de tanto se porfiar
na confiança
um
já se vai a danar
outro
descansa
e as goelas abissais
de mor ganância
vão mantendo
os animais
na ignorância
- fotografia e poema de Jorge Castro
- fotografia obtida na exposição de cerâmica de Bordalo Pinheiro, em Óbidos.
-.-
( Em catalão mas facilmente compreensível )
http://www.youtube.com/watch?v=loHXTJU-Lzg
-.-
( 121 )
A CEGONHA E O LOBO
( Fábula de La Fontaine )
De tanto o ajudar, ao lobo, retirando-lhe o osso encravado da goela, a cegonha acaba por se ver em apuros ...!
De tanto manter vivas as tradições em loiça única, a fábrica de Bordalo fecha, engolindo consigo a tradição e desarmando o povo!
É a tradição que já não cola, o trabalho que não compensa ou mais do que isso!?
Na fábula a cegonha tinha, não foi escrito mas tinha (!), tem asas para voar e logo para se furtar à traiçoeira investida do lobo que com a sua ganância, em recompensa e livre do encravanço, a quer devorar.
Que asas terá o povo para voar, furtar-se à ganância traiçoeira das goelas depressoras de uma crise que o arrastam, e a poder encará-la de frente!?
Eu acho que as tem!
Talvez que abdicando do voluntarismo que um osso que se oferece para desentalar representa, assim desencrave a situação e possa, suserano, neutralizar a ganância onde quer que ela exista!!!
Resta saber como e onde estão as asas ...
Jaime Latino Ferreira
Estoril, 12 de Fevereiro de 2009
-.-
http://www.youtube.com/watch?v=7txDU992Iw4
Pensa o Pensador de Rodin, no cruzamento entre as fábulas de La Fontaine, A Cegonha e o Lobo e A Raposa e a Cegonha, que se o crivo, a bitola fosse outra, não exclusivamente o do prato raso ou das empresas, classes ou grupos de interesses, castas e quejandos mas também o do gargalo estreito ou da medida que tem por referência o indivíduo concreto e singular, a injustiça denunciante das fábulas talvez se deixasse de perpetuar na constatação de que, onde haja um só desempregado ou indivíduo votado ao abandono, este se encrava como osso que se vira em libelo acusatório pondo em cheque a Liberdade de cada um de nós!
Jaime Latino Ferreira
Estoril, 12 de Fevereiro de 2009
16 comentários:
Vou tentar procurar as asas.
Têem de andar por aí,mas a nossa vista tem tido dificuldade em avistá-las.
Se as encontrar virei aqui contar-vos onde e como as encontrei.
É urgente voar!
1 abraço
Ana Cristina
É URGENTE VOAR
Há vinte anos que voo, minha querida Nini e nesse voo e pela bitola estreita, os horizontes não têem parado de se espraiar qual prato raso, ganhando dimensão, densidade, profundidade também!
E no indivíduo singular, o mérito e a criatividade, numa atitude afirmativa que se cultiva persistente no tempo e sem esmorecer, na primeira pessoa, não podem deixar de vir a ser reconhecidos.
Os tempos o impõem, noblesse exige!
Um beijinho
Jaime Latino Ferreira
Estoril, 12 de Fevereiro de 2009
Terçar palavras, nova esgrima, esta de saberes e de afectos e de preferências e de...
Ocorreu-me um dos temas das Noites com Poemas, em que também participaste: Por Cada Olhar, Um Poema.
E assim vamos. Contra o cinzento dos dias, nós vamos!
Grande abraço.
TERÇAR
Terçar ou pugnar através das palavras, sobretudo se instilando-as de música, da musicalidade que lhes confere outra aura e no cruzamento com outras formas de expressão artística como sejam a fotografia, a animação ou a própria música e, no caso, a escultura também, já para não falar das línguas, o catalão e o português e das fábulas que em diálogo unem os extremos peninsulares onde em cada um destes específicos olhares um poema se desvenda, é desafio que abraço com imenso prazer!
Dizes bem, é uma esgrima, nova esgrima instilada de afectos.
Depois, estava em falta contigo e impunha-se dar-te destaque como a mim também o deste!
Assim vamos, acrescentas, vamos pois!
