Leviandade é fazerem-se afirmações sem qualquer correspondência com a realidade;
É gastarem-se rios de tinta para justificar o injustificável;
Leviandade é, por exemplo, sublinhar-se a importância da cidadania e do mérito que devem ser reconhecidos, da ética republicana (!) e, depois, deles se fazer tábua rasa como se fosse um mero engodo, artifício para enfeitiçar incautos.
Não me acusem de populismo já que, trago comigo um lastro doutrinário que fala por si!
Leviandade é fazer-se um discurso de casta pretendendo torná-lo universal, tomar a árvore pela floresta ou a parte pelo todo;
Leviandade é, abusivamente, pôr-se na boca do Povo aquilo que ele não diz;
Leviandade também é alguém julgar-se munido de razão ou livre-trânsito apenas porque foi, para um qualquer cargo, eleito.
Não me acusem de antidemocraticidade pelo que acabei de afirmar já que, a minha atitude, quod erat demonstrandum, com tal irresponsalidade não se pode confundir!
Leviandade é fazerem-se insinuações soezes sem culpa formada;
Leviandade é pretender-se silenciar, escamotear, contornar com sinuosas evasivas o que aqui vai sendo escrito como se, não tendo um qualquer aval sonante ou edição de peso, tivesse menos valor, não devesse ser levado em linha de conta ou fosse equivalente a nada quando está escrito e assumido em compromisso democrático que o tempo e o que vou escrevendo o vão comprovando, sustentabilizando também.
Leviandade é sublinhar-se apenas aquilo que se vê;
É pôr o enfoque no momento, naquilo que com pretensão se julga poder reduzir a um instante ou como soi dizer-se a um sound bite balofo e sem conteúdo relevante;
Leviandade é dar-se atenção a esta página que agora edito sem ser na conjugação de todas as que estão para trás e nas leituras ou conteúdos que, do que vou escrevendo, das suas entrelinhas se subentende.
Quem esperaria, persistente e inabalavelmente vinte anos, sem partir a loiça ou reduzir a nada a esperança democrática e o respeito institucional como eu os tenho e continuarei a salvaguardar, sem me retirar do mundo tão pouco (!), na inabalável convicção da importância incontornável da palavra que se dá e na qual me fundamento?
Sem leviandade, quem ousará questioná-lo?
Quem!?
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Jaime Latino Ferreira
Estoril, 4 de Julho de 2009
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