http://www.youtube.com/watch?v=jsmrr_70YDk
-
( Estas duas pinturas, The Refugee, em cima e The Camp, em baixo, foram criadas pelo pintor Felix Nussbaum que ao extermínio nazi não sobreviveu e Richard Strauss que aqui se perfila com a sua canção Befreit, Livre, é, em si mesmo, o paradigma de um homem espartilhado, dividido no seu tempo. Sobre as primeiras canções, o próprio endereço as contextualiza. )
-
http://www.youtube.com/watch?v=Ujcmzo7Jtks
-
Jaime Latino Ferreira
Estoril, 7 de Abril de 2009
-
Há coisas que só o tempo traz
Que não se sujeitam a sufrágio nem se escrutinam assim num somatório de avaliações que se lhe queiram atribuir
A Arte não se sujeita a uma sondagem
Um percurso individual também não
O Diálogo
esse também não é o resultado dos votos que se atribuam àqueles que o desenvolvem
como a juventude não é um desirato resultante
exclusivamente
da idade biológica
Há coisas que apenas o fruto das camadas interpostas do tempo e que se balanceiam num resultado
mistura imprevisível e estruturada
sustentável
biológica e cultural
social
permite aferir
pela mistura não contabilisável do produto que daí resulta
pela sua pujança
congruência
e na sua interactividade pró-activa
à qual se chama
a essa sim
Liberdade
Um percurso individual também não
O Diálogo
esse também não é o resultado dos votos que se atribuam àqueles que o desenvolvem
como a juventude não é um desirato resultante
exclusivamente
da idade biológica
Há coisas que apenas o fruto das camadas interpostas do tempo e que se balanceiam num resultado
mistura imprevisível e estruturada
sustentável
biológica e cultural
social
permite aferir
pela mistura não contabilisável do produto que daí resulta
pela sua pujança
congruência
e na sua interactividade pró-activa
à qual se chama
a essa sim
Liberdade
Libertação plena de realização
aferível no que se vê
cria
e que não se furta ao contraditório
mesmo se enclausurada pelas grades de uma prisão
vergada às ignomínias
aferível no que se vê
cria
e que não se furta ao contraditório
mesmo se enclausurada pelas grades de uma prisão
vergada às ignomínias
ou mesmo se o silêncio
esmagador
sobre ela se faz sentir
Que o interpreta
temerário
e ainda que este se obstine em branqueá-la
omitindo-a
E que
apesar de tudo
pelo distanciamento
mantém uma verdadeira equidistância entre as partes
na afirmação transparente
dizei que não
da Democracia
Uma voz livre
solta
folgada
ímpar
e que pese a assunção das suas convicções
se mantém
teimosa
disponível
e com direito à indignação
Que não se deixa anestesiar
e que não pára de crescer
Denunciadora dos timoratos deste mundo
Como um deus pequenino
ou um eu entre o (d)ivino e o (s)atânico
porque nenhum de nós é eticamente neutro
antes exposto
na sua afirmação
como na sua negação enquanto instituto
Até que se seja livre
todo um caminho interior tem que ser feito
que não se compadece
apenas
com interesses particulares
esmagador
sobre ela se faz sentir
Que o interpreta
temerário
e ainda que este se obstine em branqueá-la
omitindo-a
E que
apesar de tudo
pelo distanciamento
mantém uma verdadeira equidistância entre as partes
na afirmação transparente
dizei que não
da Democracia
Uma voz livre
solta
folgada
ímpar
e que pese a assunção das suas convicções
se mantém
teimosa
disponível
e com direito à indignação
Que não se deixa anestesiar
e que não pára de crescer
Denunciadora dos timoratos deste mundo
Como um deus pequenino
ou um eu entre o (d)ivino e o (s)atânico
porque nenhum de nós é eticamente neutro
antes exposto
na sua afirmação
como na sua negação enquanto instituto
Até que se seja livre
todo um caminho interior tem que ser feito
que não se compadece
apenas
com interesses particulares
egoístas
parcelares
geoestratégicos tão pouco
e ainda que lidimamente sufragados
O Mundo
diante das encruzilhadas que o interpelam
também não se compadece
Para mim
e enquanto católico
não há
talvez
melhor altura do que esta
a da Semana Santa
para recordar o Holocausto e nele todos os extermínios
aberrações da História
ou todos os guetos que têm lugar
ao arrepio do resgate libertador a que se propõe
o próprio Sacrifício de Cristo
Recorde-se
já agora
que o nazismo foi legitimado
pela vontade popular
Livre
parcelares
geoestratégicos tão pouco
e ainda que lidimamente sufragados
O Mundo
diante das encruzilhadas que o interpelam
também não se compadece
Para mim
e enquanto católico
não há
talvez
melhor altura do que esta
a da Semana Santa
para recordar o Holocausto e nele todos os extermínios
aberrações da História
ou todos os guetos que têm lugar
ao arrepio do resgate libertador a que se propõe
o próprio Sacrifício de Cristo
Recorde-se
já agora
que o nazismo foi legitimado
pela vontade popular
Livre
eu sim
sou verdadeiramente livre
-sou verdadeiramente livre
( Estas duas pinturas, The Refugee, em cima e The Camp, em baixo, foram criadas pelo pintor Felix Nussbaum que ao extermínio nazi não sobreviveu e Richard Strauss que aqui se perfila com a sua canção Befreit, Livre, é, em si mesmo, o paradigma de um homem espartilhado, dividido no seu tempo. Sobre as primeiras canções, o próprio endereço as contextualiza. )
-
http://www.youtube.com/watch?v=Ujcmzo7Jtks
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Jaime Latino Ferreira
Estoril, 7 de Abril de 2009
8 comentários:
BEFREIT / LIVRE
( Lírica de Richard Dehmel, 1863 - 192O )
Du wirst nicht weinen. Leise, leise
wirst du lächeln; und wie zur Reise
geb ich dir Blick und Kuß zurück.