Forte Abraço,
Jaime Latino Ferreira
Estoril, 13 de Fevereiro de 2009
Falando de asas
" -Nós, irmãos,- disse o mais velho- voamos como cisnes selvagens, enquanto o sol está no céu. Quando desce, tomamos a nossa forma humana. Por isso ao pôr-se o sol, temos sempre de ter o cuidado de encontrar um pouso para os pés,pois se voássemos lá alto na direcção das nuvens, tombaríamos como seres humanos no abismo. Não é aqui que moramos. Há uma terra tão bonita como esta do outro lado do mar, mas é longo o caminho para lá, temos de atravessar o grande mar e, no trajecto, não há nenhuma ilha onde possamos pernoitar."
"Os Cisnes Selvagens" de Hans Christian Andersen
Manuela Baptista
ILHA
Nós, irmãos, os mais afortunados de nós porém, e que voemos para o outro lado do mar em busca de terra tão ou mais bonita do que esta, no longo caminho que percorramos e mesmo que o Sol se ponha e nos convertamos de cisnes em humanos ao pôr do Sol, não corremos o risco de cair em fundo abismo porque há uma ilha que sempre nos acompanha para pernoitarmos, acolhedora e quente.
Há, tenho-a e não a regateio (!), uma Ilha comigo, Ilha ou âncora que fundeando o navio lhe dá um poiso, seguro e manso e que me liga à terra.
Pernoito então sereno antes de levantar voo de novo e prosseguir o meu caminho.
Trago esta Ilha comigo, comigo ela voa também e me dá abrigo.
Ilha do Amor, Lhe chamo!
Jaime Latino Ferreira
Estoril, 13 de Fevereiro de 2009
Jaime e Manuela
Obrigada por terem vindo logo em meu auxílio....!
As vossas palavras que sei amigas e sinceras aquecem.
A vossa coragem e apoio empurram-me para que ouse continuar a voar.
"A história de uma gaivota e de um gato que a ensinou a voar" - Luis Spulveda
Uma história maravilhosa.
Uma lição de vida.
Beijinhos da
Nini
As asas abrigam.
As asas aquecem.
Nas asas vamos e nas asas voltamos.
E se quisermos voar, podemos fazê-o mesmo com as asas cortadas...
Um beijinho para todos
Filomena
As asas abrigam.
As asas aquecem.
Nas asas vamos e nas asas voltamos.
E se quisermos voar, podemos fazê-o mesmo com as asas cortadas...
Um beijinho para todos
Filomena
ANA CRISTINA
Nini,
Não sei se conheço a história de Luis Spúlveda que cita, julgo que sim mas não me lembro do seu enredo ...!
Mas, o mais importante é que ouse continuar a voar!
Não paro de o dizer:
Por vezes é preciso bater no fundo e há sempre mais fundo onde bater, mas é quando se bate no fundo que, quantas vezes (!), a perplexidade nos surpreende e nos desvenda recriado tudo de novo ...
E foi assim que me lancei em voos cada vez mais altos mas sustentados também.
Sustentados na escrita!
Deixemo-nos, porém, de metáforas!
Quando lhe respondi às Suas perguntas equacionadas na página anterior, não percebi a relação delas com a última página do blogue de Sua irmã, estou certo!?
A haver alguma, então aí, tudo fia mais fino ...
Carne de nossa carne que o deixa de ser, permanece não sendo mais num imenso vazio que nos pode auto-destruir, imagino!
Imagino apenas e Sua irmã disso me tem dado uma exaustiva lição.
Mas sei que Ela tem fibra e que num processo de avanços e recuos lá vai encontrando, sabe Deus com que custo e que me desculpe Ela a invocação do Santo Nome (!), lá vai encontrando o Seu equilíbrio possível.
Nem pode ser, Ela sabe-o (!), de outra maneira!
Um grande beijinho
Jaime Latino Ferreira
Estoril, 13 de Fevereiro de 2009
ASAS
Asas a duplicar
Abrigam mais e aquecem
Filomena vai e volta
Não pares de te criar
Podes voar sem ter asas
Podes curtar tuas vasas
Que o sonho não tem lugar
Por sabê-las abanar
O sonho só tem que dar
Asas na condição
De preencheres o teu estar
Cheio de imaginação
Jaime Latino Ferreira
Estoril, 13 de Fevereiro de 2009
Entendeu bem, Jaime, mais uma vez nos vai conhecendo cada vez melhor.
Vou conseguindo levantar-me mas as últimas quedas têem deixado fracturas de recuperação impossível;talvez atenuem com fisioterapia e o sol da Primavera ,mesmo que seja em Abril o mês de todos os meses do David.
