quarta-feira, 12 de janeiro de 2011

ESPIRAL

Diana, DNA

A realidade tem tantas faces e esquinas que, à medida que a vamos abordando, ela vai-se revelando muito mais como cilíndrica ou esférica, espiralística do que como um poliedro.
Reflexo da nossa própria matriz ...
As faces são tantas e tantas, desdobram-se de tal maneira, que a realidade se vai confundindo, na profusão de camadas em que se sedimenta, com a própria Terra.
Com o esférico do planeta Terra!
Com o movimento das esferas onde não há esquinas nem faces, apenas o rotativo e o transláctico, a galáctica vertigem universal.
A espiral do Universo ...
O curvilíneo transversal da escrita que me induz ...
Que ultrapassa o convencionalismo estabelecido.
Que grita que nada se resume ao que estratificado está e que tanto se tenta isolar em planos, alíneas, disciplinas, dimensões estabelecidas.
Que a realidade é muito mais vasta do que o convencionado e que sempre se tenta isolar do resto como se o resto não fizesse parte integrante do próprio convencional estabelecido.
Como se tudo não estivesse relacionado na interdisciplinaridade, na transdisciplinaridade que a abordagem do real, cada vez mais exige.
Como se, em décalage com as exigências da modernidade, alhos não tivessem a ver com bugalhos nos atalhos que os recompõem diante da complexidade geral.
Como se, quando falamos de Deus, na unidade indivisível do real, uns e os outros, nós todos não fôssemos, também, mais do que o somatório, a potência de todos os eus quais astros, elevada à infinita quantidade deles mesmos.
Como se o sonhado não fizesse parte do real e dele devesse ser alheado ou o conhecimento sensível, indutivo, devesse estar divorciado, à viva força, do dedutivo, divórcio contra o qual são as próprias ciências exactas a alertar ou de como a arte não pode ser apartada do conhecimento dito exacto que já se sabe que o não é!
Como se a escolástica devesse continuar a prevalecer numa obtusa obstinação a perder, aceleradamente, o sentido.
Como se ... mais cegos fôssemos do que a própria cegueira geral ...!
Não sendo uma amálgama indiferenciada, é claro e nunca é demais frisá-lo que, na realidade, há nela esferas próprias e hierárquicas de intervenção que importa, sobremaneira, preservar e salvaguardar, separar mesmo, mas umas e outras não deixam de, na sua indivisibilidade, interagir entre si e entre si com o todo.
Inevitável como a gota que na água se mistura com todas as outras!

a Malangatana, a profundidade pictórica de um continente e a Victor Alves, entre aqueles que verdadeiramente merecem uma referência póstuma e o respeito geral


Beyondness


Jaime Latino Ferreira
Estoril, 12 de Janeiro de 2011

Malangatana

9 comentários:

manuela baptista disse...

arredondam-se as esquinas

a volta ao mundo seria impossível com a sua existência pontiaguda

assim

os barcos na realidade dos sonhos
levam-nos onde nós queremos ir

para dentro de um quadro ou de uma História

manuela

Menina Marota disse...

"...Como se ... mais cegos fôssemos do que a própria cegueira geral ...!..."


Deixo um abraço neste iniciar de ano, triste com o desaparecimento de Malangatana

Jaime Latino Ferreira disse...

MANUELA BAPTISTA


Os barcos levam-nos para dentro de um quadro ou de uma História ... para dentro da realidade!


Jaime Latino Ferreira
Estoril, 13 de Janeiro de 2011

Jaime Latino Ferreira disse...

MENINA MAROTA


Querida Amiga,

Um beijinho e um bom ano pesem todos os desaparecimentos cuja memória permanece viva!


Jaime Latino Ferreira
Estoril, 13 de Janeiro de 2011

Jaime Latino Ferreira disse...

REAL I


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Jaime Latino Ferreira
Estoril, 13 de Janeiro de 2011

Jaime Latino Ferreira disse...

ESTUDO


Passados quase dois dias, recorro uma vez mais a esta caixa e como, amiúde, tem acontecido ao longo da vida deste meu blogue, nela faço um esboço, estudo, rascunho de um texto que, eventualmente, irá preencher nova página que a esta se seguirá.

Saco à viva força das palavras, oiço-as e aqui as digito mais ou menos ininterruptas, mais ou menos reticentes e vou formatando-as em periodos sem ideias pré-concebidas.

Paro aqui, paro acolá e, aos soluços, à matéria da escrita vou-a vomitando.

Por vezes, tenho a sensação de que o filão se esgota o que, invariavelmente me angustia mas hoje não, apenas prossigo neste exercício num tira-teimas como quem previne engulhos, ansiedades a evitar.

Volto atrás, corrijo esta e aquela palavra, esta e aquela expressão e prossigo já com outro ênfase.

Paro de novo, no exacto momento em que o escrevo paro de novo.

Fico à espera ...

Abro outra janela e ponho o tema Beyondness, de John Barry a tocar em música de fundo, aquele que nesta Espiral acabei por escolher quando desejaria antes ter colocado um outro, aquele outro de Out of Africa do mesmo compositor!

E sigo no encalce da música das palavras ...

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em memória das vítimas das terríveis intempéries na região do Rio de Janeiro, na Austrália e no Sri-Lanka e de outras, de outra ordem de grandeza não menos terrível, como na Tunísia e na Costa do Marfim

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Jaime Latino Ferreira
Estoril, 14 de Janeiro de 2011

Jaime Latino Ferreira disse...

REAL II


19 634 = + 60 visitantes!


Jaime Latino Ferreira
Estoril, 14 de Janeiro de 2011

Branca disse...

Olá Jaime,

Tarde que cheguei aqui mas ainda a tempo de me envolver nesta espiral de DNA. Passei por ela tantas vezes, mas só agora pude mergulhar na realidade esférica e vasta, ela própria uma espiral de diversidades enriquecedoras.

Estou consigo meu amigo, em todas as homenagens aqui prestadas e em todos os países aqui lembrados nos dias infelizes que atravesam.

Deixo-lhe um beijinho
Branca

Jaime Latino Ferreira disse...

BRANCAMAR


Querida Amiga,

Acaba de dar o impulso que me levará, de seguida, a publicar o rascunho que aqui esbocei!

Obrigado e um grande beijinho


Jaime Latino Ferreira
Estoril, 15 de Janeiro de 2011