Há margem entre a realidade dura dos números e a não menos dura realidade das circunstâncias singulares.
Há essa margem que metaforicamente descreveria como esta caixa, aquela em que preparo uma nova página a editar no meu blogue e onde dou rédea solta aos caracteres que se começam a perfilar em mais uma construção etérea, aquela que aqui Vos deixo ...
Etérea!
Éter ou fluido cósmico condutor da luz e do calor pelo espaço, de acordo com o Novo Dicionário Lello da Língua Portuguesa.
O que se escreve pode ser condutor da luz.
O que se escreve, pelas emoções que eventualmente transpira e transporta, pode ser condutor do calor.
E se o que escrevo é condutor de luz e calor, então, este texto que se cria, à luz e ao calor, à energia a veicula no espaço, etéreo ou virtual que seja, em margem que acresce entre as duas referidas ao início e que se expande de página para página, a elas lhes conquistando lugar, margem ou espaço de manobra e de autoridade suserana.
Há margem, há margem para mais!
E esta margem acaba por se revelar assim não tão etérea como o sonho que se sonha a dormir e que não se consegue agarrar nem fixar ao contrário daquilo que escrevo e que se fixa nesta página e prende, guarda num computador ou agarra nas mãos impresso em papel no seu, pese embora, subtil movimento perpétuo.
Há margem e essa margem convida-me a não claudicar.
E, como invariavelmente, aceito o convite!
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Jaime Latino Ferreira
Estoril, 21 de Julho de 2009
2 comentários:
À Beira
Compassando margens
e páginas
linhas rectas e curvas
sons que marginam os dias
dias à margem das horas
sombras de margear pontes
em sulcos vivos e fontes
Manuela Baptista
À BEIRA II
À beira da margem te encontrei
E te soletrei com voz de sonho adormecido
Soletrei e voltei a soletrar
Num desmaiado canto estremunhado
Que acordou sem fim no Ser amado
Jaime Latino Ferreira
Estoril, 21 de Julho de 2009
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