Dá-me a tua mão
não a regateies
já viste quão fui longe
não me premeies
com esse teu silêncio
que enche os ares
de um vão sombrio esgar
sem respirares
-
Não sou feito de pau
nem sou sobrado
madeiro de uma cruz
nem sou um estrado
sou força que se ergue
quando te escreve
que cai e se levanta
como almocreve
-
Por tantas já são as
milhares de vezes
em que me levanto
quando te escrevo
tal como as tuas evasivas
que fingem não me ouvir
do cadafalso
em que me dirijo a ti
sem te ser falso
-
Dá-me a tua mão
não olhes esquivo
como se nada disto
fosse contigo
o ar que eu expiro
respiras tu
não há como o dizer
sem o ser cru
-
-
Jaime Latino Ferreira
Estoril, 9 de Julho de 2009
3 comentários:
Jaime!
Quando damos a mão temos que confiar no outro.
Um beijinho
Filomena
FILOMENA
Pois é, mas se não concedermos o benefício da dúvida e por princípio, nunca a daremos a ninguém!
Um beijinho
Jaime Latino Ferreira
Estoril, 9 de Julho de 2009
DANÇa DE RODA
E eu a pensar que já te tinha dado a minha!
Mas como não existe exclusividade de mãos e estas são hábeis em tanta coisa...
Com as mãos confiamos e desconfiamos,
atamos e desatamos nós,
fazemos castelos na areia,
sombras chinesas,
penteamos o cabelo,
acariciamos,
embalamos um bebé,
escrevemos,
desenhamos
e aplaudimos.
Com as mãos se faz o bem e com as mãos se faz o mal.
Porque também há mãos que magoam, matam, amaldiçoam.
Quando estamos preguiçosos, as mãos, que não podem estar quietas, pegam em farinha e açúcar e fazem deliciosos quadradinhos de manteiga que fazem lembrar a infância e o consolo de um bolo derretido em chá...
Obrigada ao Jaime,
por nos recordar como é bom dar a mão.
Obrigada à Filomena,
pelas mãos que constroem momentos doces.
E não há mais ninguém aí que tenha mãos?
Manuela Baptista
Enviar um comentário