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O SÓTÃO DOS AVÓS
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No sótão dos avós cabe tudo
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Cabe um majestoso café
Com uma ópera lá dentro
O Cavaleiro da Rosa
Na decadência aterradora
De impérios nacionalistas
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Na encruzilhada de todos os chauvinismos
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Toda a lembrança do que teria sido
E já não é
Ou nunca foi
Mas que na música e pela palavra
Se transfigura em algo mais
Como uma rosa
Na nobreza dos gestos
E das vozes
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De espinhos adelgaçados
Limados pelo tempo
E recriados
De odor cheio
Que ao sonido da orquestra
Nos transporta a outro tempo
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Saudade de um tempo que não tendo sido
Porque era cedo
Mas sempre desejado
Chorado está para vir
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Um tempo melhor
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Jaime Latino Ferreira
Estoril, 27 de Janeiro de 2009
6 comentários:
Queridas e Queridos comensais,
Já cá estou à Vossa espera ...
Se o quizerdes, juntai-Vos à minha mesa!
Jaime Latino Ferreira
Estoril, 27 de Janeiro de 2009
Eu bem te digo que estás sempre cheio de pressa...
Nem me deste tempo de tomar um cimbalino e matar saudades da luz desse majestoso café!
Manuela Baptista
POIS SE O TEMPO ME FALTOU
Pois se o tempo me faltou, chegou a hora de fechar, apagaram-se as luzes e na penumbra eu, recalcitrante, ainda agaurdava por ti ...!
Até que chegaste e todo o tempo do mundo me sobrou.
Sobrou para te cantar, voltando atrás e uma e outra vez, na tua mão te peguei e pela chuva, cantarolando baixinho, regressámos os dois a nossa casa.
Eu sei que tenho pressa como sei que disso, as nossas amigas, amigos todos não têm a culpa!
Mas bastou ver-te chegar para saber que contigo, o mundo todo está connosco ...
... e desde quando é que, à hora do fecho, noite dentro, te dignas tu tomar um cimbalino curto ou longo, meia de leite ou um descafeinado tão só!?
Para que queres tu a luz desse maravilhoso café se toda ela a transportas sempre contigo!?
Um beijo do tamanho do mundo banhado pelo teu sol
Jaime Latino Ferreira
Estoril, 28 de Janeiro de 2009
Conversa de Café
Com palavras tão lindas dá-me a insónia e passo a beber café...
Para quem não sabe: adoro café! Do cheiro pela manhã, da textura, do sabor e da história.
Pelo café fizeram-se e desfizeram-se vidas, escravizaram-se outras, o mundo recuou e avançou!
Mas apenas o bebo de manhã, muito, numa caneca grande, deliciadamente!
E então se nele mergulharmos uma "prata" da pastelaria Garrett do Estoril...
Manuela Baptista
Uhm, cheira a café acabadinho de chegar à nossa mesa na Garrett.
Cheira a cimbalino curto em chávena escaldada tomado numa mesa redonda com pé de cabra no Magestic.
Cheira ao café que também eu adoro beber, como a minha amiga Manuela, em caneca alta devagarinho pela manhã junto à minha janela da cozinha com vista para o nevoeriro do rio Douro.
Calma,Jaime, que o café deve saborear-se gota a gota, grão a grão, como se vivessemos todas as vidas que com ele se cruzam ou cruzaram, como se com ele bebessemos a nossa própria vida.
Calma,Jaime,não se apresse que o ambiente na Garrett e no Magestic a ela convidam e ninguém o vai empurrar, mesmo que delicadamente, para que abandone a mesa ou consuma algo mais do que já pediu.
Resisti a interromper o diálogo apaixonado entre a lua e o sol, mas por um cimbalino achei que devia intrometer-me na conversa intimista entre ambos ;)
Acho que vou tirar um cafézinho ali à cozinha pois que o cheiro paira nos sentidos virtuais tão forte que apetece...
Volto já para ver se acompanho a pedalada do Jaime!!!
Ah, esse tempo que já foi de sótão dos avós,
sem pressas,
sem tempo,
sem regras,
que não fossem as da imaginação e do sonho!
1 abraço.
Ana Cristina
RODEMOS POIS
E tarde e a más horas, lá apareceram ...
Mais vale tarde do que nunca.
Rodemos pois, continuemos este diálogo na página seguinte, já que o Majestic não Vos basta e talvez Glenn Gould me acalme ...!?
Venham daí
Jaime Latino Ferreira
Estoril, 28 de Janeiro de 2009
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