-as grandes ...!
De como comas, acordes, pressintas, descalces, converses, entendas, cales, acredites, emprestes, sonhes, transformes, cresças, partilhes, assim o arrepio se sobredimensiona em sentimento ímpar de grandeza insuperável que nem o arco do violoncelo consegue, senão por aproximação reproduzir-se em faces femininas, silêncios ou sentimentos ...
E mesmo se tocado por um mestre como Yo Yo ma!
Quem não sabe ver o que dizes ser pequeno, a serenidade que nele respira e reside, dificilmente no grande conseguirá encontrar a Paz ...
Um pequeno de tão grande beijo,
Jaime Latino Ferreira
Estoril, 19 de Janeiro de 2009
Ah,a Paz!
Estar em paz, sentir a paz, ficar em paz, ir em paz...
Ah, a Paz!
Tantas guerras se travam em nome da paz e pela paz!
Um abraço forte, muito forte.
Filomena
Para a minha amiga Filomena:
HÁ A PAZ
Mas ela existe
A Paz
É uma respiração que se almeja
Não há guerra que a veja
Mesmo se em seu nome a deseja
Há a Paz
Se no que estando sinto
Fico ou vou por ela
Dependendo dos meios
Para atingir os fins
Há a Paz
Numa conversa travada
Polémica desatada
Se a rectidão imperar
Equidade sem sangrar
Há a Paz
Oh se há
Num abraço que se dê
Na vontade com que se vê
Futuro a consagrar
Ah a Paz
Desejo universal
Que despiste o que está mal
Jaime Latino Ferreira
Estoril, 19 de Janeiro de 2009
Amigo Jaime,
É sempre um prazer passar por aqui e encontrar tão belos conceitos e a forma como o seu poema sobre um tema tão actual deu lugar a outros textos tão sensíveis e profundos.
Diz muito bem "Quem não sabe ver o que dizes ser pequeno, a serenidade que nele respira e reside, dificilmente no grande conseguirá encontrar a Paz ..."
Esta Paz é a primeira que se quer, a que precisa existir em nós para que a possamos transmitir ao mundo.
Beijinhos.
Branca
P.S. Desculpe-me utilizar o seu espaço, mas tendo a Filomena dois blogues tão belos porque razão não nos deixa o prazer de a comentar?
Ou serei eu que não vejo onde?
Querida Brancamar,
Obrigado pelos elogios que faz e que, sensibilisado, agradeço mas, e sem querer substituir-me a Filomena Claro, dos Seus blogues Lhe direi que não aceitam comentários.
Eu só espero que Filomena não se sinta acanhada de vir por Sua mão explicar do porquê e aqui, respondendo-Lhe a Si directamente.
Ela sabe que esta casa também Lhe pertence!
Mas deixe-me que diga, Arminda, que se percebi bem, tratou-se de uma opção editorial e eu percebo-A já que, muitas vezes, as caixas de comentários transformam-se assim numa espécie de caixa de ressonância do autor do blogue da qual, a reflexão está ausente e para meu desapontamento.
Eu gostava que aqueles que por aqui passassem dessem azo à crítica, à polémica e ao diálogo com rectidão sem dúvida, mas também com todo o desassombro.
Eu estou disponível para isso e só espero que Filomena venha a terreiro dar-Lhe a Si, as explicações que Lhe pede.
Beijinhos,
Jaime Latino Ferreira
Estoril, 19 de Janeiro de 2009
Eu creio que entendo Jaime e sei que a Filomena que já me visitou de forma tão simpática fez uma opção lúcida e generosa, mas como não lhe posso dizer isso no seu sítio abusei da hospitalidade desta casa para o fazer.
Gostaria de lhe dizer tantas coisas Jaime, sobretudo a forma como aprecio a sintonia que existe entre o meu amigo e a sua esposa, a arte de bem estar e receber que há nos dois sente-se quando se entra neste espaço, através da partilha que nos transmitem.
Um abraço para os dois e muita PAZ.
Branca
Querida Branca,
Não abusou de hospitalidade nenhuma!
Ser hospitaleiro como diz que nós somos, minha mulher e eu próprio, é também ficarmos contentes por poder servir de ponte entre a minha Amiga e a Filomena.
Diga o que tiver a dizer e não se acanhe, perguntar nunca ofendeu e os Seus encómios gratificam-nos sempre.
Tentamos, já agora, proceder com os Outros como procedemos um com o outro.
Muita Paz Lhe desejamos também para Si,
Jaime Latino Ferreira
Estoril, 19 de Janeiro de 2009
Falar de PAZ no dia em que Barack Obama toma posse como Presidente dos EUA, tem uma importância acrescida, não acham?
Será que alguma vez tivemos em todo o mundo tanta esperança depositada num homem?
Que força é esta que nos empurra para acreditarmos soberanamente neste homem negro de 47 anos?
Porque nos apetece gritar também "yes,we can!"...enquanto vemos as imagens das ruas de Washington cheias de milhões de pessoas, como se fosse lá que quisessemos estar embuídos desse espítito de esperança, de confiança, de acreditar em cada um e em todos nós?
O futuro deste homem negro de 47 anos é uma incógnita, mas ele faz já parte da História e da PAZ.
1 abraço.
Ana Cristina
Ana Cristina
Boa Amiga,
Concordo Consigo, escrever sobre a Paz e nesta hora, tem mesmo uma importância acrescida embora ao soneto o tenha editado com dois dias de antecedência sobre a Inauguration de Obama e, confesso-Lhe, nada casuísticamente!