Unsre lieben vier Wände! Du hast sie bereitet,
ich habe sie dir zur Welt geweitet -
o Glück!
( ... )
Não chorarás.
Calma, tranquilamente
Sorrirás e como se em viagem
Ver-te-ei e dar-te-ei um beijo de volta.
As nossas queridas quatro paredes!
Preparaste-as
E te as devolvi amplificadas no Mundo.
Oh felicidade
( ... )
EIN KOFFER SPRICHT / UMA MALA FALA
( Lírica de Ilse Weber, 1903 - 1944 )
Ich bin ein kleiner Koffer aus Frankfurt am Main
und ich such’ meinen Herrn, wo mag der nun sein?
Er trug einen Stern und war alt und blind
und er hielt mich gut, als wär’ ich sein Kind.
( ... )
Sou uma pequena mala de Frankfurt junto ao Meno
Procuro o meu dono, onde estará ele?
Carregava uma estrela e era velho e cego
E segurava-me com firmeza como se fosse uma criança.
( ... )
NOTA
As traduções ilustrativas são minhas!
Jaime Latino Ferreira
Estoril, 7 de Abril de 2009
RECLINADO
Reclinado sobre si mesmo
O personagem
Desdobrando-se pictórico
Recusando-se ao esmagamento do que vira
Na expectativa do Mundo
Mergulha na indeclinável Liberdade interior
Inviolável
Inquebrantável
E testemunha
Qual árvore majestosa
Nogueira
A sua indefectível determinação
A sua esperança
A sua fé
( Nussbaum = Nogueira )
Jaime Latino Ferreira
Estoril, 7 de Abril de 2009
Entre a fome,a dor,a humilhação e o extremínio, os poetas escreviam versos e histórias, os músicos continuavam a tocar e a cantar e os pintores desenhavam e pintavam, mesmo que fosse apenas dentro da sua própria cabeça.
A monstruosidade insuportável do Holocausto,
deve ser contada de geração em geração, porque esquecer é meio caminho andado para negar, para trair.
Os artistas eternizam e libertam a memória das coisas, mesmo através da voz de uma pequena e velha mala.
Manuela Baptista
Viva o Porto!
Espero que mais logo, a Ana Cristina esteja feliz...
Biba o Puarto!
Manuela Baptista
Desculpa lá ó Jaime, mas nem só de seriedade vive a mulher!
MB
MANUELA BAPTISTA
Minha Querida,
E o homem, o que é que tu julgas!?
Embora seja um facto que vocês estão sempre prontas para avacalhar qualquer seriedade que se queira pôr no tom geral do discurso, facto é que dado o pretexto logo nos dispomos a alinhar esfregando as mãos de contentamento.
Aliás, quem esteve a ver o jogo fui eu enquanto tu passavas apressada entre um e outro comentário que ufana te obstinavas em acrescentar ao anterior.
- Quem está a ganhar (?) perguntavas e logo seguias viagem sem te reteres!
Tens mesmo a mania!
Julgas então não ser eu capaz de no meio da seriedade a um mata acrescentar esfola!?
Esfola
Penacho
Estarola
Capacho
Aqui, caído em mim, apetecia-me rir baixinho naquele riso ressonante da Nini ...
Com que então um empate, gritei-lhe fanfarrão como quem diz ora, cá no sul, ao menos, perde-se à grande!
Jaime Latino Ferreira
Estoril, 7 de Abril de 2009
Meus queridos amigos sulistas ;)
Um Porto d'Ouro foi servido em terras de sua Magestade.
Foi lindo de ver e de ouvir as vozes em português nas bancadas.
Não ganhámos é certo.
Mas acima de tudo não perdemos,rsrsrsr!!!!
Esquecer o Holocausto nunca.
Passar a mensagem de geração em geração sempre.
Para que nunca mais aconteça.
1 abraço amigo e saudosa da vossa sempre
Nini/Ana Cristina
PASSADA A PANCA FUTEBOLÍSTICA
Gostaria de retomar ideias já esboçadas no primeiro comentário de minha mulher, nesta caixa:
De novo e sempre a Arte como testemunho.
Testemunho vivo e atrever-me-ía a dizer acutilante como alavanca contra o esquecimento, perdurável e perene.
Como ela, nas suas variáveis expressões, da lírica, ao desenho e à pintura, à música, amplifica o momento e lhe dão enchimento na teimosia do belo e por mais dura, insuportável que a realidade possa ser.
Como relatando-a a transformam em Saga, heróica Gesta e ainda que guardada numa mala, numa mala que fala ou canta ou no mar infindo de Liberdade interior que se obstina, resiliente, resistente contra o oblivion!
Como pese o esmagador insuportável do Holocausto, maior ela persistia em florir, ainda que, como escreve minha mulher, apenas dentro, no interior das suas incontáveis vítimas afirmando-se sublime e superior à negação ou à traição, traição da memória que o é de todos nós!
Como mesmo ou por maioria de razão (!?) em Richard Strauss, o anseio angustiado, apreensivo de se ser Livre se escapulia por suas mãos, ele que não era perseguido e que embora
não nutrisse sentimentos anti-semitas, dirigia o Reichsmusikkammer, instituição musical da Alemanha de então!
E como na música, nessa simbiose que ela proporciona, sobressaía o melhor que há, que pode haver em todos nós ...
Jaime Latino Ferreira
Estoril, 7 de Abril de 2009
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