EPÍSTOLA

Angel Boligan, Mundo en la Punta de la Pluma

-

AOS MEUS LEITORES

-

Caríssimos,

Em contextualização ao que antes escrevi, em Segundo JLF, gostaria de sublinhar, pleonasmo à parte, o contexto histórico em que as coisas como as Obras têm lugar e que quantas vezes, a esse sim e sobremaneira (!), somos tentados a escamotear, obliterar.

Para referir três, apenas três tópicos ou linhas de reflexão:

Quando se fala das Descobertas, episódio da grande Diáspora que a todos nos pôs como continua a pôr em contacto, os visados por estas sublinham que foram descobertos coisa nenhuma nem tinham que o ser, é verdade (!), mas para quem contacto com eles estabeleceu, que descoberta não terá sido que, historicamente, aos ditos descobridores os obrigou, com o tempo é certo, à constatação de que o Mundo era muito mais do que aquele que lhes era próximo e conhecido ou que teria sido nomeado nos relatos.

Por vezes, reconheço, tarde em demasia ...!

E a que revisão, nos seus apertados padrões, tal facto, como verdadeira descoberta, a Si próprios, ditos descobridores, com o tempo, os não obrigou como continua a interpelar?

Para ser rigoroso, a uns como a outros ...

Quando se fala desse Eu a que, na minha página anterior se chamará, por hipótese, Cristo, quanto não se escamoteia, aí também, o contexto histórico de uma ordem imperial em que os territórios onde a Sua saga se desenvolve teve lugar, onde um deus vivo era imperador e que impacto tremendamente Político, telúrico, o ter-se afirmado como filho de Deus e resgatador da Humanidade não terá tido à época logo percutindo-se e implusivo até aos nossos dias, os resultados estão à vista e logo também pela afirmação que, conduzindo à separação de poderes, muito embora o Sacrifício ou condenação a que voluntariamente se sujeitou e que deles não se quis arredar, O fazia, paulatinamente e pesasse a afronta ao imperador dele dizer, a César o que é de César e a Deus o que Lhe pertence.

Finalmente e remetendo para o Antigo Testamento que, ele também não pode ser descontextualizado do tempo em que terá sido escrito:

Um tempo de deuses cruéis e austeros no meio de um Deus bom aparentemente ausente e de um mundo cruel que nem por isso deixou, nos nossos dias, de o ser e onde o sacrifício humano era prática religiosa comum e tratasse-se de infanticídio, fratricídio e em todos e por demais, recorrentes casos, humano e frequente, como a História nos relata!?

Isto, apenas para Vos dizer que, se não se deve interpretar literalisticamente ou escamotear o que está escrito na sua letra, o que está escrito também não pode deixar de ser interpretado à luz dos contextos históricos sem os quais, numa visão eivada de moralismos estreitos, se lhes está a passar uma esponja por cima que torna inviável qualquer interpretação séria e aturada, madura diria eu, que para os nossos dias possa remeter valorizando a plena e metafórica, poética, religada actualidade do que então foi escrito.

Tudo, já para não falar do florescimento redentor ou catársico da música que nos últimos quinhentos anos (!?) terá conhecido um incremento até então dificilmente imaginável ...

As mais maravilhosas descobertas são sempre e em última instância, como a da música, aquelas que remetendo para nós, cada um de nós, sempre fazemos, nem que mais não seja pelo impacto que, dinâmica e faseadamente no tempo, prospectivamente em nós desencadeiam, determinando o curso tendencial das coisas, da própria História!

Vosso e sempre

-

http://www.youtube.com/watch?v=5DsLL76YQzk

-

Jaime Latino Ferreira

Estoril, 1 de Novembro de 2009