sábado, 21 de março de 2009

ANTES DA PAUSA


I
REFORMA ANTECIPADA

Naquele tempo, Jesus subiu ao monte seguido pela multidão e, sentado sobre uma grande pedra, deixou que os seus discípulos e seguidores se aproximassem.
Depois, tomando a palavra, ensinou-os dizendo:
- Em verdade vos digo:
Bem-aventurados os pobres de espírito, porque deles é o reino dos céus.
Bem-aventurados os que têm fome e sede de justiça, porque serão saciados.
Bem-aventurados os misericordiosos, porque eles...
Pedro interrompeu:
-Temos que aprender isso de cor?
André disse:
- Temos que copiá-lo para o caderno?
Tiago perguntou:
- Vamos ter teste sobre isso?
Filipe lamentou-se:
- Não trouxe o papiro-diário?
Bartolomeu quis saber:
-Temos de tirar apontamentos?
João levantou a mão:
- Posso ir à casa de banho?
Judas exclamou:
- Para que é que serve isto tudo?
Tomé inquietou-se:
- Há fórmulas, vamos resolver problemas?
Tadeu reclamou:
- Mas porque é que não nos dás a sebenta e pronto!?
Mateus queixou-se:
- Eu não entendi nada, ninguém entendeu nada!
Um dos fariseus cretinos, que nunca tinha estado diante de uma multidão nem ensinado nada, tomou a palavra e dirigiu-se a Ele, dizendo:
- Onde está a tua planificação?Qual é a nomenclatura do teu plano de aula nesta intervenção didáctica mediatizada?E a avaliação diagnóstica?E a avaliação institucional?Quais são as tuas expectativas de sucesso?Tendes para a abordagem da área em forma globalizada, de modo a permitir o acesso à significação dos contextos, tendo em conta a bipolaridade da transmissão?Quais são as tuas estratégias conducentes à recuperação dos conhecimentos prévios?Respondem estes aos interesses e necessidades do grupo de modo a assegurar a significatividade do processo de ensino-aprendizagem?Incluíste actividades integradoras com fundamento epistemológico produtivo? E os espaços alternativos das problemáticas curriculares gerais?Propiciaste espaços de encontro para a coordenação de acções transversais e longitudinais que fomentem os vínculos operativos e cooperativos das áreas concomitantes?Quais são os conteúdos conceptuais, processuais e atitudinais que respondem aos fundamentos lógico, praxeológico e metodológico constituídos pelos núcleos generativos disciplinares, transdisciplinares, interdisciplinares e metadisciplinares?
Caifás, o pior de todos, disse a Jesus:
- Quero ver as avaliações do primeiro, segundo e terceiro períodos e reservo-me o direito de, no final, aumentar as notas dos teus discípulos, para que ao Rei não lhe falhem as previsões de um ensino de qualidade e não se lhe estraguem as estatísticas do sucesso. Serás notificado em devido tempo pela via mais adequada. E vê lá se reprovas alguém! Lembra-te que ainda não és titular e não há quadros de nomeação definitiva...
E Jesus pediu a reforma antecipada aos trinta e três anos.

( in Zimbórios a 21 de Março de 2009 )
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II
FINAL

Do meio da multidão e misericordioso, com fome e sede de justiça um pobre de espírito cego, surdo e mudo que por ali se encontrava, levantou-se contrafeito e pensou:
- Ora bolas, e logo agora que a história até estava a dar alguma pica ...!
- Reforma antecipada!?
- Então e eu que me tomam por um inútil, sem poder ver, nem ouvir e nem falar, não me poderão, finalmente, dar a oportunidade de fazer de minha justiça!??
- Ou, que é que julgam, lá por não ver, oiço como ninguém, lá por não ouvir, vejo com mais profundidade e lá por não falar escrevo com tanta oportunidade que me poderão chamar o que quiserem mas parvo é que eu não sou e se a Ele Lhe foi dada a reforma antecipada, queria lá Ele outra coisa (!), dêem-me a mim o reino que saciado, saberei dar conta do recado sem ver, nem ouvir ou falar, pela calada e na certeza de que basta de tanta alarvidade!
- Quanto ao futuro ... a Deus pertence!!!
- E quanto a Ele, ponham-se a pau e não se esqueçam do que Ele insinuou:
- Em terra de cegos quem tem um olho é rei, em terra de surdos passa o que se mima e, por isso, melhor se ouve e fica mudo quem não sabe ou não quer, escrevendo, responder!!!
Jesus descansou então e gozou da sua Reforma.

