segunda-feira, 16 de fevereiro de 2009

ESTE E O OUTRO ENVÓLUCRO

Escrevo nesta página e comento no seu interior ao sabor das reflexões que me proporcionam ou dos olhares que me levam a reflectir sobre o que escrevi nesta mesma primeira página.
Uma e outra coisa, um e outro olhar não são bem a mesma coisa ...
Numa, dirijo-me ao vazio, ao grande público ou a essa entidade abstracta, estereótipo de contornos imprecisos, a um arquétipo de mim mesmo ou do Outro na impossibilidade abrangente mas sempre incompleta, sempre a redefinir do Outro ou de mim próprio.
Na outra oiço o feedback, as reflexões que me chegam por detrás da cortina que essa primeira página também é, nuns bastidores ou camarim expostos e interajo com elas.
Aproximo-me desta e daquela máscara e respondo-lhes, dou-lhes a atenção possível, devida (!?) e argumento na mímica silenciosa da escrita, situo no terreno a acção.
Em paralelo desenvolvem-se em harmónicos os ecos percutidos pela tónica nas pontes e no cromatismo que entre esta e aqueles se geram ...
Nesta dança, tango, o que é, então, o mais relevante:
A caixa de reflexões, os bastidores ou a primeira página, o palco de cortina levantada, a boca de cena?
Que seria duma sem a outra!?
-.-
Jaime Latino Ferreira
Estoril, 16 de Fevereiro de 2009

10 comentários:

Anónimo disse...

COM OS MEUS BOTÕES


Uma vez mais, antecipo-me a qualquer comentário ...

Comento comigo mesmo.

Com os meus botões!

Atrás da cortina sei, no entanto, estar igualmente exposto, dependendo dos passos que, quem me visita, dê.

Aqui não existe o formalismo nem o cuidado gráfico que na primeira página se estampa, tudo se resume à palavra escrita.

Ao mimético do que se escreve, processando ...

E então!?

Torna-se por isso menos relevante?

Não me parece ...

Tenho para mim que neste arranjo, aquele que se desenvolve naquilo a que gosto de chamar caixa de reflexões e cingidos à interacção da palavra que se esgrima como num tango e num como noutros sentidos, reside o essencial!

Um silêncio organizado que toma forma neste processamento e que induz musicalidade por se constituir do que os outros e eu próprio reflectimos sem fugirmos ao que uns e outros aqui o vão escrevendo.

Esgrima, tango ...

Aqui, verdadeiramente nos tocamos, a isso nos dispunhamos sem ter medo, sem que nos esquivemos uns dos outros a não ser no que de essencial salvaguarde o nosso espaço, a nossa integridade e isso está nas minhas como nas vossas mãos como tão elequentemente se tem vindo a constatar.

Modestamente, assim me parece ...!?

Claro que se não existisse a primeira página esta linha paralela de pensamento plural também não teria lugar, não se desenvolveria assim!

Mas, posta esta ressalva ...


Jaime Latino Ferreira
Estoril, 17 de Fevereiro de 2009

Anónimo disse...

Realização Plástica do Espectáculo


O espectáculo não existe sem público e sem actores.

Com uma plateia vazia o palco perde a sua razão de existir; espectadores sòzinhos numa sala apenas sabem patear, assobiar e falar alto.

A primeira página é o drama que deve ser encenado, bem dirigido e com belos adereços.

Os comentários dos bastidores podem ser excelentes mas não têm cor, no entanto alimentam e inspiram os autores e os actores.

Alguns, como Marcel Marceau conseguem dançar o tango consigo mesmos mas são raros.

Manuela Baptista

Anónimo disse...

MANUELA

Minha Querida,

Só um apontamento:

Para te dizer tão só que ao contrário, os comentários de bastidores sendo excelentes têm, em si mesmos, imensa cor.

Os teus e os de todos os demais que nos visitam!!!

Jaime Latino Ferreira
Estoril, 17 de Fevereiro de 2009

Ana Cristina disse...

O palco vazio sugere abandono.
A rosa vermelha caída no chão sugere dramatismo,tragédia.

Atrás da cortina estará alguém?
E na plateia como estarão as cadeiras?

Ou será que é apenas um simbolismo esta imagem que o Jaime publicou, para nos dizer que não há actores, nem espectadores, nem tão pouco cadeiras.

Que vivemos a maior parte dos nossos dias num palco vazio,com maior ou menor dramatismo, onde somos ao mesmo tempo actores e espectadores dum teatro que levamos à cena sem suporte de guião ou encenador.

Que nos expômos, indiferentes aos comentários ou ás críticas, continuando no dia seguinte a subir ao palco porque é essa a nossa natureza humana - viver,deixar marcas mesmo que indeléveis,dar espectáculo,surpreender,descobrir ou tão somente participar como figurante no teatro/vida dos outros.

Como só identificamos um actor principal e um secundário,concluio que os figurantes são afinal a côr de qualquer espectáculo, de qualquer palco ...

