Fotografia de Jaime Latino Ferreira, trabalhada como pintura livre a partir de escultura de Francisco Simões, O Que Temes (?), Julho de 2010
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Há momentos, fugazes momentos, em que um arrepio gelado me percorre de alto a baixo.
Um choro lancinante emudece, então, multicolor em espectro frio a minha voz!
Que tenho eu estado para aqui a fazer!?
Que disparate pegado, interrogo-me para logo concluir que já é tarde, tarde para mudar ou arrepiar caminho ...!
No choro que assim me emudece a voz, sou assaltado pelo medo.
Um choro lancinante emudece, então, multicolor em espectro frio a minha voz!
Que tenho eu estado para aqui a fazer!?
Que disparate pegado, interrogo-me para logo concluir que já é tarde, tarde para mudar ou arrepiar caminho ...!
No choro que assim me emudece a voz, sou assaltado pelo medo.
Um medo adunco quase pânico mas contaminado de auto-controle.
Tudo se passa em fracções ínfimas de tempo que não chegam para me abalar a verbe, muito antes pelo contrário!
E logo me recomponho ...
Não Jaime, não ensandeceste, talvez mesmo seja esse o melhor sinal de que manténs a noção da razoabilidade que te fez chegar até aqui.
Como, como poderias ter perdido o pé no que, qual fiel testemunho não páras de escrever!?
Tudo se passa em fracções ínfimas de tempo que não chegam para me abalar a verbe, muito antes pelo contrário!
E logo me recomponho ...
Não Jaime, não ensandeceste, talvez mesmo seja esse o melhor sinal de que manténs a noção da razoabilidade que te fez chegar até aqui.
Como, como poderias ter perdido o pé no que, qual fiel testemunho não páras de escrever!?
O medo ...
Sendo esse arrepio o medo, ele é, simultaneamente, barómetro que me mantém lúcido.
Lúcido e presente mesmo se, por breves momentos, emudecido por um choro lancinante e dificilmente traduzível por palavras.
Dir-me-íam, então, que nunca é tarde para arrepiar caminho e desbravar outros mais ...
Mas como, como perante este rastro que vou deixando!?
E que ainda hoje me faz vibrar e desde o primeiro escrito que produzi, como se ao arrepio gelado se contrapusesse um outro choro, o choro de um canto afectuoso, aconchegante e morno que não pára de brotar decidido de uma nascente ávida de mar.
Não, não o temo e não o temendo ao medo, pinto esculpindo sequioso o que aqui, de página para página se vai erguendo!
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a propósito do que vem de trás e de uma conversa sobre o medo
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15 comentários:
mas o medo vem muito mais de trás
do princípio dos tempos
se não temessemos, não sobrevivíamos!
manuela
MANUELA BAPTISTA
O medo ...
É de nós próprios que temos medo e perdendo essa noção, perdemos também o humanismo, a nossa capacidade filantrópica, humanitária.
Jaime Latino Ferreira
Estoril, 25 de Outubro de 2010
LÁGRIMAS I
Próximo de atingir as 10 620 visitas, somo mais 90 consultas nas últimas vinte e quatro horas!
Jaime Latino Ferreira
Estoril, 25 de Outubro de 2010
"Sendo esse arrepio o medo, ele é, simultaneamente, barómetro que me mantém lúcido"
E lá está Querido Amigo Jaime,
Na verdade que bom é se formos todos autenticos barómetros que nos mantém activos e lúcidos no nosso viver..!!
Um forte abraço e um beijinho à Manuela:)
Gostei muito deste texto e dos anteriores, que li na integra..!
E a escultura é linda.
dulce ac
olá, Jaime.
Este artista é fantástico, sua sensibilidade me faz pensar na humildade de quem cria com amor.
Esta frase dele resume tudo.
"Gosto de ficar a ouvir o que dizem sobre as minhas esculturas sem saber que o artista está ali."
Renata
Com certeza seu texto é perfeito mas você já sabe que escreve muitissimo bem.
Jaime
Meu amigo
Não temer o medo é, por si só, um acto da mais evidente lucidez. Porque não o temendo, enfrentamo-lo como parte integrante do nosso humano sentir. Arrepiamo-nos, choramos e emudecemos, para seguir depois com o grito transformado em canto.
E é assim que sobrevivemos, no complexo equilíbrio que buscamos!
Um beijinho
Jaime,
Ah! o medo... havia tanto a dizer sobre o medo.
Será o medo um Adamastor? Conseguiremos algum dia dobrar o Cabo da Boa Esperança?
Beijinhos( sem medo)
DULCE AC
Minha Querida,
E de qual delas gosta mais, da escultura ou da pintura da escultura?
Beijinhos
Jaime Latino Ferreira
Estoril, 26 de Outubro de 2010
RENATA
Boa Amiga,
E que diria Francisco Simões:
Gostaria ou não de ver o que, sem saberem se estaria ou não presente, a partir das suas esculturas pintassem!?
Obrigado e um beijinho afectuoso
Jaime Latino Ferreira
Estoril, 26 de Outubro de 2010
MARIA JOÃO
Querida Amiga,
Ah ... eis o ponto!
Um beijinho e uma boa noite
Jaime Latino Ferreira
Estoril, 26 de Outubro de 2010
FILOMENA CLARO
Minha Querida Amiga,
Adamastor ...!?
Sim, se encararmos que o Adamastor somos nós e cada um de nós, na vida e na morte e na fronteira da razão.
Se o podemos dobrar a esse cabo?
Dobrar não sei mas sublimarmo-nos, seguramente!
Beijinho intimorato
Jaime Latino Ferreira
Estoril, 26 de Outubro de 2010
LÁGRIMAS II
Ao atingir as 10 720 visitas, mais 100 consultas!
Jaime Latino Ferreira
Estoril, 26 de Outubro de 2010
.
. a propósito do medo, revela.se agora o segredo .
. o Seu .
. para o sucesso mayor da substância com que nos é e ao mesmo tempo .
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. homem .
.
. corpo .
.
. e alma .
.
. uno .
.
.
. abraço.O [sem medos] .
.
. na saudade das gargalhadas estridentes .
.
. paulo .
.
PAULO
Caro Amigo,
Nem de propósito, está a sair nova página com ária de compositor de estridentes gargalhadas, a saber, Mozart!
Abraço-O e com saudades, eu também
Jaime Latino Ferreira
Estoril, 27 de Outubro de 2010
PAULO
Meu Caro e ainda,
Quanto ao segredo ele não tem coisa de maior e está contido em passagem onde escrevo que não Jaime, não ensandeceste ...
O pior dos medos, um dos piores pelo menos é podermos julgar que perdemos o juízo, o tino, a razão ...!
E essa arrepiante sensação é, de experiência feita, verdadeiramente arrasadora!
Outro e saudoso abraço
Jaime Latino Ferreira
Estoril, 27 de Outubro de 2010
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