http://www.youtube.com/watch?v=AaMST_hNUVQ
-
Um dia, o Bom Deus acordou mal disposto.
Durante toda a noite um diabinho maldoso e impertinente tinha-o massacrado com as asneiras e disparates a que os Humanos tinham sucumbido graças às suas tentações.
“Estes Homens estão a precisar de uma lição! Andam vaidosos, conflituosos, invejosos e caprichosos! Vou separá-los uns dos outros e assim talvez aprendam alguma coisa.” disse o Bom Deus.
Criou então os rios que separaram as margens, os desfiladeiros que separaram os montes, as colinas que separaram as aldeias e os mares que separaram os continentes.
Os Homens ficaram baralhados e entristecidos, pois já não conseguiam andar a direito.
Para cultivar os campos, visitar os amigos, viajar ou simplesmente passear, eram obrigados a dar voltas e mais voltas e às vezes acabavam mesmo por se perder e nunca mais encontravam o local de origem!
Mas os Homens vaidosos, conflituosos, invejosos e caprichosos eram também humildes, bondosos, inteligentes e criativos.
E para ligar as margens, os montes, as colinas e os mares desenharam e construíram pontes.
Para as tornar mais belas, pintaram-nas em quadros, cantaram e contaram as histórias de quem as atravessou, para as eternizar escreveram versos em livros de ouro e para as celebrar dançaram.
Assim os homens tornaram-se arquitectos, pintores, contadores de histórias, músicos, poetas e bailarinos.
E o Bom Deus disse “Estes homens surpreendem-me, perante as dificuldades criam pontes e aproximam-se, vou olhar para eles de outra forma!”
A partir desse dia não houve mais diabos impertinentes que o fizessem acordar mal disposto.
Manuela Baptista
Estoril, 6 de Abril de 2009
-
( Publicado aqui e de surpresa, texto extraído da caixa de reflexões anterior e com esta ária de Mozart, Alma Grande e Nobre Coração, Köchel 578, dedico-a a minha mulher )
JLF
-
7 comentários:
O Diabrete das Cartas
Baralha
Acaricia
Espalha
Dá
Tira
Torna a dar
Faz batota
Brinca com o destino
Pragueja com os anjos
Impacienta-se com os velhos
Resmunga com as crianças
Odeia selos
Cavalga nas madrugadas
O Ás de Espadas
Manuela Baptista
Estoril, 6 de Abril de 2009
Este diabo ou anjo, estava junto de Francesca e de Robert e das suas belíssimas Pontes.
MB
Vou tentar semear uns sorrisos hoje!
PADRE NUNO
Com ou sem diabretes ou joker, venha daí Meu Querido Amigo!
Jaime Latino Ferreira
Estoril, 6 de Abril de 2009
Sementes
A terra também pode morrer de solidão.
Se não for cavada, se não for plantada, se não for regada.
Se sobre ela não se contruirem pontes, casas,templos, fontes.
E quando um homem bom, semeia nela sorrisos, os continua a regar e a podar, transforma os outros homens em rios de risos.
Para o P.Nuno e as suas sementeiras.
Manuela Baptista
Depois de um fim de semana passado em terras alentejanas de Castelo de Vide, envio um grande abraço de uma cidade ligada a outra por 6 pontes.
Nem sempre a quantidade de pontes reflecte a qualidade da comunicação e do diálogo!
Eu gosto muito de pontes.
São um desafio e sempre uma surpresa porque nunca sabemos o que vamos encontrar na outra margem.
Os homens são fazedores de pontes e ainda bem que Deus achou que devia olhar para nós com mais atenção.
Pena que nem sempre utilizem as obras que fazem com respeito pelos princípios e necessidades que as sustentaram.
Espero que estejam bem.
Por aqui uma chuvinha morrinhenta escureceu o dia e a notícia que chegou de Itália, remete-nos mais uma vez e sempre à nossa insignificância face à força da natureza.
Beijinhos.
Ana Cristina
Pelos que partiram
Às vezes a Terra é caprichosa, como uma senhora gorda e feia sentando-se ruidosa e descuidadamente sobre as flores do seu jardim, esmagando-as reduzindo-as a nada.
Somos pequenos e frágeis e a previsão das coisas ainda não é o nosso forte. Mesmo que a ciência avance muito, haverá sempre um momento em que a natureza seguirá o seu curso.
Há muitas formas de se ser crucificado e esta noite Aquila encontrou a sua Paixão e Morte.
Esta noite o Bom Deus acordou mal disposto...
Estamos bem Ana Cristina e a chuvinha também nos visitou. Mas estamos vivos e tivemos a sorte de a sentir.
Manuela Baptista
AQUILA
REGIÃO DE ABRUZZO
ITÁLIA
Ó morte que rondas por aí
No medo que destrói
Vidas e bens
As pontes que custaram a erguer
A História que conténs
Que agora ferida
Em cicatriz profunda
Nos lembra a nossa fragilidade
Na solidariedade que cresce
Verdadeira medida do Homem
E me faz
Inconsolável
Chorar
Jaime Latino Ferreira
Estoril, 6 de Abril de 2009
Enviar um comentário