quinta-feira, 19 de março de 2009

PAI


Pai
Tu que és
Um terço em mim
A mãe é outro e eu
Fusão dos dois
O outro ainda
Quando morreste
Uma dor fina
Física e cerebral
Senti
Num dos meus hemisférios
Como se subtilmente
A forma psicológica com que o recobrias
Biblioteca
Discreta
Delicadamente se retirasse
Fazendo por não me magoar

Pai
Fazendo por não me machucar mais
Do que a inevitável perda de ti

Pai
Que Escola
Que turbilhão de afectos
Que exigência ainda que muitas vezes incompreendida
Que amor meu

Se
Senhor
Tu és
-
-
Jaime Latino Ferreira
Estoril, 19 de Março de 2009

7 comentários:

Anónimo disse...

O Palácio de Deus

O meu pai mudou-se há muitos anos para a Casa que o seu próprio Pai, lhe tinha reservado desde o princípio dos Tempos.

Ele tinha trinta e três anos e eu tinha apenas três. Lembro-me de me lembrar, da forma como lavava as mãos, as suas mãos esguias que eu tenho o orgulho de ter herdado.

A sua história foi-me contada por quem o amava e pelas muitas fotografias que nos deixou. Um jovem alto e sorridente, com um ar extremamente moderno, com a sua Kodac a tiracolo pronto a fixar todos os bons momentos que viveu.

A importância de uma vida não se conta apenas pelo número de anos, mas pela riqueza com que essa vida é preenchida.

O meu pai esteve comigo apenas três anos, mas continuará comigo até ao dia em que me abrirá a porta do seu palácio, e me oferecerá todas as fotografias que me continuou a tirar, para que eu nunca perdesse a memória de uma vida.

Manuela Baptista

Anónimo disse...

O TEU PAI


O teu pai
Amor
Sonhou
Quando te olha
Não mais chorou

Foi o teu pai
Que te inventou
Contou tua mãe
Imagem
Bem

É o teu pai
Que de vigília
Olha de noite
Teu sono
Vai

Ele não dorme
Pai te encantou
Do seu amor
A mim
Duou

Deu-me a graça
De ter-te

Vem de teu pai
Um doce ai

Ai meu amor
Que graça entrou
Desse portal
De pai
Cantou


Jaime Latino Ferreira
Estoril, 19 de Março de 2009

Anónimo disse...

FILHO


O meu filho João levou-nos, a minha mulher e a mim próprio, a jantar fora.

Em Cascais, a um restaurante indiano do seu agrado.

Foi bom ...!

É bom estar com o meu filho assim, descomprometida, calma e serenamente.

Em conversa fluida e quente, sobre o passado e os projectos de futuro.

Do meu pai à vontade que tem em vir a sê-lo.

E, no meio das iguarias!


FILHO


Meu querido amor de pequenino
Tão grande te tornaste em teu cadinho
Tens a vontade do destino
Lavras tua terra com um ancinho

Tens deste teu pai meu querido filho
Vontade de sonhar tocar o sino
Asas com que voas de mansinho
Procuras como colher ao certo o tino

Filho meu amor eu não te enquino
Voa que a voar se faz o ninho
Mesmo se caíres eu cá te ensino

Cobre-te de panos de puro linho
Deste meu tear de fio tão fino
Que o verde da cor esperança recobre o pinho


Jaime Latino Ferreira
Estoril, 19 de Março de 2009

Westwood disse...

Um abraço a todos os pais ainda que perdidos, ausentes, fugitivos ou já nos braços do Pai.

Anónimo disse...

PADRE NUNO


Meu Querido Amigo,

Tenho-O na conta de um bom Amigo e isto porque em Si se vê a reciprocidade sem a qual a amizade não existe!

Em Si, o estímulo não é palavra vã ...

Ela efectiva-se e para tal não são precisos mais do que pequenos gestos como este e outros que ao longo dos nossos percursos que se cruzam vão estando sempre presentes.

Calcule que meu pai, nascido na turbulência da Primeira República e já na sua fase final, em 1924, nem sequer baptizado era!

Tinha, por vezes, uma truculência jacobina que nos deixava, a todos, sem jeito ...

Não foi, porém, tal facto nem a sua formação específica, que o fez, alguma vez, impedir que meu irmão e eu próprio, tivessemos tido educação cristã, católica, até crismado fui pelo Cardeal Patriarca D. António Cerejeira (!), ao encontro dos desejos de minha mãe e de minha avó, que connosco vivia, aqui, nesta Casa do Estoril, que adquiriu com meu avô que nunca conheci, permitindo, deste modo, que esta esteja a fazer setenta anos de provecta idade e onde a habita já a quarta geração, a geração de meu filho João.

Meu pai também se chamava Jaime, Jaime de Moraes Nunes Ferreira, vivia afogado nos livros da sua biblioteca, escrevia, desordenadamante, poesia, editou um pequeno livro de autor e guardo os seus poemas religiosamente.

Perceberá o religiosamente, não o duvido!

Meu Mestre, meu pai, seguramente que onde está, O guarda a Si como eu O guardo também.

Bem haja!


Jaime Latino Ferreira
Estoril, 20 de Março de 2009

Ana Cristina disse...

Mayura - Tandoori Restaurante Comida Indiana em Cascais!

Acertei?,Jaime e Manuela e João???
Tenho um palpite que sim.

5 estrelas esse restaurante onde vezes sem conta nos reuniamos com amigos, também eles apreciadores da comida indiana.

Cresce-me água na boca dos almoços buffets de domingo a partir das 13h e sem hora para terminar sempre com casa cheia e com caras já habituais ;)

Tandoori
Murgab
Caril de Gôa
Nan
Pilao rice, uhmmmm !

Boa escolha para o jantar do dia do pai.
Valeu João.

Muitos beijinhos para todos.
1 abraço especial para a Lili que escolheu o seu pai,Jaime!

(Eu também escolhi o melhor pai do mundo para a minha querida Diana!)

Ana Cristina

Anónimo disse...

ANA CRISTINA


Não, Ana Cristina, não foi a esse restaurante que nós fomos!

Esse, entretanto, transformou-se em bouffet e perdeu alguma da graça que tinha.

Nós gostamos muito de um indiano que há em S.João do Estoril, A Palhota mas o meu filho estava ansioso de nos dar a conhecer este aonde fomos, o antigo Os Doze de Inglaterra na Rua Direira que é agora um restaurante indiano cujo nome, por ora, me escapa!

Estivemos, como disse, muito bem e o ambiente é simpático ...

Darei os Seus cumprimentos a minha mãe na certeza de que escolheu bem o meu pai.

Aliás, se não o tivesse escolhido, eu também não estaria cá pelo que a escolha não poderia ter sido melhor!

Aqui, rir-me-ía agora como a minha amiga o faz, com aquele rsrsrsrsrsrs que nunca se sabe onde começa e onde acaba.

Beijinhos


Jaime Latino Ferreira
Estoril, 20 de Março de 2009