( em primeira mão, in Zimbórios de 21 de Março, na sua caixa de reflexões )

Jaime Latino Ferreira
Estoril, 21 de Março de 2009
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http://www.youtube.com/watch?v=791mA0fG0uw
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III
NO DIA MUNDIAL DA POESIA

Há vinte anos que me desdobro e sem parar numa Obra que se se quer e é poética, ela própria se desmultiplica e interage numa praxis congruente em que persisto e que me não desmobiliza.
Desde há quase dois anos que em crescendo e em rede se vai, entretanto, enraizando, agora ainda mais, por via de extensas pastas de correspondência electrónica e, depois, na blogosfera onde, de cada dia se faz dia de poesias, no plural porque assim vai acontecendo e desde o início do ano, no meu blogue, este que se Vos oferece.
Sempre entrecruzado com outros blogues que logo a oportunidade me tem vindo a proporcionar, numa fecunda e, felizmente, imparável criatividade:
Casa da Venância
Em segredo
Pintada de Fresco
Salvadorvazdasilva
Sete Mares
Zimbórios
E, ocasionalmente, Outros não menos relevantes...
Fazendo da poética dia, claridade de todos os dias!
No dia Mundial da Poesia e homenageando-a, incansável e uma vez mais, preparo-me agora para guardar silêncio, sublinhando a importância que a pausa nela tem e preparando-me para gozar, julgo que o mereço (!?), de um não menos justificado descanso.

Jaime Latino Ferreira
Estoril, 21 de Março de 2009

16 comentários:

Anónimo disse...

Dos ritos iniciáticos primaveros damos um salto e mergulhamos na Paixão segundo São Mateus e no Requiem de Mozart. Da reforma antecipada para o pleno sofrimento e glória.

Não sei se é do tempo (atmosférico) ou das celebrações do dia mundial da Poesia, mas não estou a acompanhar a pedalada.

Proponho, para amanhã um dia Mundial da lentidão, ou seja um Slow Day, bem mais importante que a slow food.

Mais para noite volto aqui de mansinho...

Manuela Baptista

Ana Cristina disse...

Uma história surreal repleta de realidade.

Jaime, a sua ironia e imaginação fizeram-me lembrar o David com o seu humor indelével mas preciso.

Um sorriso enquanto li a sua versão da vida profissional de Jesus.
Será que fez descontos para a Segurança Social, ou seria trabalhador independente!!!??

"(...)Que bebedeira!Mas no fundo
Há quem eu sou...
Uma visão anónima do mundo
Visto de onde estou

Que bebedeira!Mas que bem que vejo
Todos perder
Aquele antigo e natural ensejo
Que os faria viver...

Que bebedeira...Mas os outros são
Mais bêbados do que eu...
Porque trazem nas mãos o coração
E perguntam se é seu...(...)

Fernando Pessoa
Poemas

1 beijinho.
Ana Cristina

Anónimo disse...

O Humor é como o Amor, aproxima as pessoas.

Às vezes trazemos na mão o coração e perguntamos se é o nosso?! Não somos cegos,somos incrédulos.

Pausa.

Manuela Baptista

Nota: Jesus era trabalhador por conta de outrem. Seu Pai.

Anónimo disse...

