Se o vazio é assim, como será o cheio?
Se escrevi o que escrevi sentindo-me vazio, espremido, ressequido, o que escreverei eu num contexto exterior e interiormente mais favorável?
Se não me rendo e persisto diante das adversidades, como reagirei eu numa situação mais propícia?
Calar-me-ei!?
Extinguir-se-á a veia!?
Acomodar-me-ei!?
Não me parece ...
A situação só se torna favorável quando no reconhecimento, sem perder a acutilância e eu escolhi, por livre opção (!), um caminho solitário, ele é e sê-lo-á na primeira pessoa do singular que, embora se possa e deva rever e revê no seu plural, não abdicará do olhar crítico que desenvolveu e que acrescenta valia nesta rodagem de vinte anos que o calibrou, só se torna favorável, escrevia, quando no reconhecimento se amplificar.
Nem de outra maneira tudo o que me permitiu fazer chegar até aqui teria feito qualquer sentido ...!
O cerco que montei na sedução que empreendi, desarmar-se-ia, abriria brechas, engolir-me-ia!
Escrevo-Vos, agora, de A a Z e por muito que possa parecer que não ...
Mas, se a Ti te escrevo há outros destinatários implícitos, escondidos e silenciosos, under siege diria, a que me dirijo também, a que sempre me dirigi.
Neste registo, o registo que nestas páginas se vai desenvolvendo no meu blogue, sigo, em coerência, tudo o que escrevi antes mas que aqui não posso reproduzir e que ficou salvaguardado para trás, porque escrito não nega o que agora escrevo embora agora obrigue a situar-me num outro patamar e isso, por uma razão muito simples:
Tu és um destinatário mais indefinido, mais universal e abstracto, virtual talvez e, portanto, no rigor desta interacção que entre Ti e mim próprio se vai desenvolvendo, impossível seria repetir-me ou reproduzir o que antes e mais complexa e profundamente escrevi, sistematizei!
Isso seria não ter em conta, nem a Ti nem à natureza deste suporte.
Há coisas que pela natureza de um blogue não se podem escrever como antes o foram escritas e no impacto que não apenas provocaram, mas continuam a fazer ressoar...
E tanto mais inócuo seria este meu blogue quanto Tu não ajudasses a situar-me!
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Jaime Latino Ferreira
Estoril, 2 de Junho de 2009
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