A fractura
os temas fracturantes existem apenas na cabeça das pessoas que empedernidas dela se alimentam
os temas fracturantes existem apenas na cabeça das pessoas que empedernidas dela se alimentam
À minha cabeça
ao meu integral
não os fracturam
Há muito mais para lá daquilo que se vê
No que se vê
tenho todos os ingredientes que fazem de mim um homem
e tenho-o por inquestionável
Tenho também tudo
julgo
o que em mim uma Pessoa me torna
Os atributos de carácter como sejam a coragem
a presença de espírito
a preserverança
a inquestionável vontade de interrogar
de contrapor
de me indignar
de ir a contra-corrente
de Olhar o Outro
de criar e de resolver
o que faço primeiro em mim mesmo
olhando para mim e no meu incontornável percurso e desta forma
desta forma como escrevo
sem a qual se deriva à toa e sem rumo nem norte
em guinadas fracturantes que em nada contribuem para criar as condições que permitam
serenamente
colher daqui e dali
não para dividir mas para reinar a contento
sem antagonizar nem excluir
integrando
Não me mutilam
também
o que eu Sou
E o que Sou é muito mais do que aquilo que se vê
No meu Olhar
sou muito mais do que um homem
A alma é feminina
Riam-se
façam chacota ou mexerico
olhem-me de alto e com um manejo macho e convencido
pleno de prosápia
que não me intimidarão
Sou Homem
muito mais homem do que quantos
patrícios e quejandos
julgam sem ver e aos outros negam
preconceituosamente e sem sentir
afinal
incapazes
por temor ou indisponibilidade
por medo
de constatar e muito menos admitir os pés de barro em que assentam
comuns a todos
Sou homem
mulher
criança e não me o farão
ao arrepio
negar
Em nome próprio
eu rio
choro
e canto
e não tenho como
nem devo escondê-lo
Libertai Eros
fautores de crises apreensivos e temerosos
que Ele ajudará
a inspirar a família
Ai os Textos
reserva que são
a esta Luz
-
http://www.youtube.com/watch?v=iBpsPxNJWOo
-
Jaime Latino Ferreira
Estoril, 17 de Março de 2009
6 comentários:
CANÇÃO DE WESENDONCK
DORES
Ai dores amargas
Como flores murchas
E ásperas
Sem a vontade que fez
Para lá daquilo que vês
E que cravadas de espinhos
Tarjas
De luto e de fome
Não saboreiam os vinhos
Licores
De todas as cores
Que se nos dão nos caminhos
Jaime Latino Ferreira
Estoril, 17 de Março de 2009
Das Fracturas
Eu pelo contrário, já sofri várias fracturas, nada de grave que ainda estou aqui inteira e com a cabeça no lugar.
Não percebo porque é que classificam certos temas como fracturantes, pois rachas e grandes brechas existem na nossa sociedade e eu acho que deveriam ser discutidas e analisadas com seriedade.
Por exemplo, colocar um grupo de crianças e jovens ciganos num contentor, apelidá-lo de monobloco, chamar-lhe discriminalização positiva , não é um tema fracturante?
Ou é um tema só com um pouquinho de osteoporose?
E pensarmos porque é que andamos todos tão alienados com o trabalho e com as dificuldades económicas, que nos esquecemos de um filho bebé no banco traseiro do carro?
E a fractura que é ouvir um Papa declarar que não é o preservativo que vai resolver o problema da SIDA em África?
Claro que não vai resolver, já sabemos que será a fidelidade, a monogamia, e a castidade, para alguns e para os outros?! O número de orfãos da SIDA continuará a crescer e assistimos mudos a um continente moribundo?
E agora o que eu bebia, não era um licor de todas as cores porque me enjoa, mas um bom vinho tinto encorpado e levemente perfumado!
Ajudava-me a curar estas fracturas...
Manuela Baptista
«...os preservativos não são a solução para a Sida...»
No séc XXI não podemos continuar a aceitar estas vozes moribundas que entoam palavras ao acaso como se não entendessem o seu significado.
É absolutamente revoltante e lamentável.
Os deuses devem estar loucos!
Ontem o meu pai fez 81 anos (muito mais lúcido do que quem profere as palavras com que iniciei este comentário) e amanhã é o dia do Pai; no meio ficou mais um dia 18.
Acho que só me apetece uma boa noite de sono!
1 abraço para os dois.
Ana Cristina
E PARA OS OUTROS
E para os outros, aqueles que por que razões forem não guardem a monogamia, a castidade ou a fidelidade ...
E para esses outros, entretanto, que sejam punidos, naquela desastrada forma de querer intervir no que a César diz respeito, nos negócios do mundo, nas politics, de antemão pressentindo que na crise de Fé, quem quererá saber de punição divina, para mais, quando se proclama e brada aos sete ventos que Deus é Amor e, por isso, não castiga!?
Nessa hesitação em que a Igreja patina, julgando que por punir, ainda que espiritualmente, o rebanho não se extraviará e quanto aos outros ... que se danem!
E quanto aos outros ...
Já não se aguenta tanto cabotinismo político com minúscula e menos ainda tão maior apelo suicidário não apenas na cumplicidade contra a profilaxia como na constatação suicidária de um discurso obstinado e descrente, bloqueador.
A César o que é de César!
Jaime Latino Ferreira
Estoril, 18 de Março de 2009
ANA CRISTINA
Parabéns ao Seu pai e aos seus dezoito ao contrário, com muita saúde e lucidez de espírito!
Tenha um sono reparador, beijinhos
Jaime Latino Ferreira
Estoril, 18 de Março de 2009
NOTA
Escrevo tão mais à vontade o que escrevi, reforçando aquilo que disse minha mulher em E PARA OS OUTROS quanto há vinte anos e a propósito da pandemia da SIDA sugeri um leitmotiv ou palavras de ordem devidamente fundamentados, reflectidos também e em ensaio enviado aos destinatários adequados, e não com puritanos moralismos, e que rezava assim:
PREVENIR A SIDA
PALAVRA É VIDA
Jaime Latino Ferreira
Estoril, 18 de Março de 2009
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