MANUELA E ANA CRISTINA


Enquanto minha mulher se baralha entre o caos primaveril e o pleno sofrimento e glória, puxando Jesus a favor da sua classe profissional de trabalhador por conta de outrem que o era antes de estar reformada e apelando a um Slow Day sem ou com fast food e já que a slow food dá imenso trabalho (!), cumpre-me o seguinte esclarecimento a dar à minha querida amiga Ana Cristina:

A história surreal que refere, foi feita em parceria com Zimbórios, incluídos um texto da sua primeira página, Reforma Antecipada que por não estar assinado não sei se abusivamente poderei deduzir ter sido escrito pelo autor do blogue, o Padre Nuno, juntamente com a fotografia que o encabeça e que sugere um cego, um surdo e um mudo.

Apenas as segunda e terceira partes são de minha autoria, a segunda, editada em comentário a essa mesma página do blogue do Padre Nuno.

Que bebedeira, diz bem, parafraseando Pessoa!

Por isso estou de ressaca e alerto para a importância da pausa que irei fazer, não sei por quanto tempo (!?), no sublinhar da importância do silêncio tão demais corrompido nos tempos que correm e na oportunidade que me sugere este Dia Mundial da Poesia.

Que bebedeira, saiba-se ou não de quem é o coração que se traz nas mãos!

Beijinhos


Jaime Latino Ferreira
Estoril, 21 de Março de 2009

Isabel Venâncio disse...

Olá, Jaime

Nem sempre tenho tempo de deixar aqui um comentário.

1º- Porque o seu blog está sempre a fervilhar de novidades e criatividade e não é fácil acompanhá-lo à altura. Ora bem!

2º - Porque a minha actual ocupação de avó a tempo inteiro, três vezes por semana, me liberta por curtos períodos de tempo. O tempo de uma soneca do meu neto que aproveito para tratar da papa que se vai seguir ou de lhe cozer uma frutita...
E não troco por nada estes tempinhos dedicados ao Miguel!

Aprendi, infelizmente, que o tempo corre e não pára como os autocarros, na paragem mais próxima, nem no horário que nos interessa.

3º -Não tenho tempo, portanto, para articular qualquer ideia. Ao seu nível, claro!

4º - Porque sou egoísta e um pouco do tempo, que sobra, dedico-o ao David. A ler coisas, a procurar outras, a não sair do sítio, às vezes, porque a apatia e a tristeza se instalam.

Ora bem, estou a fugir do que me trouxe a esta caixinha...
Gostei de ler a "Reforma Antecipada". Quem me dera!

Mas, porque, hoje, chegou a Prima Vera e traz poesia também, queria deixar-lhe aqui um poema de que gosto muito.
Pela musicalidade, merece estar aqui na sua "Música das Palavras".
Leia alto e sinta o som das palavras. Verá como têm música.
Um abraço.
Isabel Venâncio


Retrato de Sophia

Senhora dona águia água égua
inglesa num jardim de potros gregos
mordiscando beleza rega cega
do regador de inês em seus sossegos.
De muitos anos colhes magro fruito
que depressa transformas em compota
receita tão bem feita que de há muito
nos açucara o travo da chacota.
Porém quando por vezes és de pedra
não mármore mas árvore mas dura
do fundo do teu mar levanta-se a cratera
da nossa lusitana sepultura.

Ary dos Santos

Anónimo disse...

SEPULTURA


Enterra bem fundo tua dura
Tristeza que se ergue sem leveza
Ergue a vontade que já fura
Nesse teu regaço a certeza

Levanta-a bem alto sobre a mesa
Em teus belos cantares que são a cura
Ergue tua voz com a firmeza
Inspiração sem tempo e sem secura

Bela Isabel a música sempre dura
Para lá da tua mágoa e da tristeza
Bálsamo que é filho da aventura

É respiração e a defesa
De quem por tristes vales sem travessura
Chora o que perdeu e o que endura


Jaime Latino Ferreira
Estoril, 22 de Março de 2009

Anónimo disse...

