quinta-feira, 5 de novembro de 2009

RELATIVIDADE

Na perspectiva relativista não há padrão ou melhor, há tantos padrões, tantos quantos os indivíduos que impossível se torna entendermo-nos em função de um mínimo denominador comum.
Naquela da relatividade, porém, valorando-se o indivíduo e as perspectivas que o enformam, espaço há, todavia, para um mínimo denominador que a todos os congregue.
Partindo uma vez mais da fórmula de Einstein, E = mc2, energia igual a massa vezes velocidade da luz ao quadrado mas transpondo-a para a esfera da interacção individual em que, como já o escrevi anteriormente, a energia resulta do processamento cerebral elevado à potência de dois, a interacção que pelo Diálogo e multiplicada pela massa resulta em energia acrescida e que se desenvolve a uma velocidade dificilmente ultrapassável, logo se intui que neste, no Diálogo ou na liberdade de expressão que concede soberania ao desenvolvimento dialéctico do contraditório, no Diálogo, escrevia, a Democracia surge logo como mínimo denominador incontornável sem o qual este não se pode exponenciar e libertar em energias acrescidas.
O que aqui escrevo não se trata de uma simples metáfora ou alegoria, retórica tão pouco ...!
Tu e eu em interacção profícua e que aqui no meu blogue já por tantas vezes nesse factor acrescido se patenteou, libertamos pela massa sem a qual não poderíamos escrever e, portanto, desenvolver o contraditório, energia acrescida que ao próprio blogue o alimenta.
Nesse mínimo denominador, a Democracia que no Diálogo se traduz, se encerra o que de fundamental, diria eu, nos deve congregar.
Independentemente das mundivisões que a cada um de nós nos enformam e que, evidentemente, às nossas respectivas e individuais perspectivas as caracterizam, é pelo Diálogo que a outras e insuspeitadas energias as potenciamos e ao fazê-lo, dar-nos-emos conta (!?), distendemos em vez de crisparmos e libertamo-las a essas energias tornando-nos mais e mais disponíveis para o Outro.
Sendo um mínimo denominador, o Diálogo não é, porém, errático, tem regras como a música, ele já é musical (!), estético e logo mais do que uma fórmula matemática tout court, regras sem as quais este não pode ser fecundamente desenvolvido.
A energia não se cria subtraindo mas somando ( + ), acrescentando a tua à minha energias e por mais contraditórias que possam parecer!
Se eu não te ouvir, dificilmente poderei contra-argumentar no pressuposto do que, o que digas ou escrevas, em si mesmo se contém, e não em intencionalidades ou pressupostos sempre subjectivos que no que quer que queiras dizer ou escrever logo o armadilha e escamoteia.
E o inverso também é verdadeiro.
Na delimitação que pela definição das águas em que nos movemos se faz, nós não nos anulamos antes acrescentamos redobrada valia uns aos outros no mar comunicante em que incontornavelmente turbilhamos!
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Jaime Latino Ferreira
Estoril, 5 de Novembro de 2009

7 comentários:

Dulce AC disse...

"Independentemente das mundivisões que a cada um de nós nos enformam e que, evidentemente, às nossas respectivas e individuais perspectivas as caracterizam, é pelo Diálogo que a outras e insuspeitadas energias as potenciamos e ao fazê-lo, dar-nos-emos conta (!?), distendemos em vez de crisparmos e libertamo-las a essas energias tornando-nos mais e mais disponíveis para o Outro."

Sim. Subscrevo-o inteiramente.
Reflectindo mais um pouco, encontrei um escrito do próprio Einstein que vem de encontro ao que tão bem reflecte nas Suas próprias palavras Jaime,

"O ser humano vivência a si mesmo, seus pensamentos como algo separado do resto do universo - numa espécie de ilusão de ótica de sua consciência. E essa ilusão é uma espécie de prisão que nos restringe a nossos desejos pessoais, conceitos e ao afeto por pessoas mais próximas. Nossa principal tarefa é a de nos livrarmos dessa prisão, ampliando o nosso círculo de compaixão, para que ele abranja todos os seres vivos e toda a natureza em sua beleza. Ninguém conseguirá alcançar completamente esse objetivo, mas lutar pela sua realização já é por si só parte de nossa liberação e o alicerce de nossa segurança interior."

Beijinhos e um bom descanso no fim de semana que não tarda chega...- que bom.
dulce ac

Dulce AC disse...

Ah!! E a Música Jaime,
a que podemos ouvir sempre aqui... e a outra,a que já é nossa.
Ambas são-no, incomensuravelmente, o que nos ampara e sempre e em qualquer momento nos torna mais presentes à vida que nos espera lá fora ou cá dentro, no mais profundo sentir de nós mesmos.
A Música é-nos imprescindível, não acha?!

dulce ac

manuela baptista disse...

Quero agradecer à Dulce

ter aqui chegado primeiro do que eu!

