( Conversa entre um gladiador e o autor e partindo do princípio que o gladiador seria capaz de articular com regularidade estas suas deixas ) -
O gladiador:
- Que culpa achas que tenho de valer o meu peso em oiro?
O autor:
- Óh meu caro, nenhuma, pois então (!), se não arredam o pé do pé de ti seguindo à lupa cada bufa que tu dás!?
O gladiador:
- Não me ofendas, por favor ...!
O autor:
- Não te pretendo ofender, todos nós damos bufas (!), só que uns, vá-se lá a saber porquê, levam atrás de si uma sonda, de tal maneira que até tu próprio, na agressividade de gladiador que te caracteriza, te sentes tentado a um inusitado gesto de violência incontida que à sonda a faça em fanicos.
O gladiador:
- Mas porquê, porque é que não me deixam em paz, porque é que tal acontece!?
O autor:
- Ora, porque está tudo upside down, meu caro. Por um lado, as autoridades, cinzentinhas nos seus trajes de mestres-cerimónia, propagam as virtudes da formação, bem sei que tens a tua própria na ponta dos pés, mas quando elas falam é das intelectuais que se agastam a repetir no discurso mas, por outro, sendo elas representativas, o que prepondera é a força insuperável, pelos vistos, que a mediatização e o mercado têm e que te persegue, saloia e ávida de escândalo, concupiscente mesmo e na tara cada vez mais incapaz de se dedicar à investigação séria fazendo de ti um mito que não duvido que sejas mas que se alimenta do que, desculpa-me, de mais desértico na hierarquia de valores há ...
O gladiador:
- Mas tenho os meus méritos, não tenho!?
O autor:
- Tens concerteza, em terra de deslumbrados quem tem bom pé im(pé)ra!
O gladiador:
- Imperador, eu, como, como se nem sequer percebo, minimamente de política a não ser no que ela se aproxime da estratégia em campo!?
O autor:
- Bom, saber de estratégia e em campo que seja, já é saber alguma coisa de política ...
O gladiador:
- Não, não, não me mandes para cima com tal responsabilidade!!!
O autor:
- Não sou eu que mando, são os factos, que de tão invertidos se figurarem, arredam a Cultura, em sentido lato e a Política por demais, para as urtigas!
O gladiador:
- E ...!?
O autor:
- E, nesse basbaque ofuscante e mediano em que se gira e em que nos afundamos enquanto brilhas, que haja alguém (!), desde quando a quem por sua conta e risco, estruturado e de discurso articulado, sabendo esgrimir com as palavras, arte superior da Política, lhe é reconhecido o mérito que tem e que merece!? Tu mereces a fama que tens e não sou eu que te retiro o mérito subjacente, mas a mim, diz-me lá, que peso valho eu em oiro?
O gladiador:
- Tu ... eu estou, de facto, para aqui a falar contigo mas, na verdade, eu nem sei quem tu és!? Vales (!?) ... o quê!?
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NOTA À MARGEM
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Trago no meu coração as vítimas do acidente aéreo do avião da Caspian Airlines
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Jaime Latino Ferreira
Estoril, 15 de Julho de 2009
3 comentários:
Os novos gladiadores ou os velhos senhores?
O Gladiador é um escravo ou um Senhor?
É vendido, mas deixa-se vender, gosta da fama e do proveito, é explorado, perseguido pelos Paparazzi, chateia-se, mas se estes não aparecem também se chateia.O Gladiador é um chateado.
Também há autores insuportáveis, deuses e senhores da verdade que destroem em arenas bajuladas. Escrevem romances ao metro e elevam estátuas ao peso.
Mas o Autor, causa primeira de uma coisa é discreto, intenta a demanda,inventa, constrói.
Isto é o que eu sei.
Manuela Baptista
Digo poucas palavras:
Caro Autor, sempre bom naquilo que pensa, naquilo que nos transmite, escrevendo...
Obrigada
MAGA E MANUELA
Obrigado, minhas queridas!
Jaime Latino Ferreira
Estoril, 17 de Julho de 2009
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