domingo, 5 de abril de 2009

PONTES

Liga, às variações, um tema único que nelas ressurge sempre transfigurado nas pontes que ele cria fazendo-as, em simultâneo, divergir e convergir em camadas sobrepostas.
O tema diz, canta sempre o mesmo e vai-se, progressivamente, repetindo à exaustão mas sempre acrescentado de perspectivas de diferentes intensidades que o fazem ressoar cromático e diverso no dégradée que vai do branco ao negro.
Como um fresco de patrícia romana que em Pompeia, subterrado pelas cinzas do Etna e pelos sedimentos da História que dela divergiram e se expandiram, acaba por ressurgir fulgurante como se o tempo não tivesse passado por ele.
Como se dita uma palavra, uma apenas, esta se replicasse diversa na babel linguística para estar, afinal, sempre a dizer a mesma coisa, reforçada porém e com todo o relevo, viva, de todas as outras.
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Jaime Latino Ferreira
Estoril, 5 de Abril de 2009

9 comentários:

jaime latino ferreira disse...

PONTES DE UMA PATRÍCIA


Em ti, Patrícia, homenageio todas e todos os que me lêem e sobretudo aquelas e aqueles que dando passos adicionais, aqui se colocam numa posição pró-activa que os leva a declararem-se meus seguidores, seguidores do blogue, entenda-se (!) e a interagirem nesta caixa com as suas reflexões.

Um fresco de pompeia transporta até aos nossos dias toda a luminosidade do passado;

As pontes da cidade de Praga, ainda a cidade de Praga (!), simbolizam os diálogos que se estabelecem entre as margens de um rio que corre e que às margens as banha, liga e que entre si se alimentam em infindáveis variações que lhe dão cor e forma, substracto.

Logo também, preenchendo o passado de futuro!


Jaime Latino Ferreira
Estoril, 5 de Abril de 2009

jaime latino ferreira disse...

YES WE CAN


East and West

North and South

Let's go and do it


Jaime Latino Ferreira
Estoril, 5 de Abril de 2009

patricia disse...

Caro Jaime! Agradeço muito a homenagem e retribuiria da mesma maneira, se tivesse o mesmo talento.

Achei interessante, como sempre acho, a reflexão em torno do nome. Acredito que os nomes não são dados ao acaso, assim como nada do que nos acontece é resultado do acaso.

Sou uma grande admiradora da cultura clássica e encontro a luz para muitas obscuridades da existência nesta época do passado. Também gosto de ser ponte entre as margens, só aparentemente opostas, porque acredito que tudo, mas tudo, pode estar relacionado.

Obrigada pela musica e pelas palavras!

manuela baptista disse...

Ligação

Um dia, o Bom Deus acordou mal disposto.

Durante toda a noite um diabinho maldoso e impertinente tinha-o massacrado com as asneiras e disparates a que os Humanos tinham sucumbido graças às suas tentações.

“Estes Homens estão a precisar de uma lição! Andam vaidosos, conflituosos, invejosos e caprichosos! Vou separá-los uns dos outros e assim talvez aprendam alguma coisa.” disse o Bom Deus.

Criou então os rios que separaram as margens, os desfiladeiros que separaram os montes, as colinas que separaram as aldeias e os mares que separaram os continentes.

Os Homens ficaram baralhados e entristecidos, pois já não conseguiam andar a direito. Para cultivar os campos, visitar os amigos, viajar ou simplesmente passear, eram obrigados a dar voltas e mais voltas e às vezes acabavam mesmo por se perder e nunca mais encontravam o local de origem!

Mas os Homens vaidosos, conflituosos, invejosos e caprichosos eram também humildes, bondosos, inteligentes e criativos.

E para ligar as margens, os montes, as colinas e os mares desenharam e construíram pontes. Para as tornar mais belas, pintaram-nas em quadros, cantaram e contaram as histórias de quem as atravessou, para as eternizar escreveram versos em livros de ouro e para as celebrar dançaram.

Assim os homens tornaram-se arquitectos, pintores, contadores de histórias, músicos, poetas e bailarinos.

E o Bom Deus disse “Estes homens surpreendem-me, perante as dificuldades criam pontes e aproximam-se, vou olhar para eles de outra forma!”

A partir desse dia não houve mais diabos impertinentes que o fizessem acordar mal disposto.

Manuela Baptista

jaime latino ferreira disse...

AINDA SOBRE PONTES


Patrícia simboliza ainda a Cidadã ou o Cidadão que se obstina em lançar pontes entre as margens, dos mares, dos rios, dos relevos geográficos que aqui simbolizam, por seu lado, os obstáculos e que, ao contrário de quantos que diante do mais pequeno deles logo afirma ser insuperável logo se obstinando em cavar divisões e acirrando as conflitualidades num Mundo que se as precisa e não dispensa são para que sejam superadas e não o contrário e que não mais se compadece, dilacerado (!), com estéreis divisões.

De que adiantam as políticas de terra queimada?

Destroem-no ainda mais!

De que adianta o anti-institucional anárquico e sistemático?

Arrasam, ainda mais, o património que é comum para não dizer que sequestram numa semi-clandestinidade os representantes legítimos que elegemos!

Como se explica uma morte?

Nunca se explica mas quando se empunham armas, o que esperais?

Um passeio impune pela avenida ...!?

Façam variações que dentro dos cânones encontrareis infindo um campo fértil!

Surpreendei-nos pois!!!


Jaime Latino Ferreira
Estoril, 5 de Abril de 2009

patricia disse...

Olá Manuela!

Gostei muito do seu mito.

Patrícia Pontes

manuela baptista disse...

Patrícia ou A Importância dos Nomes

Gostei do mito e gosto de mitos!

Segundo o mito da criação dos povos aborígenes australianos, era percorrendo os trilhos sagrados e dando nome às coisas que elas eram criadas. Nomeavamos uma árvore e a árvore era criada, nomeavamos um rio, e o rio era criado e por aí fora até ao ser mais pequeno e invísivel.

Daí a importância dos nomes, porque se o nome não é apropriado é assim como um erro da Criação e pode originar um ser ou objecto menos completo.

Seja bem vinda, Patrícia.

Manuela Baptista

patricia disse...

Caríssimos,
obrigada pelas boas vindas à blogosfera.
Concordo com o Jaime, também acho mais interessante e criativo reconstruir a realidade, aproximar o que está dividido, aperfeiçoar o que está incompleto... e assim encontrar o sentido das coisas e dos estados de coisas.
Patrícia

jaime latino ferreira disse...

PONTES DE ENTENDIMENTO


Ora assim mesmo é que é, minhas queridas, entendamo-nos!

Quando minha mulher vir a ligação que de aqui vou fazer à página que se segue ...!

Boa noite, na paz dos anjos e no sossego de Deus para desespero dos diabretes!


Jaime Latino Ferreira
Estoril, 5 de Abril de 2009