terça-feira, 27 de janeiro de 2009

V Série

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O SÓTÃO DOS AVÓS

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No sótão dos avós cabe tudo

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Cabe um majestoso café
Com uma ópera lá dentro
O Cavaleiro da Rosa
Na decadência aterradora
De impérios nacionalistas
-.-
Na encruzilhada de todos os chauvinismos
-.-
Toda a lembrança do que teria sido
E já não é
Ou nunca foi
Mas que na música e pela palavra
Se transfigura em algo mais
Como uma rosa
Na nobreza dos gestos
E das vozes
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De espinhos adelgaçados
Limados pelo tempo
E recriados
De odor cheio
Que ao sonido da orquestra
Nos transporta a outro tempo
-.-
Saudade de um tempo que não tendo sido
Porque era cedo
Mas sempre desejado
Chorado está para vir

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Um tempo melhor
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Jaime Latino Ferreira
Estoril, 27 de Janeiro de 2009




6 comentários:

Anónimo disse...

Queridas e Queridos comensais,


Já cá estou à Vossa espera ...

Se o quizerdes, juntai-Vos à minha mesa!


Jaime Latino Ferreira
Estoril, 27 de Janeiro de 2009

Anónimo disse...

Eu bem te digo que estás sempre cheio de pressa...

Nem me deste tempo de tomar um cimbalino e matar saudades da luz desse majestoso café!

Manuela Baptista

Anónimo disse...

POIS SE O TEMPO ME FALTOU

Pois se o tempo me faltou, chegou a hora de fechar, apagaram-se as luzes e na penumbra eu, recalcitrante, ainda agaurdava por ti ...!

Até que chegaste e todo o tempo do mundo me sobrou.

Sobrou para te cantar, voltando atrás e uma e outra vez, na tua mão te peguei e pela chuva, cantarolando baixinho, regressámos os dois a nossa casa.

Eu sei que tenho pressa como sei que disso, as nossas amigas, amigos todos não têm a culpa!

Mas bastou ver-te chegar para saber que contigo, o mundo todo está connosco ...

... e desde quando é que, à hora do fecho, noite dentro, te dignas tu tomar um cimbalino curto ou longo, meia de leite ou um descafeinado tão só!?

Para que queres tu a luz desse maravilhoso café se toda ela a transportas sempre contigo!?

Um beijo do tamanho do mundo banhado pelo teu sol

Jaime Latino Ferreira
Estoril, 28 de Janeiro de 2009

Anónimo disse...

Conversa de Café

Com palavras tão lindas dá-me a insónia e passo a beber café...

Para quem não sabe: adoro café! Do cheiro pela manhã, da textura, do sabor e da história.

Pelo café fizeram-se e desfizeram-se vidas, escravizaram-se outras, o mundo recuou e avançou!

Mas apenas o bebo de manhã, muito, numa caneca grande, deliciadamente!
E então se nele mergulharmos uma "prata" da pastelaria Garrett do Estoril...

Manuela Baptista

Ana Cristina disse...

Uhm, cheira a café acabadinho de chegar à nossa mesa na Garrett.
Cheira a cimbalino curto em chávena escaldada tomado numa mesa redonda com pé de cabra no Magestic.

Cheira ao café que também eu adoro beber, como a minha amiga Manuela, em caneca alta devagarinho pela manhã junto à minha janela da cozinha com vista para o nevoeriro do rio Douro.

Calma,Jaime, que o café deve saborear-se gota a gota, grão a grão, como se vivessemos todas as vidas que com ele se cruzam ou cruzaram, como se com ele bebessemos a nossa própria vida.

Calma,Jaime,não se apresse que o ambiente na Garrett e no Magestic a ela convidam e ninguém o vai empurrar, mesmo que delicadamente, para que abandone a mesa ou consuma algo mais do que já pediu.

Resisti a interromper o diálogo apaixonado entre a lua e o sol, mas por um cimbalino achei que devia intrometer-me na conversa intimista entre ambos ;)

Acho que vou tirar um cafézinho ali à cozinha pois que o cheiro paira nos sentidos virtuais tão forte que apetece...

Volto já para ver se acompanho a pedalada do Jaime!!!

Ah, esse tempo que já foi de sótão dos avós,
sem pressas,
sem tempo,
sem regras,
que não fossem as da imaginação e do sonho!

1 abraço.
Ana Cristina

Anónimo disse...

RODEMOS POIS

E tarde e a más horas, lá apareceram ...

Mais vale tarde do que nunca.

Rodemos pois, continuemos este diálogo na página seguinte, já que o Majestic não Vos basta e talvez Glenn Gould me acalme ...!?

Venham daí

Jaime Latino Ferreira
Estoril, 28 de Janeiro de 2009