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Qualquer dia, bastará que seja lançado um qualquer movimento numa rede social em interface com outras redes para que este venha, por uma qualquer oportunidade que lhe surja associada, a abalar os fundamentos de um estado, criado o caldo susceptível de a desencadear e por mais democrático que ele, esse estado, o seja.
A nova glasnost a que, no oriente próximo, com toda a legitimidade, assistimos, quase incrédulos e que faz desmoronar autocracias umas atrás das outras, coloca na agenda esta eventualidade em relação à qual não adianta fugir e tanto mais quanto se acentuem os sinais de crise, económica, social e de representação política em que esse estado, democrático ou não, eventualmente, se veja mergulhado.
Estes factos, por si mesmos, dever-nos-iam levar a todos e, em particular, às democracias, apetrechadas que estão do contraditório que as deveria fortalecer, a reflectir seriamente.
Ah, dir-me-ão, mas um movimento, para que seja bem sucedido, não basta que surja de geração espontânea, tem de ser organizado e nele, uma qualquer autoridade terá de emergir!
Ah, contrapor-me-ão outros, mas uma autocracia é uma autocracia, outra uma democracia e ambos os casos, em si mesmos e deste ponto de vista, não são comparáveis!
Não o serão, pergunto-me ...!?
Os acontecimentos em curso no próximo oriente, é iniludível, vêm demonstrar a crescente importância do indivíduo, pelas ferramentas de comunicação ao seu alcance, no curso da História e dos acontecimentos a ela associados e tal facto, penso, não será necessário comprová-lo, salta por demais à vista.
Uma democracia, concordo, não é uma autocracia mas se nesta última tal pode acontecer o que impedirá de numa democracia, o sistema de representação possa vir a ser questionado, abalado e seriamente comprometido!?
Estas questões remetem para uma outra, a saber, qual é a fonte da autoridade, autoridade democrática, nunca é demais salientá-lo (!), autoridade sem a qual, qualquer movimento, por mais que surgido de geração espontânea, está, em si mesmo e por melhores que sejam as suas intenções iniciais, condenado ao fracasso?
E, a este propósito, direi apenas:
Por um lado, a autoridade assenta no direito legalmente estabelecido de alguém se fazer obedecer e essa legalidade ou existe, ou não existe;
Numa autocracia ela não existe!
Por outro lado, a autoridade deriva do valor pessoal e logo da importância que essa pessoa adquire, importância que em última instância remete para o mérito, esse tal valor comprovado que ou se tem ou não e que tem de poder ser mensurado, escrutinado em sentido amplo, não apenas e necessariamente pelo sufrágio universal mas pelo valor da Obra por essa pessoa realizada.
Ora o valor, o valor de uma obra não se comprova na instantaneidade das redes sociais qual labareda que deitasse fogo a uma pradaria.
É no tempo que ele se aquilata, é no tempo que ele se alicerça, é no tempo que ele se agiganta.
É no tempo que ele se constitui em autoridade ...
Por outro lado, a autoridade deriva do valor pessoal e logo da importância que essa pessoa adquire, importância que em última instância remete para o mérito, esse tal valor comprovado que ou se tem ou não e que tem de poder ser mensurado, escrutinado em sentido amplo, não apenas e necessariamente pelo sufrágio universal mas pelo valor da Obra por essa pessoa realizada.
Ora o valor, o valor de uma obra não se comprova na instantaneidade das redes sociais qual labareda que deitasse fogo a uma pradaria.
É no tempo que ele se aquilata, é no tempo que ele se alicerça, é no tempo que ele se agiganta.
É no tempo que ele se constitui em autoridade ...
... ou não!
E o tempo, esse, não se compadece com imediatismos voluntaristas de qualquer ordem que, eventualmente, substituam o que está por algo de pior ainda!
E o tempo, esse, não se compadece com imediatismos voluntaristas de qualquer ordem que, eventualmente, substituam o que está por algo de pior ainda!
Neste particular, apenas as democracias, pela iniciativa estratégica, estão aptas a encontrá-lo ...
Que se acautelem as autocracias mas ... as democracias também!
Não, não é uma ameaça que aqui deixo, antes tema urgente, candente de reflexão ...