Poderei ter muitas qualidades, mas tenho um enorme defeito, talvez por já ter debatido este assunto com o Jaime, incontáveis vezes, que é
o lidar muito mal com esta questão "da energia e do processamento cerebral elevado à potência de dois" aliada à multiplicação pela massa.

Rendo-me
não discuto
não interajo

fico aqui quietinha a ouvir esta Avé Maria Pentatónica, minimal e tão linda
para o resto do dia
e da noite.

Com licença...

Manuela Baptista

Jaime Latino Ferreira disse...

DULCE AC


Querida Amiga,

Começo pela segunda reflexão que escreve para Lhe pôr a pergunta que me faz ao contrário:

Já imaginou o que seriamos sem música?

Sobreviveriamos sem ela?

E a partir dela, da Música, o som das esferas, chego à reflexão de Einstein que reproduz quase que lhe replicando que é através dela, da música, Einstein também tocava violino se não estou em erro (!), que chegamos mais longe quebrando a ilusão de sermos ilhas e ao universo nos religando numa linguagem tão universal como ela o é, quebrando amarras e prisões que nos constrangem.

É a própria música que como trampolim projecta o pensamento e as linguagens pátrias para a poética que tanto dela se aproxima já ...

Dificilmente se poderão traduzir as nossas vivências musicais mas o que é certo é que elas são, por todos e de mil e uma maneiras partilhadas e fundem-se, não o duvido, com o Universo todo.

A musica e tal como a poética, reside num patamar superior, quase que diria telepático, de comunicação.

A música ajuda ... ajuda a tudo!

Beijinhos


Jaime Latino Ferreira
Estoril, 6 de Novembro de 2009

Jaime Latino Ferreira disse...

MANUELA BAPTISTA


Só para te dizer que se te rendes e não discutes, já interages.

E ficares quietinha a ouvir, minimalista, Anonymous, também.

Ai se não interages!

Por quem o és

( e saio de mansinho não sem antes te beijar na nuca e fechando, delicadamante, a porta )


Jaime Latino Ferreira
Estoril, 6 de Novembro de 2009

J. Ferreira disse...

Caro Jaime,

Concordo contigo. Há de facto uma grande diferença entre relativismo e relatividade.
Também concordo que existe uma grande convivência entre a filosofia e a matemática.

Todavia, martelares, com reincidência, na analogia aplicativa da equação do Albert à massa cinzenta, desculpa lá mas acho que é exorbitância.

Li e reli o teu texto até à regurgitação, concluindo que um comentário exaustivo, levar-me-ia a disseca-lo passando por algumas teorias epistemológicas (de Platão, por exemplo) de difícil digestão neste espaço.

Assim, para teu desgosto, possivelmente, remeter-me-ei às minhas convicções agnósticas e dúvidas que invariavelmente se me deparam, sobretudo em relação às vertentes do conhecimento, nomeadamente se algum dia conseguiremos alcança-lo genuinamente na sua totalidade, sem dogmatismos e empirismos, bem como encontrar uma relação plausível entre o cognoscível e o incognoscível.

É de facto complicado pretender interpelar algo enquanto algo, tentando apreender a sua essência sem possuirmos conhecimento que nos consiga explicar a sua existência.

Direi que no campo teórico posso aceitar algumas concepções que enuncias, por exemplo “no Diálogo, a Democracia surge como mínimo denominador incontornável sem o qual este não se pode exponenciar e libertar em energias acrescidas”

Sendo pacífica, esta ideia para ser exequível, necessita que quem dialoga - pelo menos um ou mais intervenientes - seja bem intencionado, o que nem sempre é acontece. Talvez por isso, julgo, terás utilizado a expressão “minímo denominador”.

Mesmo que modestamente, espero ter contribuído de alguma forma para o enriquecimento do teu ensaio.

1 Abraço


Ps. Já agora dá uma saltada ao meu blogue. O tema é 365. (sem plagiar!)

Jaime Latino Ferreira disse...

JOSÉ FERREIRA


Meu Caro


Tenho fundadas razões para martelar, como dizes a analogia que à massa cinzenta, como escreves, a reporta à velocidade da luz já que a velocidade do que no cérebro se processa, falo não apenas do pensamento mas de todas as funções que com este se associam se desenvolvem a uma tal velocidade cuja comparação apenas à da velocidade da luz se assemelha.

E se atendermos então ao restrito do que no interior cérebro humano tem lugar, ai meu Caro ...!

Como escreves, por vezes martelo em assuntos por mim já desenvolvidos em ensaios de outra envergadura e escritos noutros formatos como se pondo à prova o meu poder de síntese que aqui, bem vês, não se podem estender para lá de um certo tamanho.

E martelo porque esses assuntos são axiais no contexto da doutrina por mim produzida.

Quanto ao mais registo que uma vez mais a este texto, como o fizeste já com outros meus, o classificas de ensaio e essa simples observação já me reconforta!

Um abraço, teu


Jaime Latino Ferreira
Estoril, 6 de Novembro de 2009