Bom dia Jaime e Manuela,

A Primavera, tempo de renovação tem destas coisas. Por vezes apetece-nos fazer uma pausa. Já somos dois.
Também eu ando com vontade de repousar, de deixar certos rituais, de experimentar outros hábitos.

Descanse então meu Amigo e volte sempre para nos fazer pensar, sorrir ou rir bem alto com os seus escritos.

Um bom domingo e uma feliz Primavera para os dois.


Filomena

Anónimo disse...

Obrigada Filomena!

A Primavera tal como as Primadonas é instável e Caprichosa! Hoje amanheceu com pausas de humidade e frescura. Boa mas o Muguet e as Frésias.

Faço então uma pausa de 2 tempos, porque a slow food que ontem preparei (arroz de pato e salada biológica)já me deu uma enorme trabalheira...

Feliz dia para todos

Manuela Baptista

Anónimo disse...

A TEMPO


A tempo paro, não nesta ou em outras caixas de reflexões mas, tão só, de produzir, por uns tempos, novas páginas no meu blogue.

Temos de saber parar, nem que mais não seja para ganhar novo e retemperado balanço!

Sei, todavia ou por maioria de razão, que se faço pensar, sorrir e rir bem alto, como o escreve a Filomena ou que se o meu blogue fervilha como, noutro passo, sublinha Isabel Venâncio, tais afirmações e outras como a do Padre Nuno quando escreveu que quem canta assim reza duas vezes (!), são paradigmáticas, num balanço que se faça já desde que há menos de três meses surgiu esta casa.

Mas é preciso, também, saber parar ou dar espaço a uma pausa de dois tempos, de mínima como o escreve minha mulher porque o ritmo também se faz e adensa, enriquece pelos silêncios que o façam crescer, enriquecer.

E assim paro, veremos por quantos dias, dois ou mais, logo se vê!

Bom Domingo a todos


Jaime Latino Ferreira
Estoril, 22 de Março de 2009

Anónimo disse...

Semínima


Volto apenas para dizer que a Primavera também é causadora de dislexias.

A humidade e a frescura são "boas para o Muguet e as Frésias"! O "mas" surgiu como um clarão sem luz, quer dizer, um apagão.

Mas o Muguet e as Frésias
Sobem-nos à cabeça
Estonteiam as ideias
Deixando-a mais espessa

Faço agora uma pausa de 1 tempo.

Manuela Baptista

Anónimo disse...

DISLEXIA


Dislexia é dizer
O que sem querer eu não estava
Ainda pronto para ver
No cruzamento que entrava

Lateralidades trocava
Norte com sul sem saber
Horizontal baralhava
Na vertical sem o querer

Da frase que queria escrever
De palavras a safava
Trocava-as mesmo sem ter

No meio de tudo o que arfava
Sem saber como esconder
O dizer que tropeçava


Jaime Latino Ferreira
Estoril, 22 de Março de 2009

Anónimo disse...

FERVILHAR


Gostei da expressão fervilhar, utilizada por Isabel Venâncio para descrever este meu blogue!

Sendo certo ser difícil ser juiz em causa, casa própria e no entanto, o que Isabel escreve corresponde ao que vou sentindo por cada um dos textos que por aqui, na primeira página ou nesta(s) caixinha, vou criando:

Entro sem ressaibo, sem constrangimentos tão pouco e sigo as palavras que intuitiva, quase espontaneamente me afloram o espírito ou aquelas, dicas e ideias que os meus interlocutores por aqui ou por aí vão deixando.

Às vezes mesmo, tentado a não seguir este método, chego a pensar ser um disparate seguir este ou aquele afloramento mas persistindo neles, logo me surpreendo, fervilhante porque o sinto (!), com o resultado final, o desfecho que inesperado, desse critério acaba por emergir.

