FARTOTE

Começa uma nova semana.

As notícias também debandam a banhos.

Analistas, comentadores, políticos e afins, tudo se apresta e pese a crise, a retemperar forças, fechando a loja das primeiras e tornando a estação ainda mais tonta do que habitualmente o é.

Invariavelmente, interrogo-me, onde estariam todos eles, todos esses veraneantes de última hora ao fim de indesarmáveis vinte anos de vigília e faça sol ou faça chuva!?

Faça doença como não!?

Que arraial é este sem verdadeira participação!?

E o estado do mundo ...!?

O ataque às emergências que se adia numa crise que se cava sem fim à vista e pesem as empertigadas vozes a sugerirem, do alto das suas imensas sapiências insusceptíveis a receber quaisquer lições, que não, que a crise já está a passar, logo quando a sentimos como nunca e quando incapazes foram, sequer, de a prever ...!

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Doutor mula russa

plebeu

que dizes tu

direi eu

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Não tenho a culpa

ó meu

pesa o encargo no bolso

que o orçamento morreu

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( e o povo que se dane

que lá os irá ter em fartote

quando voltarem a trote )

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À carga

vileza fartana

não me desarmas

badana

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Oh quixotes sem destino

sem vento

sem ar

e sem tino

sem terdes tão pouco o manejo

das artes da escrita

moinho

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Oh soberbos nos dichotes

soberanos aos magotes

a saracotearem decotes

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http://www.youtube.com/watch?v=58lPEz36e1g

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Jaime Latino Ferreira

Estoril, 20 de Julho de 2009