Desafiando o correr contabilístico dos dias, o rame-rame que se arrasta no sabor ácido dos números onde não passamos de estatística, o filme de terror como já houve quem lhe chamasse e onde uma implacável cortina se abate toldando espíritos e horizontes, aqui me mantenho teimoso qual balão de oxigénio ...!
Corta, corta e corta e volta a cortar, insistem economistas sapientes e qual deles julgando dizer a última palavra enquanto os políticos se assanham tentando, em vão, demarcar-se uns dos outros e enxotando para lá as responsabilidades que afinal a todos, repartidas e nas devidas proporções lhes assentam que nem uma luva, pela situação a que se chegou e tanto mais quanto no estrito discurso rasteiro dos números em que, sem que os devessem escamotear, porém, fazem, tão só, por persistir.
A todos incluindo àqueles que cultivando a oposição sistemática não deixam, de há muito, de ser serventuários de regimes, quiçá, à beira do precipício!
Corta, corta, corta por oposição a achar-se que não, que não existem obrigações internacionais a cumprir e que de há muito se adiam ou tentam camuflar, afinal, duas faces de uma mesma moeda que, qual sistema de vasos comunicantes, nos conduziu até aqui ...
Aprovem-se orçamentos restritivos e façam-se greves gerais ao mesmo tempo, sem os quais logo as segundas perderiam razão de ser, nisto se poderia resumir o paradoxo em que com cegueira acrescida se persiste para lá de toda a razoabilidade!
E neste quadro se amplia e melhor percebem todos os constrangimentos e debilidades de uma Europa sempre pronta a exigir maior bem estar, manietada por toda a ordem de corporações e interesses, de estrangulamentos também e na sistemática recusa em olhar para o Mundo envolvente e que a interpela a que a uma só voz, desejar-se-ia (!), mudasse de vida, conformando-se num olhar, simultaneamente, realista e prospectivo para o cada vez mais inadiável, o verdadeiramente Político e que parece cada vez mais ausente, omisso dos discursos.
Sim, porque é da Europa que falamos quando ao país A, B ou C nos referimos, feios, porcos e maus que o possam ser (!), já que da situação deles poderá, por arrasto, depender toda a sanidade económico-financeira de um espaço geográfico cada vez mais interligado à luz do qual e apenas à luz do qual, nos dias que correm, faz em crescendo e cada vez mais sentido falar ...!
Se exige que se fale!
Mudar de vida sem que irremediavelmente se ponham em cheque as especificidades que à Europa a moldaram, eis o desafio em que todos, europeus, refugiando-se, contudo, em tacticismos de vistas curtas, se obstinam em não querer encarar de frente ...
Em casa onde não há pão, todos ralham e ninguém tem razão!
Ou cada qual dela tem apenas uma ínfima parcela ...
... e o que resta saber é se solidários e reforçando a União nela dando, com determinação, um salto em frente, especificidade maior (!), os europeus terão ou não aprendido, politicamente, com esta lição que guardam da sua História!
À Europa ... o que lhe falta é cabeça!
-
num olhar excepcional e especificamente europeu, aquele grande espaço em que, afinal, eu me integro
-
-
Jaime Latino Ferreira
Estoril, 4 de Novembro de 2010
12 comentários:
falta cabeça e tronco
membros somos nós!
não tenho nada a crescentar...
aprovar um orçamento mau é uma coisa, o direito à indignação dos trabalhadores é outra
e à indignação pessoal também, porque há
quem veja o fundo do túnel...
manuela
MANUELA BAPTISTA
Com cabeça, tronco e membros somos nós, sem dúvida e com direito à indignação, com menos dúvidas ainda e mesmo ou por maioria de razão se vê o fundo do túnel ...
Porque se não se vir o fundo do túnel, seu fim, então, também não sobrará nada para ver!
Jaime Latino Ferreira
Estoril, 4 de Outubro de 2010
RAME - RAME I
Ao aproximar-me das 11 650 visitas, mais 100 consultas nas últimas vinte e quatro horas!
Jaime Latino Ferreira
Estoril, 4 de Novembro de 2010
Jaime
Meu amigo
E enquanto a indignação não deixar de ser um direito naquilo que somos de corpo inteiro; pessoas, gente humana e humanizada, cidadãos deste país, da Europa e do Mundo, não deixemos de nos indignar, sem disso sentirmos vergonha.
Porque vergonhoso é o que ouvimos e vemos…
E a propósito de cortar a eito, aqui em casa a Net também anda com alguns cortes, será que é já a execução do orçamento agora aprovado?!
Beijinhos
MARIA JOÃO
Querida Amiga,
O quê, os cortes já chegaram à Internet!?
Qualquer dia estamos, outra vez, na Idade da Pedra ...!
Beijinhos
Jaime Latino Ferreira
Estoril, 5 de Novembro de 2010
.
. haja.alegria, querido amigo,,, e a mestria da serenidade en.quanto pousam poeiras de um traçado corrupto .
.
. abraço.O jaime .
.
. um bom fim.de.semana .
.
. Seu amigo, .
.
. paulo .
.
PAULO
Querido Amigo,
Haja alegria ou ... lembremo-nos do Hino da Europa ...!
Essa é que é essa!!!
( e vamos lá ver se temos tempo de ir ver a colecção de arte do Millenium, aqui bem perto da nossa porta )
Um grande abraço e um bom fim de semana
Jaime Latino Ferreira
Estoril, 5 de Outubro de 2010
"E a propósito de cortar a eito, aqui em casa a Net também anda com alguns cortes, será que é já a execução do orçamento agora aprovado?!"
Queridos Amigos Maria João, Jaime,
será..?! è que também me anda a acontecer aqui em casa...muitos beijinhos extensivos à Manuela (Olá...)..!!
dulce
DULCE AC
Querida Amiga,
Espero bem que não!
Beijinhos
Jaime Latino Ferreira
Estoril, 5 de Novembro de 2010
RAME - RAME II
Vinte e quatro horas volvidas, marcando o contador 11 730 visitas, mais 80 consultas!
Jaime Latino Ferreira
Estoril, 5 de Novembro de 2010
"À Europa falta cabeça" e falta um novo modelo politico-económico que este já deu o que tinha a dar. Se bem que continua, ainda, a dar para os poucos que engordam com a fome de muitos.
Saudações
L.B.
LÍDIA BORGES
Cara Amiga,
Julgo ser esta a primeira vez que me visita ...
Seja ou não seja, seja sempre bem vinda que aqui, neste meu espaço, a engorda é a das ideias e estas são de todos e não têm propriedade!
Cordiais saudações
Jaime Latino Ferreira
Estoril, 5 de Novembro de 2010
Enviar um comentário