sábado, 25 de julho de 2009

MULTIPLICAÇÃO

O que é que vale mais, multiplicar números ou palavras?
Em certo sentido esta é uma falsa questão já que a multiplicação dos números, simbolizando a racionalização matemática, o raciocínio abstracto é molde sem o qual impossível se torna organizar as palavras na sua multiplicação produtiva, fecunda.
Mas, posto este considerando, a multiplicação das palavras é verdadeiramente factor incontornável de riqueza sem o qual, aliás, a Democracia não faria o menor dos sentidos.
Escrevo sempre na esperança de que o que escreva gere interacção, operatividade e, de facto, não me posso queixar da falta delas.
Se atendermos à produtividade mais do que diária a que se sucedem as minhas páginas, raro é que no seu interior não se gere um qualquer diálogo e este é cerne, verdadeiro operador de riqueza que a Democracia, indefinidamente, potencia.
Aliás, a operacionalidade numérica, a matemática, ela também não se tornaria acessível sem a lógica que a explica e desenvolve e essa, convenhamos, exprime-se e logo a começar, pela palavra.
A matemática, tal como as línguas, é uma linguagem!
É um tanto como na música onde em simultâneo confluem, escondida e matricialmente, como suporte ou alicerce, o ritmo, matemática pura, e a pureza da arte que aos sons, pelo sentir arquitectónico, estético, os combina.
Pureza, sublinhe-se, em sentido lato.
Em todo o caso e em última instância não se pode como aqui, deixar de recorrer ao que pela multiplicação da palavra as torna, à música como à matemática, mais inteligíveis.
Como fugas ou diásporas, a palavra torna-as mais operativas, ainda mais potenciadoras e multiplicativas ...
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Jaime Latino Ferreira
Estoril, 25 de Julho de 2009

3 comentários:

jaime latino ferreira disse...

BACH


Na partitura que ilustra esta fuga de Bach e entre o que se patenteia no interior do rectângulo assinalado surgem, por ordem e em sequência, as seguintes notas musicais:

Si bemol, Lá, Dó e Si natural, tudo no terceiro pentagrama ou pauta da pequena amostra de partitura.

Na nomenclatura alemã, a nota Si bemol é um B, o Lá é um A, o Dó é um C e o Si bemol um H.

As notas assim escritas, dizem-nos e cantam-nos, portanto, o nome do compositor, Bach.


Jaime Latino Ferreira
Estoril, 25 de Julho de 2009

manuela baptista disse...

Como um Ribeiro

Assim desprevenida, passando de ondas e de faróis para multiplicações, digo que nesta dimensão bloguista se dividem as palavras.

A matemática sempre me fascinou mas de longe, embora deva admitir que sempre fui boa a multiplicar.
Isto só para dizer que este teu texto é lixado
mais as operatividades e as democracias.

Pede ajuda aos cavalheiros que as meninas foram todas de férias e muito bem e agora a mim o que me estava a apetecer era uma página sem sentido nenhum e como vês...Queres melhor a multiplicar palavras?

Manuela Baptista

jaime latino ferreira disse...

SEM SENTIDO NENHUM


( Rascunho da página que se segue )


Sem sentido nenhum
nem um
nem pum
nem toda a sorte de rum
nem bebida
nem comida
nem por saber-te ungida
aqui multiplicadas
sem norte
sem sequer terem a sorte
as palavras divididas
são autênticas parcelas
são miseráveis favelas
são sequências amarelas
são pequeninas parcelas
de uma conta por achar
são nada mais que encontrar
entre o que elas queiram dar
são toda a sorte sem corte
são as palavras meu norte
e se te revês neste porte
é porque elas na rima
estão prenhes de minha enzima


Jaime Latino Ferreira
Estoril, 26 de Julho de 2009