E assim se cria diálogo reflexivo que afinal, ao destinatário lhe chega com toda a intensidade com que em mim se desencadeia e sem perdas pelo meio, sem ruído.

Será que sim!?

Oxalá ...!


Jaime Latino Ferreira
Estoril, 22 de Março de 2009

Anónimo disse...

ARTE


Tenho para mim que se elevarmos a vida ao expoente da sua beleza, seja pela palavra, pela pintura, pela fotografia e escultura, pelo cinema ou pela música, pela arte, nela instilamos uma respiração adicional que fervilhante nos estimula e encoraja, fervilhante, a prosseguirmos com outra e mais pró-activa, efectiva anima.

Tenho para mim ...!


Jaime Latino Ferreira
Estoril, 22 de Março de 2009

Anónimo disse...

MAIS UM DIA


Passou mais um dia sem editar nova página ...

Mas nem por isso deixou de ser um dia fecundo.

Tento criar alguma distância indispensável a um melhor, porque disso se trata, a um melhor discernimento, no que venha a editar a seguir.

Não gosto de escrever por obrigação a não ser aquela que deriva do que a mim mesmo me imponho por dever de cidadania ou daquele a que o fio da reflexão me vai obrigando, desfazendo nós e deslindando um processo que transcorre na meada que persigo.

Cantei hoje de viva voz:

Primeiro com os meus alunos nas aulas de expressão musical e mais tarde sozinho, no carro, de regresso a casa e num percurso que me ía tornando mais leve e pesasse o cansaço do fim do dia à medida que cantava e me aproximava do meu destino.

Quem canta seu mal espanta!

Aliviado, cheguei a casa reconfortado e em paz comigo mesmo, cantarolando ainda com minha mulher num recitativo improvisado e ao sabor das saudações que trocávamos, antes de nos recolhermos no nosso sempre apetecível remanso.

E assim Vos dou conta que não será ainda hoje que editarei nova página no meu blogue.

Quando fôr, será.

Boa noite para todos, Vosso


Jaime Latino Ferreira
Estoril, 23 de Março de 2009

Ana Cristina disse...

Boa noite e um abraço para os dois.

Eu preciso urgentemente de...
calma
tranquilidade
descanso
alegria
sorrisos
equilíbrio
confiança
.... esqueçam, devem ser os polens da Primavera.

Beijinhos.
Nini

Anónimo disse...

NINI

Minha Querida,

Essas coisas, forma de falar (!), que diz que precisa ou as encontra em Si mesma ou não estão por aí, em escaparates, prontas a serem distribuídas!

Veja:

Eu decidi parar um pouco na produção intensiva, quase vertiginosa a que estava agarrado até escrever esta página do meu blogue.

Não me arrependo do que escrevi tão intensamente, foi fecundo e profícuo mas tinha que parar e assim fiz, tinha que me impôr a mim mesmo um compasso de espera, descomprimir e distender, também em nome do que aqui, a minha Amiga me diz precisar, para não perder esses requisitos que pese a tensão que se gerou por tão intensa escrita estiveram sempre presentes mas, talvez, em risco de se estiolarem.

Impus-me a pausa e parei para ganhar tempo, tempo e espaço, reunir de novo as forças neste meu campo de batalha e prosseguir sem perca das energias indispensáveis para o fazer.

Temos que saber ouvir o nosso pulsar, aquilatá-lo para o podermos potenciar, mais ainda e sempre, se possível.

Temos de escavar em nós em busca de como reunir tudo o que diz necessitar e ainda que necessitemos de auxílio que não devemos regatear e tudo o que diz que precisa e que não é apenas uma manifestação sasonal, por muito que custe e às vezes custa, encontrará.

Encontrará e vale, oh se vale mesmo a pena!

A pena com que se escreve diminui a pena e vale a pena.

Beijinhos


Jaime Latino Ferreira
Estoril, 24 de Março de 2009