Não quero, porém, deixar passar a Sua reflexão sem Lhe juntar a minha:
Nós, os europeus em particular, temos uma irresistível tendência ciclotímica para nos deixarmos embalar, ora pelos mais profundos sentimentos anti-imperialistas americanos como de nos imbuirmos quase messianicamente da convicção nela, na grande nação americana, diante dos novos fôlegos que a inspiram, como é o caso da simbologia que encerra a eleição para presidente e pela primeira vez, de um afro-americano como o é Obama.
No que toca à simbologia, o feito beneficia universalmente o sistema democrático de representação política de que os States são um singelo paradigma, na medida em que, por sua via, graças à Democracia e ainda que a pulso, a diferença pode e deve vingar e este ganho é já um facto, repito, universal, os seus sinais já se projectam e contempla-a a ela, à Democracia e onde quer que ela tenha sido instaurada.
Quanto ao mais, as expectativas cresceram muito e, por vezes, injustamente!
Não nos podemos esquecer que Obama não é presidente do mundo, foi eleito pela cidadania norte-americana e foi-o, antes de mais, para defender os interesses dos Estados Unidos na sua perspectiva e dimensão particulares.
Nem poderia ser de outra maneira!
Não se Lhe pode pedir, por isso, a Obama, que venha a ser panaceia para os problemas como para a Paz globais embora não deixe de ser verdade que, sendo aquela que é a pujança dessa grande nação, ela tem, por isso e no contexto global, uma responsabilidade especial na implementação de um clima geo-estratégico mais distendido.
Mas não se lhes peça tudo aos americanos nem se esteja, sistematicamente pronto a prendê-los por terem e por não terem cão!
A situação que atravessamos, nós todos e o Globo no seu conjunto é demasiado severa para se pensar que, por si só, este novo fôlego possa vir a ser e de per si, o fôlego de todos nós, humanidade.
Um beijinho, Seu
Jaime Latino Ferreira
Estoril, 20 de Janeiro de 2009
Jaime
Completamente de acordo, mas uma coisa eu sinto, há muito tempo que um homem/político, independentemente da sua nacionalidade, dos seus interesses e dos seus objectivos,não aparecia a "galvanizar" a esperança, o SIM em vez do NÃO.
É a este nível que me identifico, carisma!?, desgaste e descrédito da política "chez nous"!?, necessidade de que algo aconteça!?, certamente !!!!
Em relação aos EUA nunca fui de extremos nos meus sentimentos.
Sei que existem e têem força para fazer a diferença.
Além disso adorei dizer adeus ao Sr. Busch :)
1 abraço.
(..por cá ainda há quem ousa colocar um cenário de realização conjunta de mais uns quaisquer jogos de futebol...no comments!)
Ana Cristina
Ana Cristina
Minha Querida,
Já reparou como andamos a coloquiar tanto, seja aqui, em Pintada de Fresco ou na Casa da Venância onde tanto me comoveu o que de minha mulher e de mim próprio escreveu a Seu sobrinho David!?
Eu chamo-Lhe, como escrevi antes, novo fôlego ou da capacidade da Democracia se regenerar que a tem e nos States, paradigmaticamente.
E pegaria no que diz sobre a necessidade de que algo aconteça para Lhe dizer que se a eleição de um negro é um sinal dos tempos, ela vai ao encontro do aprofundamento democrático, seguramente, mas não é, por si só, suficiente!
Era Kennedy que dizia que não se perguntasse tanto sobre o que é que a América poderia fazer por cada qual mas antes, o que é que cada qual poderá fazer pela América.
Eu transporia esta afirmação que contraria a negatividade que normalmente olha os poderes instituídos para uma mais geral, embora a América seja um tal mosaico cultural que pode, em certa medida, simbolizar o mundo ...
Diria então:
Não perguntes tanto o que é que eu posso fazer por ti mas antes, o que é que cada um de nós pode fazer por todos, pelo Mundo, pela Paz!
Quanto ao futebol ...
Chuta na pata
Pensar não mata
Um beijinho,
Jaime Latino Ferreira
Estoril, 20 de Janeiro de 2009
Jaime,
Será que desta vez o meu comentário entra?
Quero crer que sim.
Posso aproveitar a sua "casa" para me explicar à Branca?
Branca,
Eu penso que já percebeu, acho que já foi tudo dito... se quem visita o meu espaço sair de lá com um sorriso, basta-me isso... fico feliz por ter contribuído para a boa disposição de quem por lá passa.
Haverá comentário melhor?
Um grande beijo para si, Branca e uma vez mais, muito obrigada.
Filomena
FILOMENA
Querida Amiga,
Então não havia de poder dispôr da minha casa!?
Explique-se a quem quiser, aqui, os diálogos não têm apenas um sentido, têm-nos a todos, na vertical, na horizontal e em profundidade como na música!
Eu só não sei e desculpe-me se o problema foi meu, acho que o meu servidor não está no seu melhor (!?), só não sei escrevia, foi o que é que aconteceu para que a Sua mensagem original se tenha extraviado ...
Um beijinho,
Jaime Latino Ferreira
Estoril, 21 de Janeiro de 2009
Bom dia Jaime!
Estes problemas dos comentários são mesmo acidentes que acontecem por vezes!
Por qualquer razão não são recebidos, mais nada.
Tenha um bom dia, apesar da chuvinha irritante( aqui no Norte, pelo menos)
Beijinho
Filomena
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