Dor psicológica e dor física ...
Não pensem que vou pô-las nos pratos de uma balança!
Conheço a dor psicológica:
Aquela resultante de muito prematuramente, no início da adolescência, com a mudança natural da voz, me ter sentido desprovido daquela que para mim era a ferramenta mais sublime que possuía, a voz aguda de criança que agilmente dominava, o que me levou a sentir, agora o sei dizer apropriada e literalmente, passado, com que precocidade (!), à reforma compulsiva por exaustão de recursos até um dia, muito mais tarde, ter descoberto a escrita;
A dor resultante da percepção da traição política;
A dor resultante de rupturas amorosas, algumas delas de tal intensidade que só Deus sabe;
A dor provocada por méritos não reconhecidos, nalguns casos mesmo reprimidos, académicos ou profissionais e que têm acompanhado a minha vida activa sem que, todavia, tenham sido suficientes para me desmotivar do meu percurso;
A dor provocada pela partida de entes queridos, não menos irreparável;
A dor de ficar à espera de uma resposta a um qualquer documento que eu escrevo, quantas e inumeráveis vezes (!), sem que a resposta venha.
Estou a ser muito breve e esquemático na enunciação dessa dor, que desde sempre me acompanha!
Dor física.
Essa é prostrante, paralisante e deixa-nos, momentaneamente ou não, incapacitados.
Foi o que me aconteceu neste fim de semana.
Para que não se alimente boataria, mais vale ir directo ao assunto:
Ando há uns tempos já com uma infecção urinária recorrente que, de acordo com os médicos é, não só menos comum como muito mais difícil de tratar e de resolver nos homens do que nas mulheres.
Ela manifesta-se e provoca, por vezes, outros efeitos e desta vez desencadeou-me uma orquite com dores agudas que me deixaram febril e praticamente prostrado.
Tive um fim de semana alucinante e pese embora o acompanhamento médico e o de minha mulher que não me faltaram.
Ainda agora recupero ...
E vou, decidi, dar tempo ao tempo sem imposição de ritmos que não se compadecem da minha presente condição.
Ainda agora recupero ...
E vou, decidi, dar tempo ao tempo sem imposição de ritmos que não se compadecem da minha presente condição.
Dor física e dor psicológica ...
Eventualmente, ambas se superam mas não me perguntem qual delas custa mais a superar.
Uma coisa é certa, não as escamotear e delas falar, mais apropriadamente escrever e saber como fazê-lo, ajuda a resolvê-las!
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Jaime Latino Ferreira
Estoril, 13 de Julho de 2009
11 comentários:
Nossa Jaime,
que coisa horrivel amigo.
Espero e rogo a Deus que logo vc receba a cura e que os médicos sejam iluminados para descobrirem a causa desta infecção recorrente.
Quando meu marido espele cálculos presentes nos rins ele sempre tem infecção de urina, mas vc já deve ter feito todos os exames, só estou comentando. Sentir dor, seja ela qual for , é muito ruim.
Fica com Deus e melhoras.
"A dor da gente não sai no jornal"*
As dores não se colocam em pratos de uma balança, não se medem, não se julgam, não se merecem.
Vivem-se e sentem-se.
Ninguém (?) deseja a dor, mas é ela que muitas vezes, nos salva.
Existe uma doença chamada insensiblidade congénita à dor, em que as crianças não a sentindo, colocam-se em risco fazendo fracturas gravíssimas.
Também há adultos com uma mórbida necessidade de dor.
As melhoras para os doridos da alma e do corpo.
Manuela Baptista
*Chico Buarque
AINDA SOBRE A DOR
Fátima,
Há coisas piores e se, é certo, tenho feito todos os exames que a situação tem exigido, sendo ruim, a dor não deixa de dar que pensar!
Obrigado pelas melhoras que me deseja.
Um beijinho
MANUELA
Só para te dizer que se é a dor que muitas vezes nos salva é ela que também nos pode dar força!