1 abraço.
Ana Cristina


(Manela,hoje visitei a Ass. Jardim Escola João de Deus de Gaia...lembrei-me de si e imaginei os seus comentários durante toda a visita. Lá estava a cartilha maternal em todas as salas e poderá imaginar a minha reacção quando na sala dos 1/2 anos vi as crianças sentadas nas mesas a preencher/colorir uma girafa impressa numa ficha ;( ..Beijinhos)

Anónimo disse...

Boa noite!
Jaime tenho uma pequena frase no meu canto sobre o palco que é avida.
Umas vezes com direito a papel principal, outras sendo meras figuras secundárias(os figurantes, as marionetas) sem nada podermos fazer para tomar as rédeas da interpretação magistral da mesma.

Nini,

Que interessante falar da Cartilha Maternal!
A minha mãe era professora e eu aprendi a ler pela Cartilha Maternal e também por um método que na altura era considerado muito moderno e que era o método do prof. Saraiva( penso não estar enganada)
A minha filha igualmente aprendeu a ler pela Cartilha pois andou numa escola particular que adoptava esse mesmo método.


Beijinho para os três, Nini, Manuela e Jaime.

Filomena

Anónimo disse...

ANA CRISTINA

Minha Querida,

Já reparou como vai extensa a nossa conversa, transcorrendo nos bastidores e também já na primeira página, num taco a taco intermitente!?

Onde palco e bastidores se confundem, imiscuem e invertem posições onde actores e espectadores são uma e outra coisa, sentados ou não que estejam!?

Eu acabei de ser Seu espectador enquanto a li e sobre o que escreveu reflecti ...

Agora entro eu em cena e depois quem!?

O palco vazio pode também ser um convite à dança e a flor vermelha o sentido dramático, sim, que a vida sempre tem, nos palcos em que decorre!

Atrás da cortina, já reparou, dependendo da posição em que estejamos, assim podem estar actores ou espectadores, criadores, ladrões subtis como Marceau no seu tango o é ao apanhar a carteira do chão ou depois quando a outra face de si mesmo, o par com que dança e que não resiste, persistente, em ir-lhe ao bolso.

Figurantes, actores secundários ou principais, que seriam uns sem os outros e sem guião, sem espectadores muito menos.

Olhe que se um figurante é a cor, o que seria do espectáculo sem ela!

Há muitos actores, falta talvez que assumam com outra intensidade e fulgor o drama que é a nossa vida!

Jaime Latino Ferreira
Estoril, 17 de Fevereiro de 2009

Anónimo disse...

Filomena e Nini,

Dirijo-me, agora, às duas.

Primeiro que me perdoe a Nini mas esqueci-me de Lhe enviar um beijinho que aqui fica agora, repenicadamente repartido por ambas, não vá eu me esquecer de o fazer no fim.

Depois, nem combinado (!), lá entra a Filomena em acção!

Apenas discordo dela quando diz " sem nada podermos fazer para tomar as rédeas da interpretação magistral da mesma ", da vida.

Temos livre arbítrio e algo está também nas nossas mãos para que tal aconteça já que se o está nas mãos dos actores no sentido estrito do palco em que evoluem, não somos meros figurantes e muito menos marionetas!

Quanto à Cartilha ...

A Manuela logo voltará aqui para Vos acompanhar nessa senda.

Beijinhos, beijinhos, beijinhos que agora estou a trabalhar na edição do próximo capítulo onde as nossas conversas se sucederão, intermináveis espero!

Jaime Latino Ferreira
Estoril, 17 de Fevereiro de 2009

Anónimo disse...

Aprendendo a ler...

O método de leitura pela Cartilha Maternal de João de Deus, foi inovador no seu tempo e muitas crianças aprenderam a ler graças a ele e recordam-no até com saudade. Mas eu também tenho ainda guardado o Livro da 1ª Classe com a Titi e o pópó e os meninos pobres mas honrados e as meninas que lhes davam um prato de sopa à porta de casa...

O problema é, quando se dão girafas já desenhadas a bebés de 1/2 anos pois é de bebés que estamos a falar, ou seja as e os Educadores acreditam que as crianças nunca saberão desenhar e colorir girafas...

Com professores assim e com o tempo que todas as crianças passam agora na escola, não teremos elefantes azuis a pisar florzinhas nos caminhos!

Muitas escolinhas são palcos vazios onde os meninos nunca terão oportunidade de realizar um espectáculo.

Às vezes, Ana Cristina, tenho saudades das escolas e das visitas que fazíamos, mas a maior parte do tempo dou graças por já não ter de ser eu a escrever este guião.

Agora vou visitar o canto da Filomena e ver qual é a peça em cena!

Entretanto continuamos sempre a aprender a ler...

Manuela Baptista

Ana Cristina disse...

Pois é Manuela, sempre a aprender a ler e a ver para além de olhar.

1 abraço amigo.
Ana Cristina

Anónimo disse...

DO BLOGUE DA FILOMENA

" A nossa vida é um palco, mas nem sempre nos é dado o papel principal."

( Filomena )

COMENTÁRIO

Se as coisas, os papéis nos são dados temos sempre que fazer por eles e esse nosso fazer, esse empreendimento é o principal dos papéis que nos cabe.

E que papel!

Jaime Latino Ferreira
Estoril, 17 de Fevereiro de 2009