Carne da nossa carne, que verdade incrivelmente dolorosa, pode crer.
Não tenho perguntado pela Lili.
Diga que lhe mando um grande abraço.
Ela está bem,espero!?
Beijinhos.
Nini
ANA CRISTINA
Nini,
A minha mãe vai bem, apenas tem tido algumas quebras, está com oitenta e três anos, é bom não o esquecer (!), que a obrigam agora a um ritmo mais calmo como os próprios médicos que a assistem a vão também aconselhando ...
Transmitir-lhe-ei os Seus cuidados.
E a Sua!?
Confesso-Lhe que quem me chamou a atenção para a relação entre as perguntas que fez e o blogue de Sua irmã foi, não podia deixar de o ser, a nossa Manuela!
A recuperação, Minha Amiga, é sempre possível e sobretudo quando a idade ou a doença não pesam como, por exemplo, àqueles que nos antecedem!
Tem sido um inverno rigoroso e, parecendo que não, o tempo também não vai ajudando muito ...
Vamos, menina, toca a arribar que já bem basta a desgraça que por aí vai!
Vamos, levante-se das quedas que deu que se as damos é para que delas nos levantemos e com elas possamos aprender um pouco mais.
Também só não cai ... quem não voa!
Mais beijinhos
Jaime Latino Ferreira
Estoril, 13 de Fevereiro de 2009
...O gato Zorbas gordo e preto, promete a uma gaivota moribunda tomar conta da sua cria e ensiná-la a voar.
Voar não está na natureza dos gatos, mas Zorba cumpre a sua promessa e seres diferentes entreajudam-se e conseguem mesmo que a pequena gaivota, chamada Ditosa, cumpra o seu destino de gaivota e voe.
É uma fábula muito bonita que nos fala de diferenças e de como seres sem asas pesados e gordos cumprem destinos de pássaro.
Recordei-a hoje graças à Ana Cristina e aos outros pássaros que por aqui terceiam (!?).
Manuela Baptista
Estoril,13 de Fevereiro 2009
Pois é Manela, minha amiga sempre atenta, uma história exemplar e absolutamente mágica que se lê de um fôlego.
Lembro-me de ler um pequeno trecho desse livro,precisamente aquele em que no final Zorbas-o gato-, com as lágrimas nos olhos,incita Ditosa-a gaivota- a que voe no meio da chuva que cai sobre o porto de Hamburgo e acompanhe o bando de gaivotas que voa no céu;li-o,se bem me lembro nas conclusões de um encontro no Centro Cultural de Cascais sobre a figura legal da Adopção.
Estranho!?
De forma alguma acreditem.
Horas de dormir.
A Diana tem amanhã exame final de Reprodução Humana Assistida - o último exame do 1º.semestre-3º.ano.
A minha mãe,Jaime,vai bem melhor agora que o inverno acalmou e recebe a visita do bisneto quase todos os dias depois da sesta ;)
Um bálsamo para os bisavós que também já contam com 80 anos,quase a fazerem 81!
Fiquem bem.
Até amanhã.
Nini
VOO TERÇADO
Jorge, o verbo terçar deu pano para mangas ...
Contra o cinzento da vida, voemos pois!
Nini, a metáfora das asas e do voo, igualmente!!
Que os voos de Sua filha Lhe corram de feição e que Sua mãe possa gozar o bisneto por muitos e bons anos!!!
Uma coisa é certa:
Sem luta, sem que pugnemos, não há voo que resista e pugnar é isso mesmo, é lutar por conseguir qualquer coisa e lutar não é uma figura de retórica ...
É cairmos e sabermos ou aprendermos como nos levantar de novo!
É cair uma e outra vez sem que por isso nos rendamos ainda que muitas vezes pareça que sim, que já não há voltas a dar ao sonho, ao voo que desejamos empreender ...
É teimosa e persistentemente prosseguir, quantas vezes, a contra-corrente!
O voo nem sempre está de feição porque se estivesse, para que seriam precisas as asas, o seu bater!?
Que força indómita, não arrogante mas resiliente como o dizem os ingleses, não será necessária a uma ditosa gaivota, a um Zorbas gato ou mito clássico singular, na metáfora da vida, desse terçar que ela é e que as palavras espelham no testemunho que dão!?
Tercemos, voemos pois ancorados, é certo, na realidade!
Porque, se dela nos alhearmos ...!?
Jaime Latino Ferreira
Estoril, 14 de Fevereiro de 2009
Enviar um comentário