Com todo o reconhecimento, Teu
Jaime Latino Ferreira
Estoril, 14 de Julho de 2009
FILOMENA
Minha muito Querida,
Já Lhe devia ter respondido mas o estado de debilidade deixou que, imperdoavelmente, a deixasse passar ao largo ...
O lobo vem mas manso que nem um cordeiro!
Espero que tenha lido a mensagem que destinei aos blogues com os quais, normalmente, interajo mas o certo é que nem me atrevo a abri-los.
Resolvi proceder assim porque o presente estado de saúde com tal não se iria compadecer.
Tal como desde sexta-feira passada não saio de casa, estou, neste momento, apenas concentrado nesta minha, o blogue que me ofereceu.
Estou certo que me perdoará, obrigado pelos cuidados, Seu e sempre
Um beijinho
Jaime Latino Ferreira
Estoril, 14 de Julho de 2009
Jaime!
O que se quer é que se ponha bom num instante!
E sem dores!
Beijo grande
Filomena
Ó mas não tarda vai por-se feroz, mais feroz que dez mil lobos
Outra vez beijinhos
Filomena
FILOMENA
Minha Querida
Que tal dez mil leões!?
Jaime Latino Ferreira
Estoril, 14 de Julho de 2009
Jaime
Vim deixar votos de melhoras com 1 abraço amigo.
Nini
ANA CRISTINA
Minha Querida,
Hoje, ao fim da tarde, parece que tive uma ligeira recaída o que, como vê, não me impediu nem de vir aqui, nem de editar uma nova página.
Como também vê, afinal achei possível dizer aqui do mal de estou a padecer, sem nada iludir mas salvaguardando a descrição ...
Cá vamos, obrigado, uma vez mais, pelos seus cuidados!
Um beijinho cheio de afecto
Jaime Latino Ferreira
Estoril, 14 de Julho de 2009
Olá, Jaime
Quanto a dor, estamos falados...
Sou completamente "paridinha".
Não sei se depois da morte do meu filho terei ficado mais resistente. Ainda não tive "oportunidade" de verificar.
E ainda bem porque o meu neto precisa de mim, com força e resistência para lhe pegar ao colo ou para lhe dar as duas mãos para se apoiar, agora que teima em andar de um lado para o outro.
Dor física...não é comigo.
O meu dentista poderá comprovar que mal me sento e me manda abrir a boca, não só não abro como, logo, pergunto "E então, anestesia, não há?"
Já sou sobejamente conhecida.
Da última vez que lá estive, já meio do tratamento, pareceu-me que estava a começar a sentir qualquer coisita. Levantei a mão para que parasse o tratamento e disse-lhe "Terá anestesia que chegue?".
Resposta dele "Já mandei buscar mais, ali, ao supermercado!"
Portanto, Jaime, tem a minha total solidariedade quanto à sua prostração.
Queixe-se, se lhe apetecer.
Acho que alivia.
A Manuela tem todo o ar de ser uma pessoa paciente.
As melhoras e um abraço.
Isabel Venâncio
ISABEL VENÂNCIO
Minha Querida,
Que bom tê-La, uma vez mais, por aqui!
E que bom ouvir de Sua boca que quanto a dor, estamos falados ...
Não tenho dúvidas que a minha Amiga terá ficado mais resistente e pese embora a crueza das palavras e, se quer saber, acho que lá vai tendo oportunidade de o constatar embora haja uma diferença entre constatar e admitir.
Nem julgo que Seu filho tivesse desejado que o preço que pagou não se viesse a converter em força acrescida!
A dor tempera-nos e desde que não nos fechemos numa insensibilidade sem nome, só pode reverter a nosso favor ...
Se não faz bem e se não alivia queixarmo-nos mas essa queixa deve ser sempre acompanhada pelo cuidado de não a fazermos recair sobre os outros.
Quanto à Manuela também estamos conversados!
Um grande beijinho para Si e vamos em frente, com todos os ziguezagues, avanços e recuos que são próprios dos caminhos que não se fazem sempre a direito!
Obrigado e reconhecido
Jaime Latino Ferreira
Estoril, 16 de Julho de 2009
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